‘Modern Ruin’ e a versatilidade de Frank Carter & The Rattlesnakes
Costuma dizer-se que a paternidade muda mentalidades e formas de estar na vida, para Frank Carter isso parece evidente. Depois de abandonar a corrente punk hardcore, o ex-frontman dos Gallows envergou por estranhas mudanças no seu estilo de som. Em relação aos Pure Love, Frank Carter & The Rattlesnakes é um projecto claramente mais estruturado e pensado para o estilo do vocalista britânico. O álbum “Blossom” de 2015, parecia um regresso ao punk hardcore, “Modern Ruin”, deixa claro que a raiva ficou para trás.
A intensidade não é a mesma dos Gallows, isso é óbvio. Deixou para trás a atitude agressiva de outros tempos. As frases de revolta e crítica social bem esgalhadas ficaram arrumadas nas extremidades da banda que formou com o seu irmão Steph Carter. “Modern Ruin” tem inevitavelmente, toques dos Gallows tanto na sua composição como na voz de Frank Carter. Mas reiteramos, tem menos do que “Blossom”.
É verdade que a intensidade é menor e isso é perceptível logo na introdução “Bluebelle”. Uma faixa como “Wild Flowers” seria quase impensável de se ouvir pela boca de Frank Carter em 2009: “She is so beautiful, with flowers in her head”.
Faixas como “God Is My Friend”, “Lullaby” e “Acid Veins” acabam por ser as músicas mais sujas e frenéticas deste trabalho. Com destaque para “Modern Ruin”, a única canção passível de integrar um qualquer álbum dos Gallows. Parece existir maior liberdade criativa para Frank Carter explorar neste projecto. Pode fazer o que lhe apetece. E isso resulta na faixa que põe termo ao álbum, “Neon Rust”, pautada por um ritmo lento, uma quase balada.
As responsabilidades familiares fizeram-lhe bem, os últimos dois discos com os The Rattlesnakes demonstram que Frank Carter é um artista incrivelmente versátil.