Entrevista. João Barradas: “Tenho uma relação difícil com aquilo que escrevo”
O que vais ler, ver e ouvir é da autoria do Backstage, um podcast criado por Ana Roque e Vasco Barreiros, que tem o apoio da Comunidade Cultura e Arte.
No quarto episódio do podcast Backstage, o convidado é o prestigiado acordeonista João Barradas. Vencedor dos principais concursos mundiais dedicados ao acordeão, o músico fala-nos do seu percurso académico e profissional, numa conversa descontraída e sem formalidades.
Foi depois de ouvir e ver um acordeão no jardim de infância que o João se entusiasmou pelo instrumento e pediu aos seus pais para aprender. O seu percurso académico foi vasto, passando por várias escolas mas também por aulas particulares com músicos de renome.
“Houve muitas pessoas que me marcaram pela positiva” — conta-nos o acordeonista, que passa a enunciar alguns dos seus mentores “que passam a linha do professor”, como Greg Osby, Aníbal Freire, Fabrizio Cassol ou Luís Tinoco.
“Para mim a questão das pessoas é importante” — diz-nos João Barradas quando fala sobre os grupos musicais que integra e com os quais gravou álbuns com música original.
Sobre o concerto improvisado que o acordeonista deu no CCB, diz-nos “Acaba-se o concerto e não se sabe o que é que se fez”. Fala ainda sobre como foi a gestão do tempo e das ideias musicais.
Depois de se falar dos vários projectos do convidado em diversas áreas musicais, a pergunta surge: como é que um músico tão ocupado gere o tempo entre os vários contextos, ao que o João responde “exige um bocadinho mais de organização” mas destaca que “isto é o pão nosso de cada dia da maior parte dos músicos”. À afirmação “é um meio competitivo”, o músico responde prontamente “Mas qual é o meio que não é competitivo?”
Como é costume, o convidado foi posto à prova com as já conhecidas rubricas, onde nos confessa a sua ambição de ainda estudar engenharia informática, e fica a pensar na nossa habitual questão “nunca mais gravar ou nunca mais tocar ao vivo?”.
Na segunda parte, o músico fala-nos sobre as suas influências musicais: principalmente as áreas do clássico e do jazz, mas também nomes como Dua Lipa ou My Chemical Romance fazem parte das suas playlists.
Falamos de seguida sobre os prémios que o João já venceu, nomeadamente dois prémios recentes como o ECHO Rising Stars (pela Fundação Calouste Gulbenkian, a Casa da Música e a Philharmonie Luxembourg) e ainda o Prémio de Composição (pela Sociedade Portuguesa de Autores e a Antena 2).
A conversa segue para a área da composição, na qual o músico também se destaca, mas confessa: “Não fico muito apegado… tenho uma relação difícil com aquilo que escrevo”.
No final do episódio, o acordeonista revela que a sala em que ambiciona tocar a seguir já está marcada: a Tonhalle, em Zurique.
Fica aqui o nosso conselho: sigam o trabalho do João e agradeçam-nos depois. E aproveitam o belíssimo momento musical que fecha o episódio: