Os desfechos da vida de Anaïs Nin

por Joana de Sousa,    13 Janeiro, 2017
Os desfechos da vida de Anaïs Nin

«We write to taste life twice, in the moment and in retrospect»

Angela Anaïs Juana Antolina Rosa Edelmira Nin y Culmell nasceu a 21 de Fevereiro de 1903, em Neuilly-sur-Seine, nos arredores de Paris. Viria a eternizar-se no mundo literário como Anaïs Nin.

Os seus pais Joaquín Nin e Rosa Culmell são de origem cubana, contudo Anaïs nasceu e foi criada em França. Depois da separação dos pais, Anaïs mudar-se-ia para Nova Iorque com a mãe e os irmãos. Passaria também algum tempo em Espanha e Cuba, antes de se mudar para os Estados Unidos da América, onde se afirmaria como escritora.

No ano de 1923, na cidade de Havana, em Cuba, casa-se pela primeira vez. Com o seu então marido, Hugh Parker Guiler, Anaïs mudar-se-ia para Paris no ano seguinte onde desenvolveria o seu interesse na escrita. Já por esta altura, Anaïs escrevia nos seus diários, que têm entradas desde os seus 11 anos de idade até pouco antes do seu falecimento, e nestes retrataria os seus dias em Paris. No ano de 1939, muda-se para Nova Iorque com o marido devido à ameaça iminente de guerra na Europa. No ano de 1947 Anaïs conhece Rupert Pole em Nova Iorque. Os dois acabam por se apaixonar e viajam juntos para a Califórnia, onde casam no ano de 1955. Todavia, quando Anaïs casa com Rupert, ainda era legalmente casada com Hugh, estando assim casada com dois homens ao mesmo tempo até que o seu casamento com Rupert Pole foi anulado devido a problemas tributários envolvendo o nome de Anaïs. Embora o casamento tenha sido anulado, Anaïs e Rupert continuaram a sua relação até ao falecimento da escritora. A sua vida pessoal, retratada nos seus diários, seria também um marco na época, mostrando uma mulher que desafiava os limites sociais da sexualidade e das relações interpessoais, numa altura bastante opressiva e em que o papel do sexo feminino na sociedade era ainda muito incipiente.

«Each friend represents a world in us, a world possibly not born until they arrive, and it is only by this meeting that a new world is born.»

Embora grande parte do seu reconhecimento a nível literário se deva aos seus diários e retratos detalhados das suas relações pessoais ao longo dos anos, Anaïs Nin distinguiu-se também por ser uma das pioneiras na literatura erótica. Antes da publicação das suas obras eróticas, eram raríssimas as publicações de uma mulher nesse género da literatura sendo que os trabalhos de Anaïs não só viriam a ser pioneiros como aclamados pela sua monumentalidade.

Nos seus diários retrata também os seus romances com personalidades como Henry Miller e Gore Vidal, mostrando a sua posição libertina perante a sociedade da época, em busca pela liberdade sexual e social da mulher. Cita Marcel Proust e Sigmund Freud como influências na sua escrita.

«Love never dies a natural death. It dies because we don’t know how to replenish its source. It dies of blindness and errors and betrayals. It dies of illness and wounds; it dies of weariness, of witherings, of tarnishings.»

Anaïs desafiou as barreiras morais da época, rompendo com os cânones da sexualidade e do papel da mulher. Seria amante de Henry Miller e não esconde a sua atracção pelo mesmo sexo, nomeadamente pela esposa de Henry Miller, June.

Aperfeiçoa a escrita libertina que reflecte o seu presente e empirismo nos seus diários e torna-se pioneira em histórias eróticas, dando assim voz à mulher numa indústria literária até aí dominada maioritariamente por homens.

Anaïs Nin faleceu a 14 de Janeiro de 1977 em Los Angeles, no estado da Califórnia, Estados Unidos da América.

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