Nona Gaprindashvili, lenda do xadrez, processa Netflix pela série “The Queen’s Gambit”
A Netflix anunciou, no final de 2020, que “The Queen’s Gambit” foi vista por 62 milhões de pessoas durante os primeiros 28 dias após a sua estreia, tornando-se assim no maior lançamento de uma série limitada em plataformas de streaming. Agora, a consagrada jogadora de xadrez Nona Gaprindashvili deu entrada de um processo, no Tribunal Distrital Federal de Los Angeles, contra a Netflix por causa da série.
Gaprindashvili, que nasceu na antiga União Soviética, mais propriamente na cidade de Zugdidi, na Geórgia, foi a primeira mulher a receber o título de Grande Mestre, pela Federação Internacional de Xadrez (FIDE), em 1978, e agora, com 80 anos, exige uma indemnização de cinco milhões de dólares por ser citada no último episódio como “campeã mundial feminina” e que “nunca enfrentou homens”. Gaprindashvili vê nesta situação uma “uma falsidade devastadora, minando e degradando os seus feitos diante de uma audiência de muitos milhões”, pode ler-se no New York Times.
“Eles estavam a tentar fazer uma personagem fictícia a abrir caminho para outras mulheres, quando na verdade eu já havia desbravado o caminho e inspirado gerações”, disse Gaprindashvili, numa entrevista divulgada pelos seus advogados. “Essa é a ironia. Foi uma experiência insultuosa. Toda a minha vida foi riscada, como se não fosse importante”, acrescentou, segundo o jornal norte-americano.
A jogadora alega ainda ter competido contra 59 jogadores homens no período de tempo em que se passa o último episódio da série, mais propriamente no ano de 1968; facto confirmado pelo The New York Times que publicou nesse ano um artigo onde relata a vitória de Gaprindashvili contra sete jogadores homens num torneio.
Responsáveis da Netflix já reagiram em comunicado: “A Netflix tem o maior respeito pela Sra. Gaprindashvili e pela sua ilustre carreira, mas acreditamos que esta alegação não tem valor e defenderemos vigorosamente o caso.”, afirmaram.
