Activistas alertam para a falta de acesso a preservativos
No Dia Internacional do Preservativo, que se assinala a 13 de fevereiro, o GAT (Grupo de Ativistas em Tratamentos) apela à criação de um plano nacional de prevenção, que aborde também a distribuição de preservativos, e relembra que estes constituem a forma mais eficaz de prevenção da infeção do VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis. Organização pede mais preservativos, disponíveis de forma gratuita e sem obstáculos, em locais de fácil acesso.
Em 2018, o GAT distribuiu cerca de 1,5 milhões de preservativos, muitos dos quais disponibilizados pela organização AIDS Healthcare Foundation Europe (AHF) e pela Direção-Geral de Saúde (DGS). Para Ricardo Fernandes, diretor executivo do GAT, “apesar dos esforços das autoridades nacionais, os preservativos distribuídos pela DGS continuam a ser amplamente insuficientes e não estão a chegar onde deveriam, como por exemplo às escolas”.
De acordo com o estudo “Vida Sem Sida”, publicado em 2018 pela Universidade de Lisboa, um terço dos infetados pelo VIH/SIDA tem menos de 30 anos. Cerca de 97% dos jovens portugueses entre os 18 e os 24 anos estão genericamente bem informados relativamente à importância do preservativo, mas mais de 60% assumem ter relações sem o seu uso. “Estes dados mostram que o problema poderá não estar tanto na falta de informação, mas sim na falta de acesso”, salienta o diretor executivo do GAT.
Ricardo Fernandes vai mais longe, referindo que “mesmo onde os preservativos existem, há sempre entraves ao seu acesso. Nas escolas é preciso passar pelo psicólogo, nos centros de saúde pela consulta de planeamento familiar”. Na visão do GAT, de forma a evitar quaisquer constrangimentos, “os preservativos deviam estar disponíveis em locais de fácil acesso e sem qualquer obstáculo, como em caixas distribuidoras. É urgente criar um plano nacional de prevenção que indique de que forma será feita a distribuição de preservativos para que estejam disponíveis onde são precisos e sem mais barreiras”.
Segundo o estudo “Atitudes e Comportamentos da População Portuguesa face ao VIH” (2015), somente cerca de 19% dos inquiridos utiliza sempre preservativo nas suas relações sexuais. Quase 10% das pessoas concordaria também em ter relações sexuais com um novo parceiro sem utilizar o preservativo e 16% acredita que o material do preservativo não é suficientemente forte para prevenir o VIH. De notar que 76% dos não teve acesso gratuito a preservativos no ano anterior ao inquérito.
Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/SIDA estima-se que, em todo o mundo, 45 milhões de infecções pelo VIH tenham sido evitadas graças ao uso do preservativo desde 1990. Se se atingir a meta de distribuição global de preservativos até 2020, evitar-se-ão 3,4 milhões de novas infecções. O custo por infeção evitada seria de aproximadamente 450 dólares, bem abaixo do custo com o tratamento antirretroviral.