KVIFF: Tim Robbins chama “monstro” a Trump ao receber Globo de Cristal em Karlovy Vary
Tim Robbins, o multifacetado ator, realizador, argumentista, produtor e músico recebeu em Karlovy Vary um Globo de Ouro pela na 53.ª edição KVIFF, o Karlovy Vary International Film Festival, em reconhecimento da sua contribuição para o cinema do mundo.
Neste momento de cerimónia, o americano exaltou o nome de Vaclav Havel, pelo seu empenho na Revolução Rosa de 1989, mas aproveitando ainda para lançar ainda um ‘piropo’ ao atual ocupante da Casa Branca, sobretudo em face dos recentes maus tratos a crianças refugiadas, confessando-se perturbado com essa imagem de “petulant, overblown child molester” (deixamos propositadamente o original para não se perder nada na tradução). No seu discurso, incentivou ainda os cineastas a resistir e a procurarem histórias de com verdade e não cederem à “propaganda” e ao “universo Marvel”.
Nesta estância balnear convertida em festival de cinema, Tim Robbins apresentará igualmente dois filmes vitais na sua carreira, Bob Roberts, de 1992, e Cradle Will Rock, de 1999. Isto para além de abrilhantar o serão em que subirá ao palco para um concerto especial com a sua banda, a The Rogues Gallery Band.
Na verdade, pode dizer-se que o nome de Tim Robbins é central na década de 90, já que a acompanha de uma forma bem vincada, não só do ponto de vista artístico, as também com um empenhado envolvimento político. O ano de 1992 e logo um ponto de viragem e afirmação na sua carreira. Desde logo, por render o festival de Cannes ao protagonizar O Jogador, de Robert Altman, vindo mesmo a conquistar o prémio de interpretação e depois o Globo de Ouro. Mas sobretudo pela sensacional estreia na realização com Bob Roberts, num filme sobre o populismo durante a campanha eleitoral na cena política americana, e que assenta tão nem nos tempos que correm. Para além de realizar e interpretar, Tim assina ainda o argumento, compõe e interpreta os temas musicais.
Os anos seguintes seriam igualmente de luxo, retomando a colaboração com Altman em Short Cuts e de novo, em 1994, com Prêt-à-Porter, bem com The Hudsucker Proxy, sob a direção dos manos Coen. No entanto, estaria ainda reservado para o sensacional The Shawshank Redemption, que viria a confirmar diversas nomeações aos Óscares.
Recorde-se que Robbins recebeu um Óscar como ator secundário pelo seu desempenho em Mystic River, de Clint Eastwood, em 2003, e antes, em 1995, fora nomeado para o Óscar de realização por Dead Man Walking, em que a mulher Susan Sarandon ganharia o Óscar de melhor Atriz. Finalmente, no final dessa década de sonho, traria a Cannes o controverso e difícil Cradle Will Rock (que recebeu em Portugal o título estranho América – Anos 30). Mais recentemente, Robbins apareceu em Marjorie Prime (2017) e nas séries da HBO The Brink (2016) e Here And Now (2018).
Artigo escrito por Paulo Portugal, em parceria com Insider.pt