Entrevista. Sandra Pereira: “As pessoas acabam por meter todos os políticos no mesmo saco e isso não é verdade”
O projecto Os 230 vai entrevistar os 21 eurodeputados portugueses. A primeira entrevistada é a eurodeputada Sandra Pereira.
Manifestamente insatisfeita com o rumo da Europa, Sandra Pereira conversou com o projeto Os 21. Em entrevista, e entre os vários temas abordados, a eurodeputada do Grupo da Esquerda no Parlamento Europeu (PE) recorda o “momento difícil” da sua eleição e explica parte do dia-a-dia de todos aqueles que, antes da pandemia, faziam do PE, entre Bruxelas e Estrasburgo, a sua segunda casa.
Foi em 2019 que Sandra Pereira, do Partido Comunista Português (PCP), assumiu pela primeira vez funções num cargo político, precisamente no PE. E de que forma a especialista em linguística viveu esse período? Sandra Pereira confessa que ter sido a última eurodeputada portuguesa eleita não foi fácil e exercer as novas funções também foi um desafio. “Foi toda uma realidade nova à qual tive de me habituar”, conta.
Apesar de só exercer funções um cargo político desde 2019, Sandra Pereira admite que o “bichinho da política sempre esteve presente”, com uma das influências a surgir por parte do pai, sindicalista. Já relativamente à maior identificação com o PCP, a eurodeputada explica que se aproximou ainda mais da política quando começou a trabalhar enquanto bolseira. E “o único partido da Assembleia que defende a renovação do estatuto do bolseiro é o PCP”, explica.
Precariedade e baixos salários. Uma Europa onde ainda há muito a fazer
Orgulhosamente “serrana”, por ter nascido na Serra da Estrela, Sandra Pereira garante estar insatisfeita com o legado de apoios da Europa no que toca a regiões mais isoladas de Portugal. “O interior está abandonado” e, defende, “há uma certa responsabilidade daquilo que foram as políticas da Europa”.
E quanto ao presente, quais são os maiores desafios para a Europa? A eurodeputada destaca, por exemplo, o valor do salário mínimo, referindo que, em muitos casos, um vencimento certo todos os meses não garante ao trabalhador uma qualidade de vida satisfatória, sem pobreza associada.
Determinada em enfrentar algum dos problemas que considera serem uma realidade na Europa atual, Sandra Pereira mostra-se descontente com o facto de se generalizar a opinião relativamente aos políticos. Por isso, deixa claro que “as pessoas acabam por meter todos os políticos no mesmo saco, quando isso não é verdade”.
Artigo escrito por Ana Filipa Duarte, colaboradora do projeto Os 230.