Entrevista. Filipe Melo: “Escrever um guião, uma história, uma canção ou tocar piano tem quase o mesmo processo”
O que vais ler, ver e ouvir é da autoria do Backstage, um podcast criado por Ana Roque e Vasco Barreiros, que tem o apoio da Comunidade Cultura e Arte.
No décimo segundo episódio do podcast Backstage, para finalizar esta série de conversas, o convidado foi o multifacetado músico Filipe Melo, que trouxe para a conversa um pouco das várias áreas em que actua.
“Foi nessa altura que eu decidi trocar os computadores pela música”, conta-nos o pianista sobre o início do seu percurso, por volta dos 14/15 anos. “Comecei-me a interessar por piano, por uma série de razões, mas nunca pelo jazz” confessa, embora, mais tarde, tenha passado muito pelas jam sessions do Hot Clube Portugal, “a verdadeira escola de jazz”.
Por não existirem cursos superiores de jazz em Portugal, o Filipe voou até Boston para ingressar na Berklee College of Music. “As memórias que eu tenho é de tocar com pessoas incríveis”. Para o músico, a grande vantagem do jazz é a sua flexibilidade e adaptação a diferentes contextos. E foi isso que conduziu também o Filipe a vários projectos musicais, como por exemplo, o do artista António Zambujo. Sobre este, o músico diz: “quando o querem catalogar, ele arranja ali outro caminho”. Apesar da experiência maravilhosa, o Filipe é um homem muito caseiro, não lidando facilmente com algumas questões da vida de estrada, o que o leva a abandonar a banda.
Ainda na primeira parte, a conversa ruma ao ensino da música, uma vez que o Filipe é professor na Escola Superior de Música de Lisboa. “Um bom professor não pode moldar o aluno àquilo que ele quer que ele seja (…) isto é tão óbvio mas, na verdade, eu não pensava assim”.
Mesmo antes das rubricas, o Filipe é levado a comparar algumas das áreas criativas da sua vida: “não é tão diferente para mim escrever um guião, escrever uma história, escrever uma canção, tocar piano (…) o processo é quase o mesmo”. O problema, afirma, é o tempo que cada um destes ofícios requer: “é uma aflição, porque o dia só tem aquele número de horas”.
Nas habituais rubricas, o Filipe escolhe tocar um concerto inteiro com os pés porque “dá para fazer acordes”, revela o seu carinho pelo projecto ‘Uma Nêspera no Cu’ e optava por Oscar Peterson para ser o ator principal de uma curta-metragem sua.
Na segunda parte da conversa, o Filipe conta um pouco da sua experiência no Festival da Canção, com a canção que escreveu, que foi interpretada pela Sara Afonso que, nas palavras do músico, “é uma pessoa que canta só o essencial”. Conta-nos que “nunca se tratou de uma competição” e que voltaria a participar “se aparecesse uma boa canção”.
O Filipe revela que tem estado a trabalhar em bandas sonoras, algo que adora por combinar duas áreas que lhe são especialmente queridas, e que também iria lançar, à data de gravação do episódio, a sua curta-metragem “O Lobo Solitário”. Esta já saiu e foi premiada na 28ª Edição do Festival Curtas Vila do Conde. Imperdível!
E é com o Filipe que chegamos ao fim de uma série de 12 episódios, todos eles com convidados extraordinários! Para abrir o apetite, podem ler os artigos anteriores e, se ficarem curiosos (ficarão com certeza!), vão ver e ouvir estas belíssimas conversas que aconteceram no Backstage. Não se esqueçam de apoiar este projecto (@fromthebacktage) nas redes sociais e, claro, no Youtube e no Spotify! Fiquem com o último episódio aqui: