Dodclisboa dá a conhecer mais filmes que estarão no festival. Resistência é o mote da abertura
Dos filmes de Abertura e de Encerramento aos a-ha, de Charlotte Gainsbourg a Steve McQueen, eis algumas das novidades da 19ª edição do Doclisboa.
Resistência é o mote lançado pela Sessão de Abertura do 19º Doclisboa.
Da Sérvia, chega-nos Landscapes of Resistance, de Marta Popivoda, um filme sobre uma das primeiras mulheres a fazer parte da resistência jugoslava contra o Nazismo. Através da história desta antiga combatente, Popivoda parte dessas lutas contra o fascismo para pensar possibilidades para as lutas do presente. Na mesma sessão será exibido ainda o filme A Terra Segue Azul Quando Saio do Trabalho, de Sérgio Silva, realizador e ex-programador da Cinemateca Brasileira, que traz um olhar contemplativo sobre o arquivo cinematográfico e a efemeridade do património. Sérgio Silva apresentará ainda uma sessão, por si programada, dedicada à Cinemateca Brasileira.
Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis, realizadores de Il Solengo (filme vencedor do Doclisboa’15), encerram o festival com The Tale of King Crab. O filme teve a sua estreia mundial em Cannes e desenrola-se entre o universo da história e da mitologia, construindo uma ficção sobre a lenda de Luciano, um complexo anti-herói exilado da sociedade medieval em Itália que parte para a Terra do Fogo em busca de um tesouro.
Heart Beat
A abertura da secção Heart Beat estará a cargo de a-ha The Movie, de Thomas Robsahm e Aslaug Holm. Um filme que acompanha a trajectória da reconhecida banda norueguesa desde a sua formação à rápida ascensão e reconhecimento internacional até à sua ruptura.
O festival acolhe ainda o primeiro filme de Charlotte Gainsbourg, Jane by Charlotte, em que a cantora e actriz se propõe a filmar a sua mãe, Jane Birkin, num documentário que vai traçando uma história tão complexa quanto íntima da relação entre ambas.
O Heart Beat anuncia ainda mais três estreias mundiais de três títulos portugueses.
Nada Pode Ficar, de Maria João Guardão, acompanha o processo de desocupação de João Fiadeiro no espaço habitado pela sua companhia, o Atelier RE. AL, nos últimos 15 anos, ao mesmo tempo que percorre a memória desse trabalho, indissociável do panorama da dança contemporânea portuguesa. Em Eunice ou Carta a Uma Jovem Actriz, Tiago Durão partilha o seu olhar cúmplice e familiar sobre Eunice Muñoz enquanto actriz, mulher, mãe e avó. Dispersos pelo Centro, de António Aleixo, produzido por Tiago Pereira e com a participação do reconhecido geógrafo Álvaro Domingues, viaja até ao centro de Portugal num documento que luta pela memória colectiva deste lado invisibilizado do país.
Em The Poet’s Wife, da cineasta alemã Helke Misselwitz (estreia mundial), deixamo-nos permear pela obra e sabedoria da pintora turca Güler Yücel e o seu amor pela vida. Ailey, de Jamila Wignot, homenageia o legado do lendário coreógrafo e activista afro-americano Alvin Ailey. Em Becoming Cousteau, Liz Garbus debruça-se sobre a vida e legado do icónico explorador Jacques Cousteau; Oan Kim & Brigitte Bouillot mapeiam a vida e as explorações artísticas do importante pintor coreano Kim Tschang-Yeul, em The Man Who Paints Water Drops e Eugenio Poppo viaja pela história do cinema pós-novo brasileiro em O Bom Cinema. A programação inclui os mais recentes From the 84 Days, de Philipp Hartmann, Charm Circle, de Nira Burstein, Você Não Sabia de Mim, de Alan Minas Silva, e Captains of Zaatari, do realizador egípcio Ali Elarabi.
Da Terra à Lua
A secção Da Terra à Lua conta com a apresentação integral dos três episódios de Uprising, assinados pelos britânicos Steve McQueen e James Rogan. Produzida pela BBC, a série é um tríptico que parte do incêndio de 1981 em New Cross, onde 13 jovens afro-britânicos perderam as suas vidas, para retratar um país profundamente mergulhado nas tensões entre as comunidades negras e o crescimento do partido de extrema-direita National Front, à sombra do governo Thatcher.O argentino Lucas Larriera parte para uma investigação sobre uma transmissão paralela à da chegada do homem à Lua, em Channel 54, onde a natureza e a veracidade da imagem são o ponto de partida para uma série de teorias de conspiração.
Closing Words reflecte sobre a escolha do fim da vida, atravessada pelos questionamentos e generosidade por parte dos cuidadores. Um filme de olhar sensível realizado pelos belgas Gaëlle Hardy e Agnès Lejeune.
Da secção fazem parte ainda duas produções portuguesas em estreia mundial:Jamaika, de José Sarmento Matos, uma visão imersiva da realidade deste bairro nos arredores de Lisboa durante o período de isolamento devido à pandemia Covid-19, onde a segregação e a falta de políticas públicas intensifica as fragilidades deste período.
Por outro lado, Diogo Varela Silva regressa ao festival com o filme Do Bairro, um retrato do passado e presente dos bairros de Alfama e Mouraria.
O festival assiste ainda ao regresso de Mark Cousins com The Story of Looking, uma enciclopédia visual que reflecte sobre a forma como a realidade é percepcionada através do olhar.
O desastre ambiental na cidade japonesa de Minamata e a longa batalha jurídica de décadas levada a cabo pela comunidade afectada são o foco de Minamata Mandala, de Kazuo Hara, que ao longo dos últimos 15 anos tem acompanhado a vida de alguns dos seus habitantes.
From The Wild Sea, de Robin Petré, é um poderoso documento sobre a crise climática e a crescente destruição da vida animal marinha. A programação fica completa com Mother Lode, de Matteo Tortone, A Midsummer Night’s Road, de Noga Chevion, You Can’t Show My Face, de Knutte Wester e The Spark, de Antoine Harari & Valeria Mazzucchi.