Capitão Fausto a uma só voz no Capitólio
No passado dia 6 de Abril, o Capitólio uniu-se a uma só voz. Os Capitão Fausto trouxeram A Invenção do Dia Claro ao espaço lisboeta e, na sua cidade, todos os presentes cantaram as músicas do quinteto. As palavras e as melodias estiveram na ponta da língua durante todo o espectáculo e os riffs icónicos foram entoados com entusiasmo, desde a loucura possante do início de “Febre” à tranquilidade jocosa do início de “Corazón”. O principal foco foi no seu bonito novo álbum, mas o espectáculo contou também com alguns grandes êxitos passados da sua carreira, uma celebração do percurso e dos músicos em que se tornaram.
Foram músicos que cresceram e, naquela noite, Tomás Wallenstein, Salvador Seabra, Manuel Palha, Francisco Ferreira e Domingos Coimbra apresentaram-se ao público com calma e profissionalismo. “Certeza” abriu o espectáculo com pujança controlada e o seu refrão foi cantado por todos, mas “Faço as Vontades” ouviu-se logo a seguir e foi, de facto, a música entoada com mais vontade. Depois de uma transição fenomenal de bateria de “Santa Ana” para “Amanhã Tou Melhor”, ouvimos o último refrão acompanhado apenas pela guitarra de Tomás e as palmas e vozes do público. Fosse qual fosse o projecto da banda, os fãs abraçaram-no calorosamente.
“Sempre Bem” bem trouxe de volta o álbum que o grupo veio apresentar e, depois desta música, Domingos aproveitou para cumprimentar o público e revelar um dos seus momentos preferidos desta série de concertos ao vivo: ouvir as pessoas a cantar o início da música. Em “Outro Lado”, Tomás trocou a guitarra pelas teclas e o ritmo do espectáculo abrandou sem perder a sua chama, algo tornado claro pela bonita balada “Amor, a Nossa Vida”, em que o vocalista se mostrou confortável nesta sua nova faceta de acompanhar ao vivo as suas letras com o piano. No entanto, em “Semana a Semana” arranhou o solo final na sua guitarra e ouvimos Tomás e Manuel a tocar o instrumento a todo o vapor em temas como “Célebre Batalha de Formariz”, “Febre” ou “Maneiras Más”; esta última deixou vários fãs aos saltos com a sua energia psicadélica.
Ainda se ouviu “Morro na Praia” antes de, no instrumental final de “Verdade”, Tomás aproveitar para agradecer ao público e a toda equipa que os apoiava, com a ajuda de Domingos para não se esquecer de ninguém. No final deste espectáculo de clima descontraído, nem de propósito, despediram-se com “Boa Memória” e ajudaram a formar mais uma na mente de todos os presentes. Mas a noite ainda não tinha acabado, o grupo tinha umas músicas escondidas no encore. “Alvalade Chama por Mim” foi a primeira e um dos momentos altos da actuação, uma música de um dos seus álbuns mais recentes, mas que já se tornou um hino da banda, entoado bem alto por todos aqueles que esgotaram o Capitólio para ver os Capitão Fausto.
“Senhoras e senhores, amigos e amigas, vocês foram fabulosos. Não me apetece ir embora, mas tem de ser”, disse Tomás antes de se voltar a sentar ao piano e a banda terminar adequadamente o concerto com “Final”. Estava assim concluído o álbum e a sua apresentação. Os cinco despediram-se e Tomás acenou com um ramo de flores oferecido por algum fã mais emocionado, que certamente terá ficado satisfeito com este espectáculo. Mesmo sem flores, todos os outros fãs cantaram de uma ponta à outra da actuação e isto diz muito sobre o poder musical de Capitão Fausto, assim como o carinho que tantos têm a uma das bandas mais relevantes do panorama musical português. Que venham mais dias claros e noites de música como esta.