Daniel Sloss esgota quatro datas e abre outra. O humorista vem a Portugal apresentar novo espetáculo
O humorista escocês vai apresentar “HUBRIS”, o seu novo espetáculo a solo, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa. Depois de ter atuado no Palco Comédia do NOS Alive, em julho de 2017, volta a atuar em Portugal a 30 e 31 de agosto e 1 e 2 de setembro (sessões já esgotadas) e abre mais uma sessão extra para 29 de agosto de 2021. É a oportunidade para ver ao vivo um dos melhores stand-up comedians da atualidade, com bilhetes que variam entre os 25€ e os 40€.
“HUBRIS” é o décimo segundo espetáculo a solo do jovem humorista. Com 16 anos começou por escrever algum material para o comediante Frankie Boyle. Desde 2008 — na altura com 18 anos — que apresenta anualmente um espetáculo totalmente novo, com a exceção de 2019. Começou a ganhar relevância no Edinburgh Fringe Festival, o maior festival de artes do mundo, onde bateu todos os recordes de bilheteira.
O sucesso mundial veio através dos “Live Shows” – um conjunto de dois espetáculos a solo estreados na Netflix, em 2018. O primeiro, “DARK”, aborda o facto de o público achar que o seu estilo de humor é “negro”; o segundo, “Jigsaw”, é tido como “responsável por mais de 95 mil separações e citado em mais de 200 divórcios“, de acordo com o próprio, devido à forma como descontrói as relações humanas.
A estes dois sucessos mundiais seguiu-se “X”, lançado pela HBO em 2019, onde aborda temas como o abuso sexual – que de resto manteve o sucesso dos seus antecessores. Em 2020 começou a digressão de “HUBRIS”, que se prolonga até 2021. Este novo espetáculo a solo “não tem tema, nem nenhum volte-face, nem mesmo advertências parentais”, garantem as produtoras responsáveis “Setlist” e “A Comic Soul”.
Já cimentado como um dos mais brilhantes jovens comediantes da atualidade, Daniel Sloss traz “HUBRIS” ao Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, a 29, 30 e 31 de agosto e 1 e 2 de setembro de 2021. Os bilhetes para a sessão de dia 29 estão já à venda. O comediante não vai atuar em mais cidades portuguesas, por razões de calendário e logística
“Sloss Ness Monster”
Daniel Sloss é um dos humoristas mais talentosos da sua geração, mas isso não chega. Desde cedo percebeu que queria fazer da comédia a sua carreira. Conta numa entrevista ao podcast “Good One” que a sua mãe obrigava-o a passar as 8 horas de um dia de trabalho normal a escrever comédia, porque se queria ser profissional tinha de começar a encarar esta arte como um trabalho.
Para além da paixão que diz ter pela comédia, o trabalho que vem desenvolvendo ao longo dos anos mostra uma consistência incaracterística. Ter um espetáculo completamente novo todos os anos é difícil – implica que antes até de terminar uma digressão já se está a pensar e a preparar piadas novas, a programar ir testá-las e posteriormente a melhorá-las nos comedy clubs ao longo de meses. Ter um espetáculo novo todos os anos, sempre aclamado pelo público e pelo meio da comédia é extraordinariamente difícil, mas Daniel Sloss tem conseguido fazê-lo, especialmente nos últimos anos.
O seu estilo de humor conjuga premissas brilhantes e punchlines muito bem definidas e limadas. Tem muita segurança no palco, como começou muito novo diz que era “demasiado estúpido para ter medo”, e sente-se confortável com momentos de acting. Ao mesmo tempo mostra uma inteligência nas abordagens temáticas que tem feito a cada espetáculo, conseguindo também passar uma mensagem — como é evidente no seu espetáculo “X”. É um monstro do stand-up. Antes de avançarmos, atenção para um pormaior: a qualidade de um espetáculo de stand-up não deve nunca ser medida pelo facto de um comediante conseguir ou não passar uma mensagem importante, mas sempre pelo facto de conseguir fazer rir e de que forma o faz. No entanto, é de notar que Daniel Sloss consegue fazer ambos de forma exímia.
Mas é exatamente pela forma como se exprime que Daniel Sloss nos cativa. Com a sua postura de “estou-me cagandismo” em palco e aproveitando-se da qualidade do seu storytelling e da construção de piadas através de ideias claras e irreverentes, é, na minha opinião, um dos melhores stand-up comedians da atualidade. Para além de várias aparições brilhantes em programas de “Late Night”, como o Conan, abriu espetáculos para o “almighty” Dave Chappelle, atuou em mais de 50 países, chegou a 190 países através dos seus espetáculos na Netflix, enfim… pisou palcos por todo o mundo e provou, em cada um deles, que é claramente um dos grandes nomes da comédia internacional. Além disso, está em pico de forma, com três claros sucessos nos últimos anos. É a oportunidade perfeita para vermos um dos melhores da sua área ao vivo. Não se fiem por mim, confirmem por vocês mesmos (e não se assustem pelo sotaque).
Próxima paragem: Portugal
Nos últimos anos têm vindo a Portugal cada vez mais stand-up comedians reconhecidos internacionalmente. Vou pintar o cenário. Em 2017, Eddie Izzard subiu ao Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa. Em 2019, Judah Friedlander foi recebido no mesmo palco; Jimmy Carr esgotou o Cinema São Jorge em várias sessões, foi ainda a Braga e ao Porto; Louis CK esgotou num ápice várias sessões no Maxime Comedy Club; e por fim Jim Gaffigan esgotou duas sessões no Capitólio. A média em 2019 foi de 1 comediante internacional de alto nível a cada 3 meses. Três dos quatro comediantes esgotaram sessões.
E falta ainda referir espetáculos de alguns comediantes brasileros que já passaram por cá, mas também os de John Cleese e de Bill Bailey (adiados devido à situação pandémica) e provavelmente um ou outro de que me terei esquecido entretanto. Mas voltemos a 2019. Esse parece ter sido o ano consolidação. “Garantiu-se que alguns projetos conseguiam vir a Portugal”, afirma Henrique Mota Lourenço, responsável de Marketing e Relações Públicas na “A Comic Soul” e um dos fundadores da recém-criada “Setlist”, ambas produtoras do espetáculo de Daniel Sloss em Portugal.
Para Henrique Mota Lourenço ainda não se pode afirmar que Portugal já faz parte do circuito europeu de comédia: “Há uma expressão que normalmente se utiliza quando se está a fazer uma contagem de votos que é: ‘too early to tell’. Contamos pelos das duas mãos os espetáculos internacionais de comédia, ainda não é certo que o circuito já está firmado, mas é obvio que a ‘Setlist’ e ‘A Comic Soul’ estão a fazer por isso e a investir em stand-up e artistas internacionais, para que Portugal fique cada vez mais delineado no mapa”, afirma.
Se 2019 foi um ano de consolidação, em 2021 o objetivo é assegurar que “há X nomes por ano que passam sempre por Portugal. Essa é a nossa aposta”, revela Henrique Mota Lourenço.
Quanto à aposta em Daniel Sloss, Henrique Mota Lourenço diz acreditar que “é um artista que faz a diferença e vale pena sair de casa por causa dele”. Sem conseguir confirmar, deixa em aberto a possibilidade de existirem mais datas: vai depender do “interesse do público e da evolução da pandemia”.
Nota: Artigo atualizado às 14:01 de dia 24/02/2021 com novas informações sobre a data extra de dia 29 de agosto.