Já se conhecem os vencedores do Motelx
Já são conhecidos os vencedores das duas secções competitivas do Motel– Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que decorre até amanhã no Cinema São Jorge. Em ano atípico e desafiante, e sob o espectro de medidas reforçadas de segurança, o público voltou a regressar em força ao Festival, numa edição que superou expectativas e que contou com mais de 20 sessões esgotadas.
“Mata”, de Fábio Rebelo, é a grande vencedora do Prémio Motel – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2020 / Méliès d’argent. História de um casal perdido numa floresta cujo reencontro traz consequências aterradoras, “Mata” é, nas palavras do júri composto por Pandora da Cunha Telles, João Pedro Rodrigues e Margarida Vila-Nova, “um filme sólido que joga com o imaginário da literatura fantástica, mergulhando num espaço onde enfrentamos os nossos pequenos medos”, e que, “em escassos minutos e sem pretensões”, “revela a promessa de um jovem realizador”.
O júri decidiu ainda atribuir uma Menção Especial a “A Grande Paródia”, de André Carvalho, “filme visceral” sobre um realizador que adormece enquanto vê televisão e sonha vender a alma a troco de fama e glória. “Transgredindo a ironia”, a curta-metragem desarmou o júri “pela sua brutalidade” e “pela coragem tocante, no limite da castração e da auto-representação.”
O Prémio Motel – Melhor Curta de Terror Portuguesa, no valor de 5000€, é o maior prémio para curtas-metragens em Portugal. Desde a sua criação em 2009 já foram exibidos no Festival mais de uma centena de filmes de terror portugueses em estreia mundial, cumprindo um dos principais objectivos do Motel: o incentivo à produção nacional de cinema de terror. “Mata” fica automaticamente seleccionada para o Prémio Méliès d’or, que será atribuído pela Méliès International Festivals Federation em Outubro no Festival de Sitges, em Espanha.
Na competição internacional, “Pelican Blood”, de Katrin Gebbe, venceu o Prémio Motel – Melhor Longa de Terror Europeia 2020 / Méliès d’argent, numa edição que se destacou por um número recorde de filmes feitos por mulheres. O segundo filme da realizadora alemã (co-produção Alemanha/Bulgária) explora a agonia de uma mãe que adopta uma criança que vem a revelar comportamentos perturbadores. “Uma escolha unânime” para o júri composto por Pedro Mexia, Filipe Homem Fonseca e Carla Galvão, que aplaude “um filme que instala uma tensão permanente, um filme sobre o instinto maternal e a saúde mental, sobre a perda e o sacrifício, sobre o mal como protecção, um mal reeducável, que faz apelo à coragem e à perseverança, contra toda a lógica e toda a esperança.”
A competição de longas-metragens europeias foi inaugurada em 2016 e teve este ano sete filmes a concurso, cuja diversidade o júri destacou: “diversidade geográfica, diversidade de género (três filmes realizados por mulheres e várias histórias em que as mulheres não são apenas vítimas, mas protagonistas fortes, voluntaristas), diversidade de estilos e sub-géneros, e diversidade no diálogo com o cinema contemporâneo (com os labirintos de David Lynch, com o “Canino” de Yorgos Lanthimos, com os “Alien”)”. “Pelican Blood” sucede ao russo “Why Don’t You Just Die!” (Kirill Sokolov) e fica nomeado para o Prémio Méliès d’or, à semelhança da curta “Mata”.
A 14.ª edição do Motel encerra amanhã, 14 de Setembro, dia em que será possível voltar a ver “Pelican Blood” e alguns dos filmes mais populares do Festival, para além de novidades como o documentário “Scream, Queen! My Nightmare on Elm Street” e o já clássico “Get Out”, de Jordan Peele.