Entrevista. Marco Polónio sobre o Festival Authentica: “Queremos fazer, em pleno Inverno, um festival quente”
Está quase a chegar o maior e mais ambicioso festival de Inverno em Portugal, o Festival Authentica. Nos dias 9 e 10 de Dezembro, o Altice Forum Braga receberá nomes como Kodaline, Rag’n’Bone Man, Luísa Sonza, James Bay, Nothing But Thieves, Becky Hill e De La Soul, assim como alguns dos mais importantes artistas do panorama nacional, entre eles Dino D’Santiago, Mundo Segundo & Sam The Kid, ProfJam, Jimmy P, entre muitos outros. Em jeito de antevisão do festival, estivemos à conversa com Marco Polónio, director geral da Malpevent, produtora que se encontra por trás deste orgulhoso festival de Inverno.
Qual é o conceito por trás do Festival Authentica?
O principal conceito é ser um festival fora de época. Queremos fazer, em pleno Inverno, um festival quente. Porque é que dizemos isto? Porque, conforme o nome diz, o festival é no Inverno, será sempre no Inverno, sempre nesta altura; e é quente porque é um festival para ser alegre. O estilo de música que nós queremos ter e implementar nos palcos todos é um estilo que seja “proporcional” à alegria. O conceito é essencialmente este: fugir da época normal dos festivais em Portugal.
Estes últimos três anos foram muito complicados para a indústria dos eventos. Como foi o processo de planeamento do festival?
A Malpevent já queria fazer um festival há alguns anos. Entretanto, nós aproveitámos a altura da pandemia para, em vez de estarmos cada um nas suas casas, a ver televisão, fazermos exactamente o contrário: debruçámo-nos sobre um projecto. Achámos que seria a altura certa para empenharmos todos os nossos esforços e começarmos a fazer um estudo de mercado de onde iríamos fazer o nosso festival e quando. Esse estudo é que levou a que nós fizéssemos o festival em Braga, por ser uma cidade muito jovem, e exactamente nesta altura do ano. A pandemia, obviamente, bloqueou-nos a nós e a quase todas as áreas dos espectáculos. Nós fomos os primeiros a fechar e quase os últimos a abrir. Obviamente que nenhum governo tem culpa disto, mas a nossa área foi um bocadinho injustiçada com as regras que foram implementadas. Mas agora cá estamos nós, prontos para oferecer cultura com qualidade, que é essencialmente isso que nós queremos fazer.
Vocês conseguiram construir um cartaz que é diverso. Qual foi a ideia por trás da diversidade e como é que conseguiram construir um cartaz assim?
A ideia é que este festival não seja virado para um estilo de música. Nós conseguimos ter vários estilos de música: pop, rock, R&B, hip-hop, funk e electrónica, com o palco Urban. Depois temos o palco Auditorium, onde temos bandas emergentes. A ideia é ter um bocadinho de tudo. Não queremos ser uma salada russa, queremos que o nosso festivaleiro, que é quem nós mais respeitamos e quem nós mais queremos que se sinta bem, consiga ver experiências que possa querer viver em todos os palcos, em todo o nosso festival.
O que terá o festival para além da música?
O nosso festival tem uma valência muito grande: experiências. Nós vamos ter uma tenda com oferta de street food. Vamos colocá-la dentro da tenda, para que o festivaleiro possa usufruir de todo o espaço sem apanhar chuva. O festivaleiro vai dançar, vai cantar, vai-se divertir, vai ter de recuperar as suas energias para ir para outro [concerto] a seguir. Depois temos a Wellbeing Zone, que é um espaço dedicado ao bem-estar, onde vamos ter tatuadores, o barbeiro típico masculino, a cabeleireira para as festivaleiras poderem, se quiserem, dar um retoque no cabelo, uma parte de make-up, uma parte de massagens e umas pequenas lojas tradicionais, de bijutaria e aquilo que as pessoas às vezes gostam de comprar. Por todo o festival vamos ter street art, fomos mesmo buscar artistas de rua. E implementámos uma ideia: toda a arte produzida no nosso festival será leiloada e 100% da verba angariada será doada a uma instituição de caridade. Depois teremos uma Fun Zone, onde teremos, por exemplo, carrinhos de choque. Para além dos concertos, é isto que nós temos para oferecer.
Já mencionaste isto na primeira resposta, mas gostaria de saber mais sobre a escolha de Braga para receber o festival.
Podia dizer que escolhemos Braga por causa dos doces tradicionais [risos]. Escolhemos Braga por vários factores. Braga, neste momento, é capaz de ser um dos distritos mais jovens de Portugal. Outro factor foi a própria infraestrutura que Braga tem, nomeadamente o Altice Forum Braga, que já completa a nossa necessidade para fazer um festival indoor. Depois, a localização geográfica, porque o nosso festival também pisca o olho aos nossos vizinhos espanhóis, nomeadamente a Galiza. É por isso que temos dois artistas espanhóis no nosso cartaz [Mala Rodríguez e Rels B]. Para além disso, obviamente temos a proximidade com o Porto, Guimarães… Naquela região não há nenhuma oferta destas. Também porque, felizmente, o município de Braga percebe que o investimento de um cartaz como o nosso, que é de mais de 1 milhão de euros, precisa de apoio, para canalizar grandes eventos para o município.
Nos dias que correm, há muita oferta cultural. Como é que se atrai o público?
Acho que o nosso ponto forte é essencialmente o pilar do nosso festival: a altura em que ele é feito e o nosso cartaz. Nós, para primeira edição, temos um cartaz com um nível que se calhar alguns festivais em Portugal não tiveram nem na segunda nem na terceira edição. É por aí que nós temos de ir.
Qual será o futuro para o festival?
Espero que o futuro seja risonho e que seja um futuro de permanência. Nós não queremos competir com ninguém, mas queremos muito colocar o Festival Authentica no mapa da Europa como um dos maiores festivais indoor da Europa.