Exposição de obras da coleção do Estado repensa criticamente o passado colonial

por Lusa,    2 Abril, 2025
Exposição de obras da coleção do Estado repensa criticamente o passado colonial
Fotografia via Museus e Monumentos de Portugal, EPE / Facebook
PUB

Uma exposição da Coleção de Arte Contemporânea do Estado que tenta imaginar um “pós-museu”, que apresente maior abertura ao diálogo crítico sobre o passado colonial, vai ser inaugurada no dia 10 de abril, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.

De acordo com um comunicado do museu, partindo deste novo cenário, a exposição pretende apresentar “narrativas latentes” e encetar uma “reflexão sobre a política de representação e processos de sub-representação, atenta à mudança dos museus e das coleções no sentido de uma maior abertura ao diálogo crítico sobre o passado colonial”.

Intitulada “PÓS-MUSEU: ‘A’ de Ausência: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado”, esta mostra “caleidoscópica” explora a forma como os artistas retratam as suas experiências de identidade cultural, a partir de “múltiplas formas de representação e de vários contextos geográficos, geracionais e conceptuais”.

Fotografia via Museus e Monumentos de Portugal, EPE / Facebook

Partindo de referências estéticas e históricas, o que se pretende é perceber como é que os artistas têm refletido sobre a carga política e social da identidade na sociedade contemporânea, de forma a “contrariar os efeitos dos nacionalismos contemporâneos e do discurso universalista abstrato”, esclarece o comunicado.

A construção de uma coleção envolve “mecanismos de exclusão e seleção, apreciação, aquisição, incorporação de obras de arte e exercícios de representação”, mas o museu pode “desencadear investigações e exercícios de interpretação que possam contribuir para a compreensão de uma história diversificada e de um presente em evolução”, reconhece.

“São estes processos de investigação e de pesquisa que permitem produzir conhecimento e manter os museus e as coleções num estado de mudança contínua”, acrescenta.

Capa do livro / DR

No fundo, esta exposição imagina “o que poderia ser um ‘pós-museu’, segundo o termo de Françoise Vergès, que no seu livro ‘Decolonizar o Museu’, refere a necessidade de criar um espaço que leve em conta análises críticas sobre o museu ocidental, dito universal, que questione até a inclusividade e a diversidade da estratégia multiculturalista”.

A mostra vai integrar obras dos artistas Ana Silva, Ângelo de Sousa, António Olaio, Carlos Bunga, Catarina Simão, Daniel Barroca, Eugénia Mussa, Filipa César, Grada Kilomba, Gustavo Sumpta, Joaquim Rodrigo, João Pedro Vale, José de Guimarães, Luciana Fina, Manuel Santos Maia, Mónica de Miranda, Nikias Skapinakis, Pedro A.H. Paixão, Pedro Barateiro, René Tavares, Rigo 23, Vasco Araújo, William Kentridge, Yonamine.

A exposição vai estar patente de 11 de abril a 13 de julho.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.