‘Invasion of Privacy’: abrem-se as portas do sucesso de Cardi B
“Said little bitch, you can’t fuck with me if you wanted to”. É quase impossível não identificarmos a que música pertence este verso. “Bodak Yellow”, um dos maiores sucessos do verão passado, catapultou Belcalis Almazar, mais conhecida por Cardi B, para o topo das tabelas de vendas. A rapper, oriunda de Bronx (Nova Iorque), volta agora a estar na bocas do mundo, com o lançamento do tão aguardado álbum de estúdio, Invasion of Privacy, editado a 26 de março.
Depois do mundo se ter rendido a “Bodak Yellow”, fãs e críticos ansiavam por um álbum que espelhasse a essência de Cardi B: uma mulher empoderada, sem papas na língua, com o rap a fervilhar nas veias. Valeram a pena as noites passadas em branco, no estúdio, a retocar e a ajustar os últimos pormenores. Invasion of Privacy não corresponde às expectativas; supera-as a olhos vistos.
Composto por 13 faixas, é rico em sonoridades que fazem a ponte entre o hip hop, o pop, a cultura latina, o trap e o R&B. A variedade de sons comprovam que Cardi aposta na versatilidade, não se limitando a um só estilo musical. A rapper, conhecida pelo talento inato para a comunicação, usa a sua voz como arma secreta, soletrando cada palavra de forma marcada, e colocando os sentimentos à flor da pele.
Performance no Coachella 2018. Fotografia: Kevin Winter / Getty Images
O álbum de estreia é um reflexo das vivências de Cardi B, e conta já com quatro singles. O primeiro, “Bodak Yellow”, dispensa apresentações. Em dezembro do ano passado, foi a vez de o segundo conhecer a luz do dia: a contagiante “Bartier Cardi”, em colaboração com o rapper 21 Savage, comunica uma mensagem relacionada com a caminhada até ao topo e a conquista do sucesso. E porque Cardi B parece ter por objectivo a permanência dos seus singles nas tabelas musicais por tempo indeterminado, logo após a edição do álbum “Be Careful” torna-se o terceiro single. Com uma melancólica e dançante harmonia, contém a honestidade que nos fez apaixonar por Cardi B desde o primeiro momento. Ao analisarmos o significado desta música, associamo-la ao namorado da rapper, Offset, e à polémica traição que tanta tinta fez correr. E por falar em Offset, é seu o trio de hip-hop Migos, que se junta a Cardi no quarto single: “Drip”, uma música que vai buscar fortes influências ao trap, e que nos faz libertar o swag que temos dentro de nós.
Para o seu primeiro trabalho discográfico, Cardi B convidou vários artistas conhecidos do panorama musical. Para além dos já nomeados, Chance the Rapper, Kehlani, SZA, J Balvin, Bad Bunny and YG são os restantes nomes que colaboraram em Invasion of Privacy. Ao longo de 45 minutos, Cardi convida-nos a entrar na sua vida. Uma partilha sincera onde o amor, o dinheiro, a fama e a vida de stripper são motivo de conversa.
Logo após o lançamento, Cardi tornou-se no assunto do momento. Tornou-se a quinta rapper feminina a chegar ao topo da principal tabela de álbuns dos EUA, a Billboard 200. Os críticos não tardaram em pronunciarem-se. Rob Sheffield, da “Rolling Stone”, descreveu-o como “extravagantemente emocional, intimamente pessoal e descontroladamente engraçado”. Jem Award, da “Variety”, afirmou que o álbum constitui “uma das estreias mais poderosas deste milénio”. Não nos parece que esteja errado. Depois de ter arrecadado um certificado de ouro pela Recording Industry Association of America, os Grammys que se preparem.
Numa altura em que é difícil aos artistas atingirem um patamar de qualidade que os faça destacarem-se, e em que já nada é novidade, eis que chega Cardi B, com toda a pujança e confiança, provando que é capaz de escrever uma nova página na indústria musical que é o hip hop. É hora de colocar Invasion of Privacy em repeat: os grandes álbuns são assim, ouvem-se vezes e vezes sem conta. Long Live Cardi B.
Crítica da autoria de Liliana Pedro
