Frank Zappa: o génio de um músico único

por José Malta,    26 Dezembro, 2020
Frank Zappa: o génio de um músico único
Frank Zappa / Fotografia de Heinrich Klaffs – Wikimedia Commons (CC-BY-SA)
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Frank Zappa foi, sem dúvida, um dos mais influentes e independentes músicos do século XX. Conhecido como compositor, guitarrista, produtor musical e até mesmo como multi-instrumentista, foi mais do que um criador de um estilo musical próprio que influenciou tantos outros numa era repleta de novidades e de obras musicais de enorme qualidade. Revelou-se, acima de tudo, um pensador nato, demonstrando críticas e observações muito pertinentes à cultura e à sociedade norte-americana, sendo também um símbolo representativo da liberdade de expressão e do pensamento crítico. Mais conhecido no mundo da música como uma lenda da guitarra eléctrica, um compositor ávido e workaholic, um fundador de um rock orquestral e inovador, bem como um profundo conhecedor dos mais variantes géneros musicais, foram a sátira, as analogias e as críticas presentes nas letras das suas canções e nos seus argumentos que fizeram com que Frank Zappa fosse fortemente associado àquilo que é vulgarmente designado por “pensador livre”.

Ainda hoje, as suas célebres frases e opiniões continuam a fazer todo o sentido, num mundo que precisa cada vez mais de pessoas com sentido crítico apurado e com uma postura audaz semelhante à do músico norte-americano. O seu estilo bastante peculiar fez com que o próprio tivesse fãs e seguidores que o veneravam, mas também muitos críticos e difamadores que lhe apontavam o dedo e que condenavam as suas atitudes e até mesmo o conteúdo lírico das suas canções. Esse mesmo espírito de Frank Zappa permanece, ainda hoje, entre nós, seja na música, seja nas questões mais pertinentes do nosso dia-a-dia, o que faz com que o seu legado esteja vivo e que seja considerado, por muitos, um génio. Tudo isto graças à sua música, mas também às suas célebres frases e expressões que permanecem igualmente actuais com o passar dos anos.

Nascido a 21 de Dezembro de 1940 em Baltimore, estado de Maryland, numa família de ascendência Italiana, os primeiros anos de vida de Frank Zappa foram passados a saltar de estado em estado dada a profissão exercida pelo seu pai, ligada à indústria bélica. Tal ofício gerou desde, muito cedo, um certo fascínio pela química e pelos fenómenos explosivos, tendo adquirido enormes conhecimentos nesta área. Em casa, a família tinha sempre consigo máscaras de gás para prevenir um eventual acidente, pois o alojamento dos Zappa costumava ficava próximo dos arsenais. Enquanto criança, também sofrera diversos problemas de saúde, nomeadamente asma, algo que serviu de inspiração para as suas composições. Todos estes factores foram o ponto de partida para uma enorme sensibilidade e uma atitude crítica na sua idade adulta, que se intensificou com o passar dos anos. Mais tarde, o emprego do seu pai deixaria de ser tão volátil, tendo sido colocado no ramo metalúrgico na Califórnia. Após, também, breves passagens por algumas cidades do mesmo estado, seria em San Diego que Frank Zappa e a família permaneceriam por mais tempo do que o habitual.

É nos seus tempos enquanto estudante que começa a interessar-se por música e a ser inspirado por compositores como Igor Stravinsky, Anton Webern, e Edgard Varese, bem como por inúmeros intérpretes do Rhythm & Blues, que também o inspirariam na sua carreira. Começaria como baterista na sua primeira banda composta por colegas de escola até a sua família ter partido para Lancaster, a norte de Los Angeles, onde os seus interesses e conhecimentos de música aumentam gradualmente. Volta a tocar bateria numa outra banda, os The Blackouts, e é nesta altura que se inicia na guitarra. Começa a compor as suas primeiras sinfonias e canções, sinais de que o início de uma promissora carreira musical poderiam estar para vir. Acabaria por se formar na Antelope Valley High School, e o seu primeiro trabalho oficial começa por ser como publicitário antes de ter triunfado no mundo da música. Até lá, Frank Zappa teria ainda um duro e longo caminho para percorrer.

Até meados da década de 1960 Frank Zappa lutou ao máximo para ser um músico profissional, tendo passado por diversas dificuldades até conseguir viver única e exclusivamente da música. Começou por compor e produzir com outros músicos e intérpretes no estúdio Pal, chegando a trabalhar cerca de doze horas por dia na produção e composição musical. Mais tarde, fora transferido para o Studio Z, onde colaboraria com outras bandas, ficando a viver nesse mesmo estúdio. Após um casamento efémero com Kay Sherman, que terminaria em 1964, acabaria por ser detido e preso durante seis meses devido a uma falsa acusação de produzir música para filmes pornográficos. O episódio viria a acrescentar uma faceta de anti-autoritarismo à sua carreira, uma nova fonte de inspiração na composição das suas canções e na sua execução, bem como também nas letras que emergiam à medida que as suas sinfonias ganhavam andamento.

Apenas consegue editar o seu primeiro álbum de originais em 1966, juntamente com os The Mothers of the Invention, a banda que acompanhou e o ajudou a conquistar os holofotes. O álbum, que é considerado por muitos com um marco de inovação musical das mais diversas vertentes, teve um sucesso enorme desde o primeiro momento em que chegara às lojas de discos. Nas gravações de Freak Out!, os músicos tinham que seguir partituras, facto inédito e quase impensável no rock dos anos 60, sendo este um factor que viria a evidenciar a qualidade do álbum. As letras das canções tinham um substrato satírico com nuances dadaístas, algo que seria preliminar no que toca às letras que seriam utilizadas nas canções futuras de Frank Zappa. É também durante as gravações de Freak Out! que conhece Adelaide Gail Sloatman, de ascendência portuguesa, com quem viria a casar em 1967.

Depois de dois álbuns em colaboração com os The Mothers of Invention, nomeadamente o psicadélico Absolutely Free, e We’re Only in It for the Money, que se tornaria numa sátira ao Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles, Frank Zappa lançava o primeiro trabalho a solo intitulado por Lampy Gravy, em 1968. Através do de um enorme trabalho de edição, este álbum sobrepunha a voz perante a música instrumental e electrónica.  O caminho da produção musical massiva de Frank Zappa começava e isso notava-se, não só na quantidade de álbum produzidos, mas também nos concertos, onde tinha uma enorme predominância no palco. Para além do seu carisma, em cada concerto, Frank Zappa conseguia reinventar as suas sinfonias através do improviso, dando a ideia de que a composição e a sua execução conseguiam ser feitas em simultâneo. Conhecido também pelo seu físico característico, nomeadamente o seu nariz grande, cabelo comprido, bigode farto e mosca, Frank Zappa conseguia tornar-se assim num dos mais icónicos músicos da sua geração.

A passagem por Nova Iorque, durante finais da década de 60 fez com que os The Mothers of Invention conseguissem um sucesso notório. As sinfonias compostas pelo próprio encaminhavam a banda a se distinguir de outros conjuntos daquela altura. Na Europa, por exemplo, o sucesso conseguia ser ainda maior do que nos Estados Unidos. Porém, e apesar de todos estes factores aparentemente favoráveis, a banda não estava a ser, de todo, rentável. A forte influência do jazz acabaria por confundir e desdenhar alguns críticos, que consideravam que havia alguma falta de uma matriz electrónica para que os The Mothers of Invention fossem uma banda rock promissora. Pouco tempo após o regresso a Los Angeles, a banda desfazer-se-ia, o que levaria Frank Zappa a envergar por uma carreira exclusiva a solo. O que faltava a boa parte dos críticos perceber é que aquele estilo musical não era rock, nem jazz, nem pop, nem música clássica, nem coisa parecida. Era Zappa.

É neste período pós-The Mothers of Invention que surge Hot Rats, um álbum mais progressivo e bem mais aclamado pela crítica do que o seu primeiro álbum a solo. Trabalha também com outros músicos do Jazz, implementando e promovendo o chamado Jazz Fusion, um estilo musical com base no jazz, mas com nuances de rock, blues, psicadelismo e toda uma onda progressiva. Não demoraria muito até que este voltasse novamente aos The Mothers of Invention depois de um pequeno hiato, uma espécie de segunda oportunidade dada ao projecto. Desta vez, a banda contaria com novos músicos e toda uma nova dinâmica, que permitiria o alcance de voos de maior dimensão. A juntar o lançamento do seu terceiro álbum a solo, Chunga’s Revenge em 1970, a reunião da banda viria a alimentar ainda mais o legado musical de Frank Zappa. Enverga também na produção cinematográfica com 200 Motels, um filme surrealista que contaria com a sua banda e com Ringo Starr dos Beatles na sua execução. 

Em Dezembro de 1971, durante um concerto dos The Mothers of Invention no Montreux Casino na Suíça, alguém na plateia acenderia uma pistola de fogo que acabaria por incendiar o edifício. O acidente, que poderia ter sido fatal, acabaria por destruir grande parte do casino, bem como a maquinaria musical da banda. Tal episódio serviu de inspiração para a célebre canção Smoke on The Water dos Deep Purple, uma das mais icónicas canções do rock dos anos 70. Contudo, poucos dias após o incêndio na Suíça, um outro acidente aconteceria em Inglaterra. Uma pessoa que estava na plateia acabou por empurrar Frank Zappa, tendo este caído com estrondo do palco onde se encontrava. Os restantes músicos da banda achavam que Zappa teria perdido a vida após a tremenda queda. Sobrevivera quase por milagre, saindo com fracturas e hematomas em várias partes do corpo. Teve uma recuperação lenta, e, durante algum tempo, apresentava-se nos ensaios e nas gravações auxiliado por uma cadeira de rodas. Contudo, o aterrorizante mês de Dezembro de 1971 não impediria Frank Zappa de prosseguir com a suas gravações e com o seu contributo na música, que se intensificaria nos anos seguintes.

Frank Zappa viria a saltar de projecto em projecto e de banda em banda durante meados dos anos 70, não só como músico, mas também como produtor. Após mais três álbuns de originais com os The Mothers of Invention e de outro trabalho a solo, Waka/Jawaka, que volta a mostrar fortes tendenciais de jazz fusion, surge, em 1974, Apostrophe ‘. Este álbum viria a reforçar outra vertente do seu trabalho, para além do rock progressivo e das nuances de jazz cada vez mais assentes nas suas melodias. A sátira nas letras das suas canções viria a tornar-se, também, numa imagem de marca de Frank Zappa enquanto intérprete, acompanhada sempre pelos seus riffs e solos de guitarra de enorme elegância. Faixas que conseguiram projectar ainda mais o rock de Frank Zappa, como Don’t You Eat The Yellow Snow, Cosmik Drebis, Uncle Remus, ou ainda o próprio Apostrophe, estão presentes neste álbum. Grande parte da crítica considerou que a sátira e humor nas canções só conseguiu promover a qualidade deste trabalho, que aumentaria as suas vendas. Para além de ser considerado um dos pioneiros do jazz fusion e do rock sinfónico, Frank Zappa passaria a ser também considerado o do comedy rock, um rock marcado pelas letras satíricas e cómicas, mas cujo o conteúdo musical vai muito para além da comédia. É também durante esta década que deixa de colaborar com Herb Cohen, o produtor responsável pela inclusão dos Mothers of The Invention, seguindo-se acusações e processos judiciais entre ambos. Pouco tempo depois, surge, também, uma discórdia entre Zappa e a editora Warner Bros., responsável pela gravação dos álbuns dos The Mothers of Invention. As desavenças na carreira de Frank Zappa continuavam, e não ficariam por aqui.

Na segunda metade dos anos 70, dá-se um período de grande independência musical na carreira de Frank Zappa. Com os processos judiciais resolvidos, o próprio consegue criar a sua própria editora em 1977: a Zappa Records. Em 1979, surgem dois álbuns que são considerados por muitos como os maiores trabalhos da carreira de Frank Zappa. Estamos a falar de Sheik Yerbouti, um álbum duplo que contém gravações de anos anteriores aproveitadas e melhoradas, e canções tão célebres como Bobby BrownDancin Fool ou I Have Been You, que conseguiram elevar Frank Zappa a outro patamar musical. O outro álbum trata-se de Joe’s Garage, que consiste numa ópera rock dividida em três actos distintos e que conseguiu ter um enorme sucesso. Ambos foram aclamados pela crítica, porém, a sátira nas suas canções voltaria a gerar controvérsia. A canção Jewish Princess inserida em Sheik Yerbouti foi interpretada por muitos como algo antissemita, dada alguma sátira presente na canção. Catholic Girls, canção inserida em Joe’s Garage também não escapou à controvérsia, até porque o próprio sempre se mostrou um crítico das religiões no seu todo. 

A produção musical de Frank Zappa intensifica-se na década de 80. Após um período intenso em digressões, lança o álbum Tinsel Town Rebellion. Apesar do sucesso, as letras das canções do álbum seriam desprezadas por muitos pelo seu conteúdo sexista. É também nesta altura que Steve Vai, que hoje é considerado um dos mais aclamados guitarristas, começa a dar os seus primeiros passos, ao trabalhar ao lado de Frank Zappa. Lança, também, o álbum duplo You Are What You Is e também Ship Arriving Too Late to Save a Drowning Witch, álbum que continha a canção Valley Girl, e que fora gravada e interpretada juntamente com a sua filha mais velha Moon. Dedica-se, igualmente, à composição de música clássica e orquestral, num registo puramente sinfónico. Tais composições chegaram mesmo a ser gravadas e interpretadas pela London Simphony Orchestra, algo que enaltecia as qualidades de Frank Zappa enquanto compositor. Acaba também por tocar e a compor em Synclavier, um tipo de sintetizador bastante sofisticado, muito aplicado à música produzida na década de 80.

Os concertos e a produção musical continuam e, na segunda metade da década de 80, acaba por dar várias entrevistas em diversos canais de televisão, aparecendo também em talk shows onde, de certa forma, acaba por expor as suas ideias. Frank Zappa assumia-se como um forte crítico da religião, algo explícito nas suas canções, mas também um forte crítico do sistema educativo norte-americano. Defendia fortemente que os alunos deviam de ser dotados de um certo autodidatismo, de forma a obterem conhecimentos que nunca irão aprender no sistema de ensino norte-americano. É nesta altura em que muitas das suas frases e expressões começam a fazer furor, como forma de criticar e questionar a cultura americana, sendo visto, por muitos, como um pensador livre e independente. No entanto, começa a ser acusado cada vez mais de expor conteúdo ofensivo, sensível e até obsceno nas suas canções e em alguns dos seus vídeos, enfrentando uma censura que alguns lhe queriam impor e, por conseguinte, uma série de processos. Frank Zappa incita uma posição de defensor da liberdade de expressão, sendo esta uma luta feita enquanto cidadão norte-americano, defendo, assim, o seu trabalho contra aqueles que o pretendiam silenciar. As acusações chegam a um ponto de o levar a discursar no senado perante um comité, onde argumentou fortemente em sua defesa e em defesa daqueles que produziam trabalhos semelhantes ao seu. O comité em questão, Parents Music Resource Center (PMRC), do qual fazia parte Al Gore, pretendia dar maior controlo aos pais sobre o acesso das crianças a música considerada violenta, e de outros conteúdos aparentemente impróprios através do selo Parental Advisory, uma tentativa que Frank Zappa encarou como se fosse um tipo de censura preliminar. 

A sua presença no senado levou-o também a adoptar uma postura de consciencialização política promovendo uma campanha pelo voto, incentivando os mais jovens a participar nas eleições onde proferiu a célebre frase “Vote like a beast!”. Visto por muitos como um liberal, fez questão de tecer duras críticas à administração e às políticas exercidas por Ronald Reagan enquanto presidente dos Estados Unidos, manifestando o seu receio da eminência de uma possível “teocracia fascista”. Chegou a equacionar concorrer à presidência contra George H. W. Bush, expondo assim as suas ideias para o futuro do seu país sem nunca se considerar democrata ou republicano. Acaba por dar uma forte expressão de apoio à queda do comunismo no bloco leste, e um dos seus últimos concertos em que tocou guitarra terá sido na Checoslováquia após a Velvet Revolution. Trava amizade com o presidente Václav Havel e é nomeado representante cultural dos Estados Unidos pelo próprio, durante o seu mandato. Em 1990, é-lhe diagnosticado um cancro na próstata que viria a condicionar o seu trabalho. Dado o seu cansaço, afastou-se dos grandes palcos do rock e acabaria por voltar a colaborar e a compor música para as mais ilustres orquestras, o que permitiu projectá-las ainda mais e também alargar o seu grandioso currículo enquanto músico.

Frank Zappa viria a falecer no dia 4 de Dezembro de 1993 em Los Angeles, rodeado pela sua mulher e pelos seus filhos Moon, Dweezil, Ahmet e Diva, após uma batalha contra o cancro que perdurou três anos. Deixou para trás um legado musical de enorme dimensão, que dificilmente algum outro músico conseguirá atingir. O material produzido por Frank Zappa continua a ser dado a conhecer ao mundo como se tivesse sido gravado ontem, e muito dele encontra-se nos arquivos do próprio músico. Ainda hoje, são lançados todos os anos álbuns com trabalhos produzidos ou interpretados por Frank Zappa contando, até ao momento, com um total de 117 álbuns de originais, sendo que perto de metade foram lançados após o seu desaparecimento. Em 1995, Frank Zappa fora incluído no Rock n’ Roll Hall of Fame, e em 1997 foi reconhecido com o Grammy Awards of Lifetime Achievement. Será sempre recordado como um compositor e produtor workaholic, alguém que compôs e produziu música como nunca ninguém o fez e também como um pensador insaciável, algo que o colocou num estatuto muito para além daquele que tinha alcançado na música.

Ainda se desconhece qual terá sido a última sinfonia de Frank Zappa, pois todos os anos conhecemos sempre pelo menos uma nova. No entanto, a genialidade de Frank Zappa mede-se por tudo isto e muito mais. Pelo facto de ter partido tão cedo e, ainda assim, ter deixado tanto trabalho por se ouvir e descobrir. Por ter tido um espírito crítico que nos inspira a ser audazes e pertinentes com as questões do nosso dia-a-dia. Por permitir que continuemos a apaixonarmo-nos pelas suas célebres sinfonias ao tentar conhecê-las a todas. Por nos fazer sentir mais livres, ao ter exprimido os seus pensamentos através de letras cómicas e satíricas sem qualquer tabu. E, acima de tudo, por nos fazer acreditar que é na música onde conseguimos encontrar aquilo que de melhor há no mundo.

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