O Bom, o Mau e o Azevedo: o faroeste chegou

por Linda Formiga,    2 Dezembro, 2019
O Bom, o Mau e o Azevedo: o faroeste chegou
O Bom, o Mau e o Azevedo. Fotografia de Alípio Padilha
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A 17.ª edição do Temps d’Images ocorreu de 1 de Novembro a 1 de Dezembro, dividindo-se em vários espaços da cidade de Lisboa numa transversalidade de temas e registos. Com uma vertente bastante visual, como aliás o próprio nome indica, a edição deste ano chegou ontem ao fim com o concerto-filme do colectivo portuense O Bom, o Mau e o Azevedo.

Com um álbum homónimo lançado na Primavera deste ano, O Bom, o Mau e o Azevedo são compostos por Martelo no baixo, Kinörm na bateria, Varejão na guitarra eléctrica e o tal Azevedo na guitarra eléctrica também. Foi o Azevedo que gravou e misturou o disco de estreia da banda entre 2017 e 2018 e foi também ele quem começou por criar um “conjunto de faixas de música “tipo Tarantino, western, guitarrada, instrumental” para a banda sonora de um videojogo que acabou por nunca ser lançado”, quando vivia na Holanda. Quando voltou para Portugal, mostrou o seu imaginário westerniano a Kinörm (Ornatos Violeta), que disse que esse mesmo imaginário sonoro teria de ser gravado e assim nasceu uma banda.

O Bom, o Mau e o Azevedo - Fotografia de Alípio Padilha

O Bom, o Mau e o Azevedo. Fotografia de Alípio Padilha

Foi no meio deste imaginário, coadjuvado por imagens que iam sendo transmitidas, que o colectivo se apresentou ontem no Musicbox. A ingratidão de um concerto num domingo à noite é mais que muita, as ruas estão desertas e nem sequer há vendedores de louro prensado na Praça de S. Paulo, mas uma sala meio cheia não intimidou sobremodo a banda. De facto, todo o imaginário de um western malandro e – sejamos sinceros – o talento enorme visível e quase palpável daqueles 4 músicos encheram a sala do Musicbox.

A viagem, proporcionada pela perfeita simbiose entre imagem e som, transportou-nos para o faroeste, para o Bonanza, para Johnny Cash, para Ennio Morricone, e estávamos quase todos à espera de ver Clint Eastwood entrar pelo Musicbox adentro – tudo isto com a ausência de substâncias pelo motivo acima referido. Todo o álbum foi apresentado, mais um tema no final que aparentemente não é do colectivo, evidenciando a solidez do álbum. A constância é, aliás, notória. Não existiu um momento em que tenhamos tido uma enorme alteração de cadência até aos momentos finais, sem que isso se tenha tornado alguma vez monótono.

O Bom, o Mau e o Azevedo - Fotografia de Alípio Padilha

O Bom, o Mau e o Azevedo. Fotografia de Alípio Padilha

Por todos estes motivos, foi um grande concerto que soube a pouco (estamos cientes do quase oxímoro). Esperamos que o filme passe a ser parte integrante dos concertos e que, mais importante ainda, que projectos deste nível tenham palcos em horário nobre, divulgação em canais de destaque e público que se dê ao trabalho de conhecer, porque é só mesmo isso que falta.

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