“A fera na selva”: texto de Marguerite Duras no Teatro Rivoli
Esta é a história de um affair entre John Marcher (Filipe Duarte) e May Bartram (Margarida Martinho), mas sobretudo entre o público, que assiste, e eles, que adiam a vida.
Dois atores para duas personagens em décor sóbrio, indefinido, talvez intemporal.
Explicam-nos o mundo, como Marguerite Duras costuma explicar, explicam-nos a impotência perante esse mundo, perante o amor que adiam, perante o medo que pressentem na fera que espreita, sensação que domina John, a catástrofe eminente, que os arrastará para o fim.
“A fera na selva” (“The beast in the jungle”), escrito por Henry James, em 1903, foi o ponto de partida para a autora francesa, Marguerite Duras, em 1961, fazer uma primeira versão da peça homónima, onde regressou em 1983, estabelecendo o texto que agora foi trabalhado pelo encenador.
A partir da tradução de João Paulo Esteves da Silva, o encenador trabalhou a peça, onde o seu principal interesse era o de “explorar a história do teatro, de onde vem, as questões do texto, quando se estabelece a cena ou não, quando existe teatro ou deixa de existir. Há, no entanto, uma coisa que nunca pode escurecer: o amor pelo texto, porque o teatro é ainda muito ligado à literatura, àquela que é pensada para o palco.”
O encenador conclui ainda que “este espetáculo é misterioso. Tem um enigma, sem qualquer linha de projeção do meu pensamento político, económico ou social”, até porque isso não lhe interessa, mas sim “lidar com mistérios e enigmas.”
“A fera na selva” será apresentado no Teatro Rivoli, na sexta-feira, dia 8 de fevereiro, às 21h00, e no dia 9, às 19h00.