Cinema. Distribuidoras pedem adiamento da reabertura de salas
A Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) pediu ao Governo e ao Instituto de Cinema e Audiovisual (ICA) o adiamento da reabertura das salas de cinema para o dia 2 de julho. As distribuidoras garantem que, em junho, data autorizada para reabertura pelo Governo, não há novos filmes para distribuir.
Dentro das medidas do plano de desconfinamento, o Governo autorizou a reabertura das salas que promovem o cinema comercial a partir do dia 1 de junho. No entanto, as distribuidoras de cinema garantem não ter filmes novos para distribuir, visto dependerem do circuito de estreias internacional. “A disponibilidade dos filmes está atrasada e dependente da abertura dos mercados internacionais, como é o caso dos EUA. Esta disponibilidade só é esperada para o mês de julho, se as condições sanitárias o permitirem”, declarou António Paulo Santos, diretor-geral da FEVIP, numa carta endereçada aos representantes portugueses.
Na mesma missiva, António Paulo Santos revelou que a proposta de reabertura a partir do dia 1 de Junho foi “uma surpresa”, uma vez que a FEVIP nunca foi consultada em relação à medida que, no seu ponto de vista, é “absolutamente despropositada e irrealista”. “Reabrir as salas sem novos filmes equivale a ter um supermercado com as prateleiras vazias ou cheias de produtos cujo prazo de validade já passou”, acrescentou.
Para além disso, António Paulo Santos garantiu, em entrevista à RTP3 este domingo, que muitos dos cinemas estão em centros comerciais e que não existem dez a 20 filmes com potencial para preencher as salas e atrair o público. “Se não tivermos produto e não abrimos as salas, nos centros comerciais temos que pagar multas”, declarou, relembrando que a reabertura do negócio só será viável se for garantida uma lotação mínima de 50%, respeitando o distanciamento social.
Apesar de tudo, a FEVIP sublinhou que a proposta de adiamento para o dia 2 de julho não incapacita a reabertura a 1 de junho dos cinemas de circuito alternativo que “assim o pretenderem”. Por exemplo, o Cinema Ideal, em Lisboa, anunciou a reabertura em junho, com a reposição de Retrato da Rapariga em Chamas, de Céline Sciamma, que estreou a 12 de março e esteve pouco tempo em exibição. A este juntam-se dois documentários que estavam programados para assinalar os 75 anos do fim da Segunda Guerra: Quem Escreverá a Nossa História e Uma Vida Alemã.
Quanto ao cinema comercial, a carta de António Paulo Santos ao Governo e ao ICA revelou que depende de filmes de grande audiência. A FEVIP e várias distribuidoras depositam assim esperanças em Tenet, o novo filme de Christopher Nolan, que tem a estreia prevista para o dia 17 de julho, em Portugal.
Artigo escrito por Diogo Silva e originalmente publicado em Espalha Factos.