Entrevista. IAMDDB: “Gosto de saber todos os passos do processo por que a minha arte passará”

por Samuel Pinho,    22 Março, 2019
Entrevista. IAMDDB: “Gosto de saber todos os passos do processo por que a minha arte passará”
IAMDDB
PUB

Diana de Brito, ou IAMDDB, é uma artista emergente da nova vaga de música urbana. Já com cinco EPs sob a sua alçada – dos quais o mais recente saiu há poucas semanas –, a artista prepara-se para dar início a uma curta tour europeia, que terá início em Portugal, no festival ID_NO LIMITS, no dia 29 de Março. A Comunidade Cultura e Arte teve a oportunidade de colocar algumas questões a Diana, que nos contou um pouco acerca das suas origens, da sua música, do seu trabalho e da sua experiência como artista ao vivo.

Vives no Reino Unido e cantas em inglês, mas muitos dos nossos leitores podem não saber que uma parte importante da tua vida está escrita em português. Fala-nos um bocadinho sobre isso.
Eu cresci em Portugal – a primeira língua é o português. Sinto que isto não é algo que as pessoas saibam normalmente, a não ser que estejam interessadas em mim como artista/pessoa.

Para além de teres raízes em Angola e nas suas sonoridades, o teu pai é engenheiro de som. A música esteve na tua vida desde sempre?
Sempre, desde o início. A minha mãe sempre diz que, quando eu era bebé, tinham de me conduzir de um lado para o outro a ouvir Bob Marley, para eu adormecer. Assim que o desligavam, eu acordava, por isso é algo mais profundo.

IAMDDB

És rapper, cantora, liricista e também produtora – uma artista cada vez mais completa. Sentes que é importante compreender e estar inserida em todas as fases do processo criativo?
Bem, eu sou música – não rapper. Apesar de dizer coisas rapidamente às vezes, não me considero como uma rapper. A minha origem na música são as vibes do tipo urban jazzafro soulafro jazz. Pessoalmente, gosto de saber todos os passos do processo por que a minha arte passará. Isso torna-te menos dependente dos outros para que te digam o que se está a passar com ela.

A tua música tem uma vibe única, com traços de hip-hop, jazz, rap, soul, funk, R&B, entre outros. Mas tu preferes defini-la como “Urban Jazz”. O que é isto?
Urban Jazz é um sentimento, um ambiente, uma vibe, um momento, uma memória, um tom; é aquilo que quiseres que seja. Mas, para mim, Urban Jazz é um género que é adaptável aos tons e ritmos do jazz, de uma forma urbana.

2016 marcou o lançamento do teu primeiro projeto musical – Waeveybby, Volume 1 – e, depois disso, lançaste praticamente um novo EP por ano: Vibe, Volume 2. (2017), Hoodrich Vol. 3 (2017), Flightmode Vol. 4 (2018) e Swervvvvv.5 (2019). O que os distingue?
Todos os meus volumes são momentos, ambientes e experiências. A vida diferenciou os tópicos e as vibes que teriam; não acho que a arte deva ser algo demasiado pensado – tens de levá-la com um certo feeling. Penso que cada pessoa se relacionará com cada volume de diferentes maneiras em alturas diferentes da sua vida. São super relaxados, super vibey, super humanos.

O teu primeiro álbum já começou a ser produzido? Já há título e/ou data de lançamento?
Estamos prestes a começar a gravar o meu primeiro álbum. Estou muito entusiasmada para criar o meu melhor trabalho até agora – apesar de adorar o meu catálogo até agora. Prefiro dizer menos acerca dele, mas sim mostrá-lo.

Em 2018, a VEVO inclui-te na lista 20 DSCVR Artists to Watch e o The Guardian nomeou-te One to Watch. Já em 2019, o teu EP Swervvvvv.5 foi destacado na Pitchfork. Sentes que o teu trabalho começa a ser amplamente reconhecido?
Sinto que o meu trabalho está agora a chegar a mercados aos quais nunca havia chegado – é fixe ver tanta gente de diferentes partes do mundo a conectar-se à mesma coisa.

A tua estreia em Portugal foi há dois anos, no (então) Vodafone Mexefest. Pude ver e ouvir a ligação efusiva entre ti e o público. De resto, a tua música possui uma dinâmica live muito interessante. É em cima do palco que gostas de estar?
Estar em palco é uma das regalias da música, mas os meus sítios favoritos para estar é no estúdio ou em casa, com o meu charro, a ouvir música verdadeira – tipo Bob Marley, Miles Davis, Fela Kuti, Erykah Badu, para nomear alguns.

O que podemos esperar do teu show em Março, no ID_NO LIMITS?
Grandes vibes, grande energia, montanha-russa de emoções.

 

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados