MAAT, em Lisboa, recebe exposição de Daniel Blaufuks com mais de 450 obras
Abre a 17 de julho e tem curadoria de João Pinharanda.
Daniel Blaufuks, artista visual com extensa bibliografia publicada e carreira internacional, desenvolve desde 2018 um diário visual-textual onde comenta a atualidade e a sua vida. No MAAT, apresenta os dias estão numerados expondo o ano de 2023, alguns dias dos cinco anos anteriores e, ainda, os primeiros meses de 2024. São mais de 450 obras, constituídas por fotografias, colagens, recortes com inscrições pessoais, remetendo para breves histórias, citações e comentários.
Segundo o artista, este diário passou a ser tarefa de uma vida. Expondo a sua memória, cruzam-se os seus dias e os dias do mundo. Em simples folhas A4, colocadas ao baixo, o artista numera os dias/anos que vão passando; nelas cola polaroides (uma ou duas por página) e alguns recortes, e manuscreve ou carimba nas línguas que melhor domina (inglês, alemão, português, francês) algumas frases (suas ou citadas sem referência). Aqui, é possível observar o cruzamento de temas que estamos já habituados a encontrar no seu trabalho, como a ligação entre o tempo e o espaço e a representação da memória privada e pública, mais precisamente memórias familiares, pessoais, históricas, políticas e culturais.
«O artista reage ao que o rodeia lutando contra a voraz corrida do tempo sobre as coisas. Se não anula, pelo menos retarda o tempo, adiando o apagamento das coisas; mas é significativo que nomeie esta obra como um “não-diário”, e que se refira a “não-retratos” quando fala dos rostos de alguns dos interlocutores que fixa nessas páginas. Esta dupla classificação negativa é uma confissão de impotência que expõe a inevitável contradição de todos os registos de memória – a de que o seu destino é o esquecimento.» escreve o curador da exposição, João Pinharanda, no texto A memória é uma traição feita ao tempo que acompanha a exposição.
Alguns meses deste não-diário foram já apresentadas anteriormente em França, mas esta é a primeira vez que o artista expõe este projeto em Portugal – e a primeira vez que expõe um ano completo.
Por ocasião da exposição, são publicados os livros Os Dias Estão Numerados, pela editora Tinta-da-china, e The Days Are Numbered, pela JBE/JKG Books, com distribuição internacional e onde o artista apresenta, também pela primeira vez, este projeto.