A ternura dos quarenta de John Mayer
A 16 de outubro de 1977, nasceu, no estado de Connecticut, John Clayton Mayer. Transparecendo ainda a jovialidade que marcou o início da sua carreira profissional, são muitos os corações que vem confortando. Oscilando entre as baladas ternurentas e os solos arrebatadores, Mayer faz da guitarra a sua fiel companheira por onde perpassa. Embora perdendo vigor no seu poder vocal, o músico permanece a domar a guitarra como poucos, elaborando melodias irrepreensíveis e colaborando com outras lendas musicais, como B.B. King, Buddy Guy ou Eric Clapton. Considerado como um dos melhores músicos do século XXI, John Mayer vai muito além dos seus prediletos blues e de uma ortodoxia musical rígida, correspondendo qualitativamente às expectativas depositadas em tudo o que faz.
Filho de Richard e Margaret Mayer, John cresceu rodeado pelos seus irmãos num ambiente confraternizador e foi nesse positivo seio familiar que adquiriu a paixão pela guitarra. Ao assistir e ao ganhar empatia com o protagonista da franchise “Back to the Future” Marty McFly, o futuro músico começou a colecionar cassetes dos seus ídolos e a interpretar alguns dos seus êxitos. Fã de colossos do instrumento como Stevie Ray Vaughan, B.B. King, Eric Clapton, Jimi Hendrix, Buddy Guy, Albert King e outros, Mayer estava determinado em seguir as suas pisadas, estudando assim música na faculdade de Massachusetts. Embora a sua paixão primordial na música fosse o género dos blues, o cantor e guitarrista optou por embarcar, ainda nos seus primeiros trabalhos, numa rota mais ligada ao pop. Com esta assunção, acabou por granjear uma carreira repleta de prémios e uma grande quantidade de apreciadores do seu trabalho.
Afirmando-se também como compositor, John Mayer é um artista consensual e diversificado. Com letras acessíveis para o comum melómano, o músico associa as suas letras mais intensas e viris aos blues e ao rock mais clássico e as suas mais sentimentais e buriladas ao pop e às baladas. Concebido também como um mestre da guitarra tanto por admiradores como por colegas de profissão (entre outros, Eric Clapton e B.B. King), Mayer não é conotado como um cantor de imponente vocal mas mais de melodia e de adaptação nesse capítulo. Após uns problemas ao nível das cordas vocais, que até o forçaram a uma intervenção cirúrgica por volta de 2010, o norte-americano colocou o ênfase na conjugação dos sons e da sua voz do que na oscilação de tom da mesma. Porém, nunca viria a deixar as raízes de lado dos antigos membros dos Grateful Dead, formando o grupo de seu nome Dead & Company.
A sua discografia é diversa quanto ao género apresentado e essa multipolaridade impede que o cantor seja visto como monótono ou inflexível. Os álbuns de estúdio até hoje lançados a solo são:
- Room for Squares (2001)
- Heavier Things (2003)
- Continuum (2006)
- Battle Studies (2009)
- Born and Raised (2012)
- Paradise Valley (2013)
- The Search for Everything (2017)
- Sob Rock (2021)
Com uma vida pessoal bastante preenchida (vários romances com outras celebridades), e alguns problemas de saúde que afetaram a sua carreira, nenhuma destas circunstâncias belisca o talento e o prestígio de John Mayer. Tratando-se indubitavelmente de um dos melhores guitarristas e cantores da atual geração, o músico também apresenta currículo no que toca a stand-up comedy, à apresentação e à escrita. Apesar de militar por imensos géneros musicais como o country, o folk, o pop, o rock, o soul ou o jazz, a sua praia tem uma tonalidade azul. Os blues estão bem enraizados na identidade de John Mayer e é aí que todo o seu talento acaba por ser potenciado.
A paixão que deposita nas suas composições e/ou adaptações do género chega com muita facilidade ao ouvinte através de solos fascinantes e meticulosos e de uma voz que, não obstante as vicissitudes, é vivaz e contagiante. Contagiante na medida em que nos faz cantar, nos faz trautear o que a guitarra produz e nos aconchega o sistema auditivo. É assim que se vive a música. Sentindo-a com os sentidos. Um pleonasmo da relação entre a música e a vida. É disto que se trata John Mayer, na sua ternura dos 40.