Já se pode ouvir “bpm”, novo disco de Salvador Sobral
Salvor Sobral apresentará o novo trabalho com concertos em Lisboa, a 25 de Junho, no CCB, no Porto a 9 de Julho, no Teatro Sá da Bandeira.
Gravado no início de janeiro de 2021 no Le Manoir de León, idílico estúdio localizado no sudoeste da França, “bpm” é o primeiro disco composto inteiramente por Salvador, ao lado do seu inseparável parceiro musical Leo Aldrey, que também foi o responsável pela produção do álbum.
“Desde o início da minha, ainda pequenina, carreira que me sinto mais à vontade a cantar as músicas dos outros. É verdade que já me aventurei, nos discos anteriores, a compor uma ou duas canções, mas não posso dizer que tenha explorado a minha veia de compositor, foi apenas um vasinho capilar. A proposta deste novo disco é expor toda a minha artéria aorta.” Conta-nos o artista, acrescentando ainda:
“Obviamente que não o podia fazer sem o meu principal parceiro, na música e na vida, Leo Aldrey. Quando o conheci, em 2010, no Taller de Musics, em Barcelona, estava convencido de que queria cantar o cancioneiro de jazz americano para o resto da minha vida. Acuso, agora publicamente, este meu querido amigo de me sequestrar, fechar-me no seu quarto durante noites a fio forçando-me a escrever canções. Passaram os anos e a dinâmica e o método não mudaram, apenas a dimensão do quarto dele. Em Fevereiro de 2020 fomos, então, os dois para uma casa no meio do Alentejo escrever canções durante um mês.
O Leo consegue sempre perceber perfeitamente o que quero dizer na música e de que forma o quero dizer, aproveitando ao máximo as minhas capacidades e fazendo-me, até, descobrir algumas novas. Na hora de escolher um produtor para este disco, não havia absolutamente dúvida nenhuma de que seria ele, até porque conhece as canções desde o seu estado mais embrionário.”
As canções desta nova obra surgem de um conceito inicial desenvolvido durante um retiro no sul de Portugal, em que Leo e Salvador elaboraram o esqueleto musical do álbum, que contém 9 canções em português, 2 em inglês e 2 em espanhol, demonstrando mais uma vez a versatilidade de Salvador Sobral e a vocação global da sua obra.
A par da base rítmica que o acompanha desde o seu primeiro disco, André Rosinha (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria), Salvador acrescentou vários elementos novos à sua formação neste projecto: André Santos, na guitarra e Abe Rábade no piano, com Leo Aldrey, que também participa nos teclados e efeitos. Todos eles contribuíram com ideias e propostas musicais que foram fundamentais no processo de criação do álbum: “Liguei a um amigo com quem já tinha tocado algumas vezes, um pianista super criativo e melódico, mas com fogo no rabo; confiante, mas curioso; lírico, mas punk. Abe Rábade. Soube desde essa primeira chamada que tinha feito a escolha certa. Dois dias depois, estava em minha casa a aprender as canções com uma rapidez olímpica. Teve, inclusivamente, e quis absolutamente que eu lhe explicasse ao pormenor cada canção, desde a letra até ao que estava por trás dela. O seu envolvimento total no projecto, desde o início até ao último dia de gravação, foi simplesmente admirável. Estar-lhe-ei eternamente agradecido por ter salvado o disco.”
Salvador Sobral continua a explicar-nos: “Quem também o salva, e mantém a banda, diariamente, desde o seu começo, é o casal André Rosinha e Bruno Pedroso. Já tocam comigo desde 2015, somos os mais próximos amigos, conhecemos as melhores virtudes de cada um e aceitamos os podres de cada um, também. Nutro uma profunda admiração pela forma como eles veem e sentem a música e sou um fã convicto das suas escolhas e do que trazem para a minha música. Confio plenamente neles em todas as esferas desta vida, são a base desta família e é com orgulho e carinho que posso dizer que eles sentem esta banda como a banda deles, também. Um elemento recente, mas crucial na família, é o André Santos, decidi convidar o guitarrista que mais admiro para se juntar a esta aventura. O Santos é como uma brisa multicolor que ondula sobre os acordes espalhando um aroma sonoro único que nos deixa tão positivamente perturbados e a querer sempre mais. Dou graças a ele, e à sua sensibilidade, por estar no meu projecto.”
Além da banda de destacar duas participações vocais muito importantes neste trabalho: Sílvia Perez Cruz (coros em “that old waltz”) e de Margarida Campelo (Featuring em “Aplauso Dentro”).
Este novo álbum representa um passo decisivo na evolução de Salvador Sobral como intérprete e principalmente como compositor. Um exercício de busca introspetiva, em que letra e música são baseadas em uma nova identidade sonora, ousada e imprevisível. O título do álbum prevê o que o ouvinte pode descobrir como explica o próprio Salvador: “Tomo várias decisões nas diferentes áreas da vida durante as minhas insónias. Chamo-lhes IPs (insónias produtivas). O nome do álbum é fruto de uma IP. Numa reflexão sobre a música e a vida, chego à conclusão de que o elemento mais forte que as une são os bpm (batimentos por minuto). É o que nos dá vida, os batimentos do coração, e é o que dá pulso à música, o que a faz viver. Lembro-me sempre de quando estava no hospital: fazia vários eletrocardiogramas e, numa fase mais delicada, também havia um monitor que mostrava sempre os meus bpms. E isso, curiosamente, transmitia-me uma sensação de familiaridade. Os bpms eram algo que eu conhecia bem da música. Assim foi, ficou ali decidido que o disco chamar-se-ia “bpm”. Já pude dormir em paz. Pelo menos nessa noite.”
Quanto aos concertos de apresentação, os bilhetes estão já disponíveis nos locais habituais.