Filme “Mal Viver” de João Canijo conquista prémio do júri no Festival de Berlim

por Lusa,    25 Fevereiro, 2023
Filme “Mal Viver” de João Canijo conquista prémio do júri no Festival de Berlim
“Viver Mal” (2023), filme de João Canijo
PUB

O filme “Mal Viver” (ler crítica), de João Canijo (ler entrevista), venceu hoje o Urso de Prata para prémio do júri do 73.º Festival de Cinema de Berlim, anunciou o júri na cerimónia de palmarés.

No seu discurso, Canijo agradeceu à equipa de produção e distribuição, assim como à equipa que consigo criou o filme, “composta quase completamente por mulheres”, nomeando em especial a diretora de fotografia, Leonor Teles.

“Para terminar, [agradeço] às mulheres que me deram a sua vida para este filme, as atrizes, são maravilhosas e deram-me a sua vida”, afirmou o realizador português.

O realizador terminou a sua intervenção declarando “Slava Ukraini!” (“Glória à Ucrânia!”).
Na edição deste ano do Festival de Berlim, o Urso de Ouro de Melhor Filme, prémio principal do festival, foi para “Sur l’Adamant”, do realizador francês Nicolas Philibert. O troféu foi entregue aos produtores Céline Loiseau, Gilles Sacuto e Miléna Poylo.

“Roter Himmel”, do realizador alemão Christian Petzold, recebeu o Urso de Prata do Grande Prémio do Júri.

O Urso de Prata de Melhor Realizador foi para o cineasta francês Philippe Garrel, por “Le Grand Chariot”.
Nome da ‘nouvelle vague’, criador de “O Sal das Lágrimas” e “Os Amantes Regulares”, Garrel dedicou o prémio a Jean-Luc Godard (1930-2022), o ‘patriarca’ do cinema novo com filmes como “O Acossado” e “Pedro, o Louco”.

O Urso de Prata de Melhor Interpretação distinguiu a jovem Sofía Otero, pelo desempenho em “20.000 especies de abejas”, primeira longa-metragem da espanhola Estibaliz Urresola Solaguren.
Otero interpreta a figura de Aitor, um rapaz de nove anos de uma pequena comunidade basca que se considera uma menina, e que como tal quer ser tratada.

O Urso de Prata de Melhor Interpretação de Apoio (Secundária) foi atribuído a Thea Ehre, por “Bis ans Ende der Nacht”, do alemão Christoph Hochhäusler.

Na competição de Curtas-Metragens, o Urso de Ouro foi para “Les chenilles”, dos irmãos libaneses Michelle e Noel Keserwany, que ficou automaticamente nomeado para os Prémios do Cinema Europeu, com esta vitória.

Na secção Encontros, dedicada a “novas visões cinematográficas”, o prémio de Melhor Filme foi para “Here”, do belga Bas Devos, e o de Melhor Realização, para a cineasta salvadorenha de origem mexicana Tatiana Huezo, pelo filme “The Echo”, que também recebeu o prémio de Melhor Documentário do festival.

Nesta secção, foi ainda atribuído o Prémio Especial do Júri ex-aequo a dois realizadores espanhóis: Paul B. Preciado, por “Orlando, My Political Biography” (igualmente menção honrosa nos documentários), e Lois Patiño, por “Samsara”.

João Canijo esteve na competição desta edição do festival com duas longas-metragens interligadas, que tiveram estreia em secções distintas: “Mal Viver” esteve na competição oficial e “Viver Mal” na secção Encontros.

“Mal Viver” “é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana”, lê-se na sinopse.

“Viver Mal” segue em paralelo àquela história, focando-se nos hóspedes que passam pelo hotel.
O elenco conta sobretudo com mulheres, com Rita Blanco, Anabela Moreira, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral, às quais se juntam Nuno Lopes e Rafael Morais.

A produtora Midas Filmes descreve as duas longas-metragens como “um dos mais ambiciosos empreendimentos artísticos dos anos mais recentes” no percurso de João Canijo. Ambos se estreiam nos cinemas portugueses a 11 de maio.

João Canijo já tinha estado presente noutros festivais de cinema de relevo, como Cannes, com “Noite Escura” (2004), Veneza, com “Mal Nascida” (2007), e San Sebastian, onde venceu dois prémios com “Sangue do meu Sangue” (2011).

Leonor Teles, a diretora de fotografia de “Mal Viver”, conquistou o Urso de Ouro do Festival de Berlim, em 2016, na competição de curtas-metragens, com “Balada de um Batráquio”.

O júri da Competição Internacional da Berlinale deste ano foi presidido pela atriz norte-americana Kristen Stewart, e composto pela atriz iraniana Golshifteh Farahani, pela realizadora alemã Valeska Grisebach, pelo romeno Radu Jude, pela diretora de ‘casting’ norte-americana Francine Maisler, pela realizadora espanhola Carla Simón e pelo realizador de Hong Kong Johnnie To.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados