Entrevista. Manuel Dias dos Santos: “João Lourenço representa a continuidade do regime angolano”

por Fumaça,    23 Janeiro, 2020
Entrevista. Manuel Dias dos Santos: “João Lourenço representa a continuidade do regime angolano”
Manuel Dias dos Santos / Fumaça
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O que vais ouvir, ler ou ver foi produzido pela equipa do Fumaça, um projecto de media independente, progressista e dissidente e foi originalmente publicado em www.fumaca.pt. Esta entrevista foi divulgada a 21 de Dezembro de 2018.

O primeiro ano de governo de João Lourenço tem-lhe trazido elogios de vários setores da sociedade, incluindo dos mais críticos ativistas do anterior executivo, liderado por José Eduardo dos Santos, ex-presidente durante quase 38 anos. Em novembro de 2017, ainda nem dois meses tinham passado desde a tomada de posse do novo presidente angolano, Luaty Beirão, ativista preso em 2015, durante mais de um ano, acusado dos crimes de “associação de malfeitores” e “atos preparatórios de rebelião”, num processo conhecido como 17+2dizia à agência Lusa: “Se o João Lourenço morresse hoje e tivéssemos que avaliar só estes cerca de 50 dias em que ele está na governação, eu diria que ele já fez uma revolução. O que este senhor está a fazer está a deixar-nos aturdidos e positivamente expectantes”.

Rafael Marques, jornalista angolano, fundador da plataforma Maka Angola, que se dedica a investigar casos de corrupção no país, disse à Euronews, a 6 de dezembro, depois de João Lourenço o ter recebido (apenas num segundo encontro, foi barrado numa primeira tentativa) e a vários ativistas e organizações não governamentais na Casa Civil: “(…) neste momento, quer a minha agenda, quer a agenda do Presidente estão alinhadas na luta contra a corrupção”.

Mas, na mesma altura que tudo isto acontece, a repressão em Angola continua. Só este dezembro foram impedidas duas manifestações e detidos arbitrariamente pelo menos 12 ativistas em Cabinda, uma província Angolana e território disputado por um movimento independentista há décadas. As zungueiras, vendedoras ambulantes de rua, têm sido reprimidas e impedidas de vender depois de, no passado 6 de novembro, o governo angolano ter instituído a chamada “Operação Resgate”. E elas são parte fundamental da economia angolana, como nos disse, em abril, Luzia Moniz, presidenta da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana.

Estaremos perante um novo regime ou, apenas, a continuação da governação de José Eduardo dos Santos, ex-presidente durante quase quatro décadas? Conversámos com Manuel Dias dos Santos, sociólogo, historiador, membro fundador e porta-voz da Plataforma de Reflexão Angola.

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