Investimento imobiliário em Portugal aumenta 39% em 2022 para 3 mil milhões
O investimento imobiliário atingiu três mil milhões de euros em 2022 (+39%), com o país a entrar em 2023 com investimentos identificáveis de valor semelhante a 2022, mas com menor robustez de concretização, segundo a consultora Cushman & Wakefield (C&W).
Numa apresentação hoje aos jornalistas, a consultora salientou o “excelente ano” que 2022 se revelou, registando um “desempenho muito consistente” e a mostrar que “Portugal continua no radar dos investidores”.
O valor global de três mil milhões de euros em investimento registado em 2022 traduz uma subida de 39% face ao observado em 2021, com o segmento da hotelaria a representar 30% deste total, o de escritórios 27%, o industrial 21% e o retalho 9%.
Durante a apresentação, Eric van Leuven, diretor-geral da consultora em Portugal, salientou que muitas das operações que contribuíram para aquele valor global foram fechadas no final do ano, o que revela “um sinal de grande confiança do mercado” e dá “algum alento para antever que 2023 será um ano mais ativo do que a atual conjuntura poderia levar a antecipar”.
O país, disse, entra em 2023 com um ‘pipeline’ [projetos em carteira] de investimentos já identificáveis de valor semelhante ao observado na entrada de 2022 (cerca de dois mil milhões de euros), porém, referiu, “a robustez” deste ‘pipeline’ é este ano “mais fraca”.
“Há uma maior incerteza à entrada do ano”, disse, acrescentando que entre os vários segmentos do mercado, aquele em que apresentará maior incerteza no conjunto dos investimentos identificáveis é o do retalho, o que tem a ver sobretudo com o atual contexto de perda de rendimento dos consumidores (perante a subida dos preços e das taxas de juro).
Apesar de os “fundamentais” do mercado português se manterem robustos e inalterados e de o país continuar no radar dos investidores internacionais, o responsável pela C&W em Portugal olha para 2023 com mais cautela.
“Depois de um ano surpreendentemente positivo para o mercado português, considerando as circunstâncias, estamos um pouco mais cautelosos no que respeita a 2023”, refere Eric van Leuven, assinalando que “Portugal não ficará imune ao clima de apreensão que reina no norte da Europa”, onde são tomadas “muitas das decisões relativamente a investimento no nosso país”.
Dos três mil milhões de investimento em 2022, 76% são de capital estrangeiro – sendo que esta percentagem não inclui os investimentos conjuntos de capital nacional e estrangeiro.
Por outro lado, assinala, a subida das taxas de juro e a maior dificuldade de financiamento “resultam num clima de incerteza quanto ao real valor dos ativos, o que por sua vez fará adiar decisões de investimento até haver maior clareza”, além de que os indicadores existentes apontam para uma expansão das ‘yields’, o que resultará “em valores de venda inferiores”.
Sobre o ano de 2022, os dados da consultora indicam que, no segmento de escritórios, a área da Grande Lisboa teve em 2022 o melhor ano de sempre, com este mercado a absorver quase 260 mil metros quadrados e a surgir com uma oferta futura de cerca de 255 mil metros quadrados (74% dos quais já absorvidos).
No retalho, a C&W aponta a tendência de recuperação registada ao longo de 2022, “particularmente suportada pela retoma dos planos de expansão dos retalhistas nacionais e internacionais”.
No segmento industrial e de logística, o ano de 2022 não bateu os recordes de 2021, mas os resultados atingidos foram “muito bons“, ao registar uma absorção de 331.400 metros quadrados entre janeiro e setembro.
O ano que agora acabou foi igualmente de “enorme recuperação” na atividade turística, tendo sido inauguradas 44 novas unidades, com cerca de 2.600 quartos, perto de metade dos quais com classificação 4 estrelas.
“Quanto à oferta futura encontram-se em fase de projeto e/ou construção cerca de 115 novos projetos hoteleiros que totalizam 9.900 quartos, com abertura prevista para os próximos três anos”, refere a consultora que em 2022 avançou com o serviço de ‘design & build’.