“Chernobyl” não terá nova temporada. Mas a Rússia quer contar “a verdade” e vai fazer uma nova série

por Comunidade Cultura e Arte,    7 Junho, 2019
“Chernobyl” não terá nova temporada. Mas a Rússia quer contar “a verdade” e vai fazer uma nova série
“Chernobyl” (2019), série da HBO

O último episódio de “Chernobyl” foi exibido na passada segunda-feira na HBO. A mini-série de cinco episódios foi escrita por Craig Mazin, um dos argumentistas de “The Hangover Part II”, e conquistou o público. Há inclusive quem diga que será uma das melhores séries de 2019.
Esta semana, e para acabar com a especulação de uma nova temporada, Mazin confirmou, através da sua conta de Twitter, que a série não terá continuidade.

No entanto, nem todos ficaram contentes com a nova jóia da coroa da HBO. De acordo com o The Moscow Times, o Governo russo não ficou satisfeito com a visão do canal de televisão norte-americano sobre o desastre de Chernobyl considerando que a série está cheia de mentiras.

“Chernobyl” (2019)

Alguns meios de comunicação social russos escreveram inclusive que a série é uma “caricatura” e que só faltam “ursos e acordeões”. A juntar a isso, outras entidades nucleares foram acusadas de promover a série da HBO para manchar a reputação da Rússia.
Segundo o The Moscow Times, o canal nacional NTV, um dos três mais vistos da Rússia, pretende realizar uma nova série sobre a tragédia e que terá por base a conspiração norte-americana, pelas mãos da CIA, que segundo a teoria russa, enviou espiões para o local para realizarem actos de sabotagem.
A série será dirigida por Alexei Muradov, que não hesitou em justificar o argumento desta nova versão: “Há uma teoria que afirma que os americanos sabotaram a fábrica nuclear de Chernobyl e muitos historiadores não negam que, no dia da explosão, espiões inimigos estava presentes no local.”

“Chernobyl” (2019)

No entanto, o próprio The Moscow Times, através do jornalista Ilya Shepelin, lamenta que o Kremlin e Putin não tenham feito mais para honrar o que aconteceu em Chernobyl ou falar do heroísmo russo que ajudou a salvar o país e partes da Europa das garras da condenação radioactiva. O jornalista criticou ainda no mesmo artigo o canal de notícias Rossia 24 e o jornal nacional Komsomolskaya Pravda, que foram bastante duros com a série da HBO, acusando-a de não ter contado as coisas como aconteceram. De acordo com Stanislav Natanzon, apresentador do Rossia 24, o Komsomolskaya Pravda foi precisamente o meio utilizado para publicar um artigo de Valery Legasov sobre “a verdade” que o cientista viveu. Mas o que Natanzon não conta, e o The Moscow Time corrige, é que esse artigo foi rejeitado pelo jornal em 1987, pois Legasov ainda era vivo, e só foi divulgado em 1988, ano em que o químico morreu.

“Chernobyl” (2019)

A história da série da HBO começa no dia 26 de Abril de 1986, quando um dos reactores de uma fábrica na Ucrânia sobreaqueceu e explodiu, libertando uma grande carga radioactiva por toda a região. Ao todo, 31 pessoas morreram e centenas desenvolveram problemas de saúde, devido à exposição de urânio. Considerado o maior desastre nuclear da história até hoje, a mini-série de cinco episódios conta a história dos homens e mulheres cujas vidas foram alteradas de forma profundo após este acontecimento.

Quanto ao elenco, o actor Stellan Skarsgård interpreta Boris Shcherbina, vice-presidente do Conselho de Ministros e chefe do Departamento de Combustível e Energia da União Soviética. Já Emily Watson, por sua vez, assume o papel de Ulana Khomyuk, uma especialista em física nuclear que, ao lado do especialista Valery Legasov (Jared Harris), procura descobrir as causas do acidente, a fim de evitar que ele se repita.

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