Entrevista. Pedro de Tróia: “Quando escrevemos, podemos ser tudo”

por Bernardo Crastes,    10 Novembro, 2021
Entrevista. Pedro de Tróia: “Quando escrevemos, podemos ser tudo”
Fotografia de Tomás Monteiro
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Dez anos se passaram desde o lançamento do primeiro disco d’Os Capitães da Areia, que catapultou o imberbe vocalista, agora conhecido por Pedro de Tróia, e restante banda para o reconhecimento indie em Portugal. Desde então, outros projectos ambiciosos se passaram e Os Capitães da Areia foram postos em pausa. O foco agora é na carreira a solo de Pedro, o profícuo e franco artista, com quem falámos sobre, entre outras coisas, o seu novo disco, Tinha de Ser Assim, sobre a sua carreira, outras coisas profundas e sobre o concerto que dará no próximo dia 11 de Novembro, no Capitólio, em Lisboa.

Porque é que “tinha de ser assim”?
Uma pergunta frequente. Adoro títulos: títulos de discos, títulos de canções… adoro dar nomes às coisas. O disco anterior, antes de ser um disco, era um título. Ou seja, já sabia que queria fazer um disco chamado Depois Logo Se Vê. Foi a frase que fez com que o disco acontecesse. Eu ia tendo conversas com o meu agente e dizia-lhe “isto vai ser assim” e não sei quê, e ele: “então e onde é que vais gravar?” E eu dizia: “depois logo se vê”. Estava sempre a desresponsabilizar as coisas. Para mim custou-me muito lançar o primeiro disco, porque queria fazer uma coisa minha e onde me encontrasse, mas não estava muito à vontade com essa exposição. Então, numa de aliviar o terreno e essa “pressão”, acabei por dizer “depois logo se vê” e aparece o disco.

Aqui [no segundo disco], foi exactamente o contrário. Tinha uma ideia para fazer um disco, mas entretanto percebo, à custa do segundo confinamento, que esse disco não vai poder acontecer este ano, em 2021. Eu telefono ao Tiago Brito e digo “Tiago, achas que conseguimos fazer um disco?” “Pá, sim, mas tem de ser já, tem de ser rápido”. Ele mandou-me dois instrumentais, eu fiz duas canções em cima daqueles instrumentais. Foi muito pouco reflectido, muito mais imediato. Aquilo que ele mandou, ficou; aquilo que eu mandei, ficou. Encontrámo-nos logo aos primeiros cruzamentos e ficou esse disco. Olhei para o disco no fim, quando estava a fazer o alinhamento, e pensei: “é óbvio que este disco tinha de ser assim”. Tudo levou a que este disco tivesse de ser desta forma e por isso o título surgiu com essa naturalidade.

Já que fizeste o paralelismo entre os dois discos, quão diferente foi o processo de criação de um e do outro?
Há a semelhança de ser eu a fazer canções e o Tiago Brito a produzir o disco, mas depois o processo em si foi totalmente diferente. No primeiro disco, tinha lotes de canções que o Tiago escolheu comigo. Houve canções que ficaram de fora — inclusive, uma canção que está neste disco agora. Enquanto que no disco anterior tinha o lote de canções, o Tiago pensou nos arranjos, eu conversei com os músicos, fomos para uma sala de ensaios durante três meses, fomos para um estúdio gravar com os músicos… Este disco não, este disco foi feito à distância. No processo todo de gravação, eu e o Tiago vimo-nos um dia, foi o dia em que eu gravei as vozes. Para mim, isso foi um momento importante, porque enquanto que num disco normal geralmente são duas ou três músicas por dia, neste foi tudo num dia, também por uma questão orçamental. De facto, as pessoas, para criarem em conjunto, não têm de estar próximas. Ou melhor, elas têm de estar próximas, não quer dizer que tenham de estar fisicamente próximas.

Que tipo de sentimentos ou sensações evocam estas canções em ti?
Em mim, evocam sempre uma… sensação de resolução. A partir do momento em que aquelas canções são editadas, sinto sempre um alívio enorme, porque sei geralmente as camadas que estão por detrás disso. Então, quando chego a uma canção, regra geral, está ali um aspecto da minha vida que se resolveu daquela forma. A minha música acaba por ser extremamente autobiográfica. Há dias estava a dar este exemplo que acho muito piroso, mas que é verdade, que é, da mesma forma que há pessoas que têm diários, eu olho muito para a minha obra até agora como uma espécie de um diário. Caso um dia — e isto é uma obsessão — seja muito velhinho, tenha netos que querem que lhes conte quem fui e eu já não tenha memória para conseguir buscar isso, pá, vão buscar os meus discos e não me chateiem [risos]. Eu tento ir armazenando quem sou nas canções, por um lado para me ir resolvendo e encontrando, mas por sua vez para ir criando uma espécie de uns aquários de memórias para um dia poder abrir uma sala e escolher aquilo de que me quero lembrar.

Quando escreves ou compões, tens essa intenção de cristalizar, de certa forma, um momento. Isso é para ti. Tens alguma intenção, alguma coisa que queiras provocar no ouvinte?
Pá, soaria bem dizer que sim, mas não. Ou seja, tu dizes “mas a música é para ser ouvida”, é verdade, e “se queres ser músico, convém que os outros gostem”, também é verdade. Mas aquilo que me faz querer fazer música, é o mesmo que me faz querer tomar banho e cantar ou o mesmo que me faz às vezes querer estar sozinho só porque sim — é só porque me sinto bem. No dia em que eu não me sentir bem a fazer canções, eu não vou continuar a fazer canções para quem me quiser ouvir. Eu acho que isso é super importante. Se um dia o contrário do que acabei de dizer me acontecer, é muito triste, porque de repente és prisioneiro das tuas escolhas.

Eu não sei se vou ser músico a vida toda, mas sei neste momento o quão a música me faz bem, deste exercício quase terapêutico de um misto de reconciliação e entendimento, uma coisa muito interior que tento aligeirar seja pelo arranjo ou por uma palavra aqui ou ali que dá um tom mais gozão. Eu tento aligeirar a coisa, senão há uma ou outra música que seria de cortar os pulsos [risos]. Mas não é! Ok, isto são as minhas músicas, isto é para mim, isto é para ouvir e um dia me lembrar, mas é assim, também não posso ser estúpido, para isso eu gravava as músicas e ouvia-as sozinho em casa. Se eu as quero mostrar a alguém, há alguns cuidados que tenho de ter. Depois de a canção existir, depois da ideia, do arranjo, depois de tudo estar quase pronto, há cuidados que eu tenho. “Acho que a canção vai soar melhor se mudar este acorde, acho que a canção vai ficar melhor se tocar nesta palavra…” Há um polimento, sabes? Como o brilho que dão aos frutos no supermercado. Mas eu não começo pelo brilho. Quando o conteúdo já existe e já está fechadíssimo, penso “ok, agora como é que podemos fazer isto melhor?” Aí sim penso nas pessoas, não posso dizer que não penso nelas. Não penso nas pessoas para criar, mas quando estou a fechar o disco.

Fotografia de Tomás Monteiro

Estás a lançar música de uma forma bastante rápida. Sentes que precisas disso? Sentes que precisas de compor?
Sinto que preciso disso de forma anímica. Ia ser meio spoiler, mas é verdade… o próximo disco está praticamente escrito. Não sei se vão ser essas músicas, nem sei se vai ser daqui a um ano, daqui a dez… não faço ideia de nada. Neste momento tenho muito material gravado. Aliás, estou a ponderar seriamente dedicar-me próximas três semanas a escrever canções para outras pessoas, que é um exercício que nunca fiz.

Mas, por sua vez, e aí já é o factor externo a tocar-me, eu sinto que estou a começar uma carreira agora. Tive um ano maravilhoso de concertos… que não houve [risos]. Não é andar a fazer discos todas as semanas, mas para mim é importante trabalhar, investir em mim, na carreira; construir-me. É muito importante para eu perceber onde é que não me sinto tão confortável, onde é que eu me sinto mais confortável. Neste momento, esteticamente, mais no som, ainda estou à procura, a testar coisas. Por isso, para mim é importante trabalhar muito agora, no início, para conseguir chegar a alguma conclusão. E já estou a começar a chegar a algumas conclusões e isso para mim é útil.

Como surgiu a colaboração com o Rui Reininho?
Quando eu tinha mais ou menos 8, 9, 10 anos, fazia viagens longas com o meu pai e o meu irmão de carro. Nessas viagens, geralmente o meu irmão ia a dormir e eu ia calado, em silêncio. Para mim, o silêncio é muito importante. Então, uma das memórias mais fortes da minha infância são essas viagens de carro em silêncio, em que ia a contemplar as paisagens, os carros, as nuvens… e sempre a ouvir GNR, Rodrigo Leão ou Madredeus, praticamente. A brincar, a brincar, aquilo foi uma educação musical fortíssima para mim. O tempo em que realmente ouvia música era quando fazia viagens de carro — seja a rádio, seja os discos. Quando estávamos a ouvir músicas dos GNR, diversas vezes dava por mim a sonhar, tinha vontade de estar ao pé do Rui a cantar ou só a olhar para ele ou fotografá-lo ou estar só ali do género “então, do que é precisam?” [risos] Apetecia-me estar ali. Então isso fez-me muita companhia, essa vontade, essa memória. Em períodos em que me sentia mais sozinho, punha GNR a tocar e lá estava eu ao pé deles, ao pé do meu amigo. Isso era muito giro — sei que é um pouco estúpido —, mas era a minha cena, sentia-me feliz.

Eu nunca procurei isto, mas aconteceu uma coisa muito engraçada na génese deste disco. O meu agente disse-me para lançar um EP, porque eu só tinha 4 músicas, mas eu queria lançar um disco. “Então, se queres lançar o disco tens de ter as músicas esta semana”. Então, nessa noite, se não estou em erro, fiz três canções. Uma delas foi o “Carrossel”, a última. No dia seguinte, mostrei o “Carrossel” e dizem-me “epá, devias mandar esta música aos GNR”. Mas os GNR não precisam de música, porque existe o Rui Reininho. “Mas porque é que não lhe mostras a ele? Olha que ele se calhar ele vai entender esta canção.” Foram três pessoas que me disseram isso e eu pensei “se calhar pode ser fixe”. Enviei-lhe um e-mail em que contei a história das viagens, da companhia e da canção. Na pior das hipóteses, só queria que ouvisse a canção e dizer-lhe a admiração que tenho por ele. Pá, e ele responde passado uma hora ou dois a dizer “vamos a isso!”. [risos] Até pensei que era a gozar! Se me perguntares quais são os 5 momentos mais felizes da minha vida, provavelmente é um desses. Foi espectacular.

O gravar ou a resposta?
Tudo. Não consigo separar as coisas. Tudo isto está a ser surreal. É uma cena que eu tenho sentido. Um dia, quando eu tiver filhos, eu vou fazê-los acreditar que as coisas podem ser possíveis, ninguém nos pode castrar os sonhos. Se eu tivesse quebrado esses sonhos ou essa vontade, provavelmente isto nunca tinha acontecido. A tentação de chamar a uma criança palerma só porque pensas de uma maneira diferente é muito fácil. Foram expressões que eu ouvi muitas vezes e hoje em dia dá-me muito gozo lembrar-me delas e perceber que eu estava certo na altura.

A canção que mais me tocou no disco é a “Passarinho”. Acho que é uma canção diferente daquilo que já fizeste. Gosto muito do ritmo, sinto que é um bocadinho ritmo popular português, mas ao mesmo tempo tem muitos sintetizadores e é meio infantil, mas tem uma história triste. Podes falar-me um bocadinho sobre ela?
É muito giro isso que estás a dizer, porque, de facto, é talvez a canção que mais se distancia de tudo o que eu já fiz, e eu tive a noção quando a estava a fazer. Foi naquela madrugada em que, se queria ter um disco, tinha de me despachar, tinha de fazer músicas nessa noite. O Tiago Brito tinha-me enviado dois instrumentais que estavam muito perto de estar fechados. Eu peguei nesses instrumentais, alterei um bocadinho a estrutura, comecei a ouvir aquilo em loop [trauteia a melodia] e levou-me para uma viagem, para um planar, para qualquer coisa que eu estava a ver de cima, que não era necessariamente feliz, apesar de a música ter umas cores felizes. Percebo a referência do popular, mas também percebo perfeitamente porque é que dizes triste. Tinha de escrever uma letra que tanto piscasse o olho à cor, ao laranja, ao vermelho, ao amarelo — eu vou muito atrás de cores quando escrevo; se me perguntares todas as músicas, eu consigo dizer-te qual é a cor que vejo a olhar para essa música — como a alguma coisa profundamente triste que me estava a ser dita ao ouvido muito baixinho. Isso é uma parte que me dá muito gozo. O instrumental já estava feito e eu fui atrás daquilo que a canção me sussurrava. Eu não escrevi a canção, a canção foi-me ditada. Ouvi aquilo em loop e de repente dou por mim a pensar que existe um pássaro, um pássaro vermelho que era a figura perfeita para explicar o que estava a sentir. Epá, porque não? Quando escrevemos, podemos ser tudo.

O “Passarinho” sem dúvida alguma que é uma canção diferente das que eu escrevi, mas vai no caminho de uma coisa que me dá vontade de fazer, que é escrever para crianças. Acho que não tens de escrever para crianças como se fossem bebés, acho que isso já passou. E então esta música, de certa forma, foi por aí. Há um passarinho que quase morreu. Imagina, se a morte me tivesse sido apresentada quando eu era mais novo, se calhar hoje em dia não tinha tanta dificuldade em aceitar a morte.

Era mais fácil coordenar um mega-projecto conceptual como os Capitães da Areia ou é mais fácil abrires o teu coração na tua carreira a solo?
Há um “totalmente sim” e um “totalmente não” para responder à pergunta. Um totalmente sim, é mais fácil, porque para todos os efeitos quem tem de tomar as decisões sou eu e o meu agente, que me ajuda muito, é tipo o meu filtro. Se me apetecer um disco para o ano, eu lanço um disco para o ano; se não me apetecer lançar um disco durante três anos, eu não lanço um disco durante três anos… apetece-te, concretizas. Nos Capitães, eu tinha imensa liberdade, quase a roçar a totalidade, mas é uma liberdade com cuidados a partir do momento em que tens outras pessoas. Eu podia escrever canções, mas não me podia demitir de saber que essas canções iam ser executadas por uma banda.
Por sua vez, estar sozinho é muito mais difícil dada a exposição. Não estou a falar da exposição mediática, porque isso não existe. Eu considero-me um autor que gosta de ser artista. Nesse sentido, não posso deixar de ser aquilo que sou. Tenho de escrever as músicas que me apetece escrever, mas não estou a pensar, aquilo sai.

Digo muitas vezes que são ditados meus, mas eu não estou a pensar no que estou a escrever. É uma coisa que sai de ti e depois, teres de cantar isso… no meu caso, que sou uma pessoa bastante reservada, ter de estar em cima de um palco a cantar coisas super pessoais custa-me. Mentiria se dissesse que não. Esse conflito interior está presente em todos os concertos. Nos discos não, quando saem as músicas também está tudo bem. O problema é quando as tenho de cantar ao vivo. Há momentos que são libertadores, mas também há momentos que são muito duros. Eu não consigo controlar a minha reacção ao momento em que estou a cantar alguns versos. Se a voz não sair, não sai; se eu ficar emocionado, fiquei; se eu não conseguir cantar aquela música naquele momento, não canto. Tem esse lado contra.

Como achas que se marca a diferença no panorama musical nacional hoje em dia?
Não penso muito sobre isso, mas estou numa fase da vida em que vou começar a pensar. Tenho uma opinião; não quer dizer que seja a solução, mas é a minha opinião. Hoje em dia, dadas todas as facilidades: softwares, condições, os preços das coisas, a partilha de conhecimento, os tutoriais por todo o lado… hoje em dia é muito mais fácil fazer música do que era há uns anos. Para uma pessoa que nunca tenha estudado música, acho que nunca foi tão fácil como é agora. Isso trouxe uma coisa muito boa, que é a diversidade. A quantidade pode ser má, mas também pode ser boa, também é contagiante. Imagina que agora toda a gente era música, era uma loucura, era um país muito giro. [risos] O que sinto é que só podes marcar a diferença se tu não quiseres marcar a diferença. Na música em Portugal, sinto que se calhar falta isso: as pessoas serem o que são, como são e porque são. A partir do momento em que, no final dos concertos, me escrevem emails grandes a elogiar e dizem “estou estupefacto pela franqueza das tuas canções”, eu penso que há muita coisa que está mal. Não é que toda a gente tenha de fazer isso, mas sinto que aquilo que faz a diferença…

Se me perguntares qual o compositor que mais admiro, é o Rodrigo Leão. Quando ouço aquilo, estremece-me todo por dentro, sinto muita coisa a acontecer, sinto a pessoa toda ali. Acho que podes fazer só pop, dizer sempre a mesma palavra, não tens de ser profundo, só que… vejo muitos artistas a imitar-se uns aos outros. Nem é renovações, é a mesma fórmula. Vês isso em todos os estilos de música. Acho que não acrescenta nada. Pode ser divertido e as pessoas devem fazer aquilo que entenderem, mas acho que todas essas pessoas surpreender-se-iam bastante se se limitassem a ser. Isso, por exemplo, foi a minha salvaguarda. Não tens noção da quantidade de horas, dias, que eu estive a discutir com várias pessoas sobre quem eu queria ser, se ia ser fado, pimba, punk… Identificava-me com muitas coisas. E de repente, comecei a fazer o exercício ao contrário: e se eu simplesmente for fazendo? Não querer ser nada. Senti que aquilo que me fez sentir verdadeiramente livre, foi limitar-me a ser o que sou. Se as pessoas gostam, isso é espectacular. Se as pessoas não gostam, também não tem mal nenhum.

O que é que o público pode esperar do concerto no Capitólio?
Podem esperar um serão extremamente agradável, porque estão sentados. Só por aí é fixe. Acho que, do ponto de vista musical artístico, ninguém vai sentir as suas expectativas defraudadas. É um espectáculo de canções, não há grandes fogos-de-artifício. O Rui Reininho vai ser o convidado muito especial. Para nós [Pedro e banda], vai ser um privilégio gigantesco estar em palco com ele. E eu encaro este concerto como uma espécie de um restart. Não sei o que vai acontecer a seguir, mas este vai ser o início, vai ser por aqui que vamos começar. Vai ser um concerto no qual todas as pessoas se vão sentir respeitadas, porque a vontade de estar ali é muito grande.

O concerto de Pedro de Tróia no Capitólio, em Lisboa, está marcado para o dia 11 de Novembro.

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