Dino D’Santiago: “Quando estive na Avenida da Liberdade a tocar com o Branko e a ouvir o meu eco foi um agridoce terrível
O programa do Chico tem como parceira a Comunidade Cultura e Arte.
Dois anos depois de “Mundu Nôbu”, Dino D’ Santiago surpreendeu o público (e o vírus) e lançou o álbum “Kriola“, em abril.
Dino D’Santiago nasceu em Quarteira, no Algarve, mas as raízes cabo-verdianas e a vivência de Lisboa e do mundo têm sido presença forte nas sonoridades do músico. No início de abril, lançou sem qualquer aviso o álbum “Kriola”. A surpresa do contexto atual trouxe também admiração a Dino D’Santiago por nunca achar que “com este confinamento as pessoas se pudessem manifestar de todos os cantos do globo. Tem sido uma “Kriola” bem dançante, tem corrido maravilhosamente bem.” O “timing” para lançar o disco acabou por não se tornar num azar mas sim “na melhor coisa que aconteceu ao álbum” porque “as pessoas tiveram tempo para ouvir as canções e as mensagens com atenção”.
O ano de 2020 começou com a participação como compositor no “Festival da Canção”, com o tema “Diz Só”, na voz de Kady, a alcançar o 4.º lugar na Grande Final. “Senti que vencemos ao passar a mensagem. As pessoas identificaram-se com o lado feminista da canção, com a revolução cultural e essa era a nossa missão maior”, refere Dino. O Festival Eurovisão da Canção acabaria por ser cancelado. No entanto, Dino D’Santiago afirma que “a Elisa esteve muito bem, foi uma justa vencedora. Fiquei triste porque a Elisa merecia ter representado a nossa canção lá fora mas o melhor já aconteceu: as pessoas conhecem-na, assinou um contrato com uma editora e a vida só lhe vai sorrir daqui para a frente”, disse ainda o artista.
O autor de “Nova Lisboa” tem visto com nostalgia a nova realidade da cidades que considera “a mais aculturada e misturada”. Dino confessa as “saudades do ruído da cidade de Lisboa, dos vários sotaques, de escutar crioulo no metro, de sentir os cheiros e temperos de vários países diferentes. Sentir Lisboa confinada é triste”.
No feriado do 25 de Abril, Dino apresentou, com o músico Branko, um concerto ao vivo numa das maiores avenidas da capital, vazia. “Quando estive na Avenida da Liberdade a tocar com o Branko e a ouvir o meu eco foi um agridoce terrível. Foi um momento único mas não quero que aconteça nunca mais”. O momento foi marcante para o cantor. “Chorei em casa. Celebrámos a liberdade com uma avenida deserta.”. No entanto, a repercussão e o impacto que tiveram junto das pessoas mostrou que “não estávamos sozinhos”.
A amizade com Madonna, desde que a cantora se mudou para Portugal, reforçou a paixão de Dino pelo público estrangeiro. “Gosto de tocar lá fora, de sentir as pessoas a não perceberem a língua e as letras mas a serem contagiadas pelo ritmo. Os estrangeiros limitam-se a sentir e isso diz-nos o que é bom ou menos bom”, admite Dino.
“Eu Chico em Casa” estreou no início de abril e procura ser um talk show tradicional, com muito humor, bons convidados e atuações. Apresentado por Francisco Correia, o Chico, é uma oportunidade de receber pessoas em casa, sem correr qualquer risco. Pelo sofá do Chico já passaram Luís Severo, Ana Markl, João Loy, Joana Barrios, Wandson, Benjamim, Co
Escrito por Francisco Correia, José Paiva e Rodrigo Nogueira, cenário de Dead Mongol, com produção de Diogo Fernandes e a animação e ilustração a cargo do próprio Chico, todas as semanas há conversas animadas, sempre em casa.
Aos sábados à noite, novo episódio do “Eu Chico em Casa” no Instagram, Facebook e YouTube.