“But Here We Are”: o álbum que nos traz os Foo Fighters com o espírito de Taylor Hawkins bem assente
But Here We Are trata-se do décimo primeiro álbum de estúdio dos Foo Fighters, o primeiro lançado após o desaparecimento inesperado do baterista Taylor Hawkins. Produzido por Greg Kurstin, este é o primeiro capítulo da nova vida da banda, que renasce após uma dura perda, daquele que foi o período mais difícil que o conjunto de Seattle até hoje enfrentou. Apesar de tudo, os Foo Fighters, tal como o título deste álbum indica, continuam aqui para nos dar novas canções e concertos, nunca esquecendo aquele que foi o comandante da bateria durante mais de vinte anos.
Passados dois anos desde “Medicine at Midnight“, chega-nos um álbum com uma capa simples em fundo branco, semelhante ao célebre “The White Álbum” dos Beatles. Este trabalho de originais foi gravado pelas habituais editoras RCA e Roswell, onde foram editados boa parte dos álbuns anteriores do conjunto. Quanto aos músicos, são os suspeitos do costume: o carismático guitarrista e vocalista Dave Grohl, os guitarristas Chris Shiflett e Pat Smear, o baixista Nate Mendel, o teclista Rami Jaffe, mas desta vez sem o espírito enérgico e entusiasta do baterista Taylor Hawkins. Neste álbum, à semelhança dos primeiros álbuns dos Foo Fighters e também à experiência anterior nos Nirvana, Dave Grohl tomou novamente as rédeas e tocou bateria. Não deverá ter sido fácil de fazer, dada a amizade inabalável que tivera com Taylor Hawkins. Este, terá sido assim o período mais difícil da carreira de Dave Grohl após outra partida inesperada: a de Kurt Cobain dos Nirvana, em 1994.
O álbum começa com Rescued, single dado a conhecer em Abril neste ano, com uma letra que aborda alguém que pretende que outro alguém o resgate numa noite. Talvez remetendo um pouco para Taylor Hawkins, sempre pronto a ajudar os seus companheiros de banda, algo que está visivelmente descrito em The Storyteller: Tales of Life and Music, a autobiografia de Dave Grohl publicada em 2021. De seguida, Under You, single lançado em Maio, mostra novamente a essência dos Foo Fighters, com um toque de punk à mistura, tratando-se também de uma dedicatória ao antigo baterista.
Em modo acústico, surge Hearing Voices que rapidamente se difunde no rock dos Foo Fighters, dando corpo também a este álbum. Com uma batida enérgica, surge But Here We Are, canção que dá nome a este trabalho de originais e que mostra uma explosão musical na qual Dave Grohl faz por dar o máximo na bateria, como forma também de homenagear o seu companheiro. The Glass enquadra-se no mesmo estilo, embora mais comedido do que a canção anterior. Já Nothing At All traz-nos algumas nuances de funk que transcendem para um rock mais efusivo, o que acaba também por ser uma agradável surpresa neste álbum.
Show Me How, single que foi dado a conhecer também em Maio deste ano, acaba por mostrar uma belíssima letra, contando Violet Grohl, a filha mais velha de Dave Grohl, que acompanha com a sua voz o seu pai nesta canção. As frases do refrão I’ll take care of everything from now on / Where are you now? / Who will show me how?, voltam a trazer de novo a falta de Taylor Hawkins bem presente neste album. Ao som de teclas surge Beyond Me, um canção mais melancólica que parece querer também evocar as saudades do antigo baterista dos Foo Fighters.
The Teacher, trata-se da mais longa canção do álbum e também a canção mais longa do repertório dos Foo Fighters, com dez minutos de duração. Foi dada a conhecer a 30 de Maio, e mostra um lado muito próprio e enérgico do conjunto de Seattle. Com os versos “Hey kid, what’s the plan for tomorrow? / Where will I wake up? Where will I wake up?” a marcarem o refrão, alternando entre fases calmas e enérgicas, a canção é uma dedicatória à mãe de Dave Grohl, também ela professora, que falecera em Agosto de 2022. Por fim, Rest é a última canção do álbum que é claramente uma despedida sentida a Taylor Hawkins e à mãe de Dave Grohl. Com a voz calma de Dave Grohl a dar início à canção, num tom de balada e com os versos “Rest, you can rest now / Rest, you will be safe now” a serem repetidamente proclamados, a canção eleva-se subitamente com as guitarras e a percussão, sendo esta a faixa mais bela e emotiva deste álbum.
But Here We Are dá início assim a um novo ciclo na vida dos Foo Fighters, que contará agora com John Freese na bateria, um anúncio feito no passado dia 22 de Maio pelas redes sociais da banda. Está encontrado o responsável pela bateria nos concertos e também nos álbuns de originais que ainda hão de vir. Taylor Hawkins deixou uma marca importante quer nos Foo Fighters quer na música em geral, com o seu sorriso, boa disposição e companheirismo que nos deixam tantas saudades, estando este seu espírito bem assente neste álbum. E assim, aqui estamos nós, com os Foo Fighters, e agora também com John Freese, sempre à procura de encontrar algo no rock que o promova como estilo musical e que nos promova também a nós como espécie, nunca esquecendo aqueles que já partiram mas que permanecem eternamente nos nossos corações.