Documentário “Tribes on the Edge”, de Céline S. Cousteau, sobre a Amazónia, é exibido em Aveiro
A realizadora estará presente na exibição do filme.
Documentário “Tribes on the Edge”, da cineasta e activista Céline S. Cousteau, e neta do consagrado Jacques-Yves Cousteau, documentarista, cineasta, oceanógrafo e inventor conhecido pelas suas viagens de pesquisa a bordo do Calypso, tem estreia mundial marcada para 16 de Outubro no Festival Internacional de cinema de San Diego. Já em Portugal, o filme tem estreia marcada em Aveiro no próximo dia 20 de Outubro, no Teatro Aveirense, e a realizadora estará presente.
Céline Cousteau foi também a primeira mulher a dirigir uma série documental de expedições: “No Mundo com Céline Cousteau”
A exibição do filme é organizada pelo National Geographic Exodus Aveiro Fest 2019, que acontecerá de 30 de Novembro a 1 de Dezembro no Centro de Congressos de Aveiro. O evento é um Festival Internacional de Fotografia e Vídeo de Viagem e Aventura que junta os melhores profissionais destas áreas, alguns de renome mundial que trabalham regularmente com a National Geographic, a Time Magazine, Magnum Photos, a Esquire, a Red Bull ou a DJI.
Mais do que uma narrativa da realidade tribal na Amazónia, “Tribes on the Edge” sugere a história universal da nossa tribo humana e como o nosso futuro está entrelaçado com a natureza. Esta é uma história que invoca a importância crítica do respeito e do cuidado – para a terra, a cultura e a humanidade. A nossa sobrevivência pode depender disso.
“A minha família foi, sem dúvida, uma inspiração para mim. A minha mãe foi fotógrafa de expedições durante 13 anos. Ela esteve atrás da máquina fotográfica e não a vimos. A minha avó [Simone Melchior Cousteau] estava a bordo da viagem com o meu avô, mas não quis ser ser o centro das atenções. Muitas pessoas conhecem a sua história. O meu pai era produtor de filmes. E, claro, o meu avô, é mais conhecido da família”, disse Céline Cousteau, em Junho de 2019, à SAPO Mag.
“Tribes on the Edge”, documentário produzido pela CauseCentric Productions, dirigido e co-escrito por Céline Cousteau, explora os temas actuais de ameaças à terra, crises de saúde e questões de direitos humanos dos povos indígenas, expandindo a visão de como isso é relevante para o nosso mundo. Mais do que um filme, tornou-se um movimento impulsionado por um esforço apaixonado para produzir um impacto tangível no Javari (Amazónia) por meio de iniciativas de educação, defesa e activismo.
Os seres humanos e a natureza estão intimamente interligados. Onde há destruição ambiental, os seres humanos sofrem. Na Amazónia, onde há comunidades indígenas, não há desflorestação. Se elas desaparecem, perdem-se também os guardiões dos ecossistemas vitais.
Com mais de 85.000 km2 (uma área do tamanho de Portugal), o Vale do Javari é o segundo maior território indígena do Brasil e abriga 5000 povos indígenas de 6 tribos, assim como a maior população de pessoas que vivem sem contacto com o mundo exterior em toda a Amazónia. Embora o Javari tenha sido designado para as tribos que vivem lá, há uma pressão iminente para aumentar a extracção de recursos nocivos que em outras partes da Amazónia tem levado à degradação ambiental. Com taxas de hepatite tão altas quanto 50-80%, esta doença infecciosa evitável trazida por estrangeiros está a dizimar a população e a ameaçar a sua própria sobrevivência.
Estima-se que a Amazónia produza 20% do oxigénio mundial e liberte 55 galões de água no oceano Atlântico a cada segundo. Declarado pela IUCN como “uma das áreas insubstituíveis do nosso planeta” porque é excepcionalmente valiosa para a conservação da biodiversidade, o Javari é um forte candidato ao estatuto de Património Mundial. Mas, mesmo fora das fronteiras das ameaças do Javari, as destrutivas minas de ouro invadem a sua fronteira ocidental, prevalece o caminho da cocaína no sul e as potenciais ameaças de exploração petrolífera. Dentro de fronteiras, a extracção ilegal contínua de madeira, a pesca e a mineração de ouro por pessoas de fora cria conflitos. As pessoas mais vulneráveis, as tribos isoladas, correm o risco de serem dizimadas pelas mesmas doenças que dizimaram as populações há mais de 150 anos, com a chegada dos primeiros europeus à procura de ouro e borracha.
O filme será exibido dia 20 de Outubro, pelas 18:00, no Teatro Aveirense. Embora gratuito tem de se preencher um formulário (aqui).