Associação Somos Humanos cria Mostra Internacional de Cinema e Direitos Humanos
“Mostra Que somos Humanos” acontece nos dias 28 e 29 de Junho e a entrada é gratuita.
A Associação Somos Humanos visa contribuir para essa ponte entre o cinema e diversos tópicos pertinentes da atualidade. Em colaboração com o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, a Casa do Comum e a Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa, realiza-se a edição inaugural da Mostra que Somos Humanos.
A programação reflete os seguintes temas: Restrição à Liberdade; Contextos de Violência e Guerra; Movimentos, Fugas e Refúgio; Diversidade e Violência Estrutural; Identidades em Luta e Emancipação; Direitos Humanos e Natureza. “Estas são algumas das principais questões ligadas à defesa dos direitos humanos, aqui refletidas num conjunto de filmes que ganha uma proximidade temática e potencia um espaço de diálogo e debate.“, pode ler-se num comunicado.
Atentos aos contextos de restrição da liberdade está Huellas, de Valeria Sarmiento, evocando os ‘traços’ dos traumas que o tempo não apagou; mas também Olha Pra Elas, de Tatiana Sager e Renato Dornelles, dando palco à realidade feminina no sobrelotado sistema prisional brasileiro.
O tema de violência e guerra reflete a nossa atualidade, ainda que aqui de uma forma menos belicista: em África Vermelha, Alex Markov atualiza o quadro geopolítico de influência russa no continente africano, através de imagens de arquivo, usadas como propaganda política, durante a Guerra Fria; em A Fidai Film, Kamal Aljafari recorda a apropriação de Israel dos arquivos palestinianos, como tentativa de supressão da memória.
Ambas as curtas de Mário Patrocínio, Afinador de Pianos e Antes do Nascer da Lua, contemplam uma tensão de movimentos, de fugas e de um refúgio; e quando se fala em diversidade e violência estrutural, a valiosa curta coletiva Black Out, assinada pelo nosso associado Felipe Peres Calheiros, abre uma reflexão sobre o auto-registo audiovisual Quilombola.
O tema da identidade em luta e emancipação evidencia-se em My Nature, de Massimiliano Ferraina e Gianluca Loffredo, na procura de identidade e auto-conhecimento. Por fim, o conjunto de curtas metragens musicais, realizadas pelo cineasta Paulo Carneiro, acompanha o ato de resistência do povo de Covas do Barroso, no combate pelos direitos humanos e da natureza, resistindo à exploração das minas de lítio na região. Uma tensão bem expressa no filme A Savana e a Montanha, apresentada na Quinzena dos Cineastas, no último Festival de Cannes.
Através do cinema, sugere-se uma plataforma de discussão das questões fraturantes da nossa sociedade, inscritas num mundo global: não só dos seres humanos, mas também dos mais-que-humanos, ou seja, a Natureza. A Mostra percorre ainda os diversos caminhos, obstáculos e os desafios de uma adolescente na sua procura de um sonho, evidenciados na performance Uli – Voz Off de Rosi Ferh.
“O nosso evento inclui ainda a exposição Homens Apesar de Tudo — no entanto, a Associação assume a correção da eventual gralha para Humanos Apesar de Tudo, pois é essa a essência (e não o género) que está em causa.“, pode ler-se no mesmo comunicado. A inauguração será acompanhada pela palestra do político russo Pavel Elizarov.
“Esta é uma iniciativa que constitui a prova de vida da Associação e da sua missão. Aos nossos associados, um caloroso agradeci mento pelas valiosas contribuições e o desejo de concretização dos projetos futuros.“, assume ainda no mesmo texto Paulo Portugal, Presidente da Associação Somos Humanos.