‘OK Computer OKNOTOK 1997-2017’: A dupla reedição da obra-prima dos Radiohead
Um dos mais ilustres trabalhos do rock alternativo dos anos 90 celebrou este ano 20 anos de vida. OK Computer dos britânicos Radiohead, é um dos maiores trabalhos de uma banda que se afirmou de modo gradual durante os últimos anos do século passado, nunca deixando as actuações ao vivo e a presença em festivais, procurando sempre novas ideias e trabalhos neste novo século. Um álbum com o conteúdo que OK Computer apresenta merece uma celebração em grande e depois de uma edição de colecionador lançada em 2009 com novos conteúdos apresentados e ainda algumas performances ao vivo chega agora OK Computer OKNOTOK 1997-2017, uma edição remasterizada com melhoramentos sonoros das canções juntamente também com outros conteúdos que até à data nunca tinham sido editados. É necessário realçar que esta reedição é dedicada a Rachel Owen, ex-companheira de Thom Yorke que falecera em Dezembro de 2016 vítima de cancro. Rachel acompanhou praticamente todo o sucesso da banda desde dos anos primordiais até ao auge do sucesso, inclusive o estrondoso OK Computer que asseguraria um estatuto universal à banda formada em Oxford em meados dos anos 80 e que prometeria ser uma das mais influentes bandas de toda uma geração.
OK Computer OKNOTOK 1997-2017 apresenta as tradicionais canções editadas há 20 anos, mas com melhoramentos acústicos e sonoros que vislumbram toda uma era musical de grande sucesso por parte dos Radiohead. O primeiro disco é composto pelas tais doze faixas de um álbum que alimentaria o estrelato de uma das mais influentes bandas de uma geração. Airbag, Paranoid Android, Subterranean Homesick Alien, Exit Music (For a Film), Let Down, Karma Police, Fitter Happier Electioneering, Climbing Up the Walls, No Surprises, Lucky e The Tourist, são as canções que compõem um dos mais aclamados trabalhos musicais do rock dos anos 90. Contudo esta nova edição de OK Computer não se trata de um simples aperfeiçoamento sonoro das canções mas sim de um regresso dos Radiohead que se apresentavam como a provável banda do momento em 1997, quando a concorrência para tal estatuto era imensa dado o carisma e o trabalho de enorme qualidade produzido por outras tantas bandas e intérpretes.
O novo conteúdo está presente no segundo disco e consiste em três faixas já interpretadas em raras versões tocadas ao vivo mas que nunca tinham antes sido editadas e que finalmente o foram foram nesta nova edição. I Promise, cuja letra encaixa na melodia de um modo bastante natural, relata uma série de promessas provavelmente inspiradas na relação de Thom com Rachel. Esta uma balada que apresenta acordes que podem remeter para a ilustre High and Dry e que possui uma musicalidade muito semelhante ao reportório dos Joy Division. Segue-se Man of War, gravada mais tarde, em 1998, que apresenta acordes iniciais de guitarra eléctrica que se assemelham a Paranoid Android, demonstrando uma das vertentes mais puras do rock produzido pelos Radiohead, com um riff de guitarra bem notório que se difunde ao longo da canção, terminando num ritmo mais suave. E ainda Lift, canção gravada em 1996 e apreciada por muitos fãs, necessitou de vários rearranjos e fora finalmente lançada nesta edição, exibindo bem o espírito dos Radiohead tendo a voz de Thom Yorke sempre presente, e os instrumentos que a acompanham dando cor a um segundo disco ainda composto pelas faixas que foram reeditadas em 2009: Lull, Meeting in the Aisle Melatonin A Reminder Polyethylene (Parts 1 & 2) Pearly Palo Alto e ainda How I Made My Millions, já conhecidas na última reedição que apresenta ainda algumas performances adicionais ao vivo. Tanto I Promise como Lift foram pela primeira vez tocadas durante uma tour com Allanis Morissete em 1996 e seriam finalmente recuperadas e dadas a conhecer oficialmente neste trabalho recheado de matéria musical da mais pura e sublime que pode existir, algo que é muito característico dos Radiohead.
Vinte anos depois, a reedição de OK Computer pode ser vista como algo espontâneo e natural fazendo todo o sentido, e continuará a fazê-lo tanto hoje após vinte anos do seu lançamento, como após trinta, quarenta ou cinquenta anos pois trata-se de um trabalho cuja qualidade não se perde ao longo dos anos. Em plena segunda década do século XXI, este é um álbum que se mantem actual dado o conteúdo em que fora inspirado nomeadamente em temas como a sociedade de consumo, o isolamento e até as divergências sociais e políticas, daí que as suas reedições sejam sempre ciclos gloriosos da excelência musical. Tendo grande parte do álbum sido tocado muito recentemente no mítico festival Glastonbury na Inglaterra, em pleno dia do lançamento desta edição proporcionando assim momentos de alto entusiasmo por parte da assistência, este é mais um sinal de que a chama musical e lírica de OK Computer tem tudo para se manter acesa e marcar as gerações de amantes de música que ainda virão, tudo graças ao espírito inconfundível daquela que pode ser já ser considerada uma das melhoras bandas de sempre.