Onze filmes para veres no Lisbon & Sintra Film Festival

por Bruno Victorino,    14 Novembro, 2019
Onze filmes para veres no Lisbon & Sintra Film Festival
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Aproxima-se a 13.ª Edição do Lisbon & Sintra Film Festival, que decorrerá de 15 a 24 de Novembro. Fora das secções oficiais Em Competição e Fora de Competição, teremos também homenagens e retrospectivas dedicadas aos realizadores e atores Christian Petzold, Willem Dafoe, Corneliu Porumboiu, Rita Azevedo Gomes, Alice Rohrwacher, Damien Manivel e José Miguel Ribeiro, que marcarão presença para conversar sobre as suas obras. Para além das Sessões Especiais, o Serviço Educativo e as masterclasses, destacam-se ainda dois ciclos temáticos, o simpósio internacional Resistências, que reunirá ativistas, políticos e criadores, e Looking for Homeland, que contará com um ciclo de filmes e debates, explorando o conceito de “homeland”. Da vasta panóplia de filmes, e sem desprimor pelos restantes, salientamos 11 sessões fundamentais. 

Zombi Child, de Bertrand Bonello

Depois da presença na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, chega a Portugal o novo filme do provocador cineasta francês. Baseado num roteiro escrito pelo próprio, o filme narra a história de uma rapariga haitiana que confessa um antigo segredo de família a um grupo de novos amigos e que gera repercussões inimagináveis. Após ter explorado os temas da prostituição e do terrorismo, Bonello desafia novamente o espetador, abordando o colonialismo francês no Haiti e convidando a uma reflexão sobre o racismo, o imperialismo e a memória cultural. Sessão dia 19, às 19h00, no Espaço Nimas (seguida de conversa com o realizador), e dia 20, às 18h00, no Centro Cultural Olga Cadaval.

Atlantis, de Valentyn Vasyanovych

Vencedor do Prémio Orizzonti no Festival de Veneza, o filme do realizador ucraniano promete oferecer-nos imagens impactantes. Acompanhamos Sergey, um ex-soldado que sofre de perturbação de stress pós-traumático, sentindo dificuldades em adaptar-se à sua nova realidade. Após ficar desempregado, junta-se a uma missão voluntária, dedicada a exumar cadáveres. É aí que conhece uma jovem rapariga que lhe permite restaurar alguma esperança na sociedade. Sessão dia 18, às 15h00, no Centro Cultural Olga Cadaval, e dia 22, às 16h00, no Espaço Nimas (seguida de conversa com o realizador).

https://www.youtube.com/watch?v=vg8XH-idB4w

Tommaso, de Abel Ferrara

Presença habitual nos festivais portugueses (o seu mais recente documentário The Projectionist, teve estreia no último Doclisboa), Abel Ferrara regressa com o seu novo trabalho, exibido na secção Special Screenings em Cannes e voltando a contar com o habitué William Dafoe, que contracenará com a mulher e a filha do próprio cineasta. Um drama improvisado, filmado em estilo documentário, que provavelmente convidará a uma reflexão metalinguística análoga à própria vida de Ferrara. Sessão dia 19, às 21h00, no Centro Cultural Olga Cadaval (com presença do realizador), e dia 20, às 21h30, no Espaço Nimas (seguido de conversa com o realizador e William Dafoe).

The Lighthouse, de Rober Eggers

Depois do êxito de The Witch, o realizador americano venceu o Prémio FIPRESCI da Federação Internacional de Críticos de Cinema, em Cannes, com a sua nova obra. Caracterizado como drama empolgante e turbulento, a ação do filme desenrola-se numa ilha, na década de 1890, onde um velho marinheiro (Willem Dafoe), se encarrega do serviço de um farol durante quatro semanas, auxiliado pelo seu novo assistente (Robert Pattinson). O formalismo da cinematografia do filme anterior conjugado com as imagens a preto e branco antevêem uma interessante experiência cinematográfica. Sessão dia 21, às 21h00, no Centro Cultural Olga Cadaval (seguida de conversa com Willem Dafoe), e dia 24, às 21h30, no Espaço Nimas.

 A Hidden Life, de Terrence Malick

Goste-se ou não, um novo filme de Malick é sempre um evento cinematográfico. Baseado em factos reais, A Hidden Life narra a história do herói anónimo Franz Jägerstätter, que se recusou a lutar pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Numa década bastante prolífica para o realizador americano, aguardemos para testemunhar de que forma poderá ter reinventado o seu cinema, considerando a presumível abordagem mais narrativa deste filme, relativamente aos seus últimos projetos. Sessão dia 17, às 21h30, no Espaço Nimas.

Sibyl, de Justine Triet

Sibyl é uma psicanalista que decide largar a maioria dos seus pacientes quando é tomada pelo desejo de escrever, procurando inspiração em Margot, uma jovem actriz que lhe suplica que a receba. Em pleno período de filmagens, Margot engravidou do actor principal, que mantém uma relação com a realizadora do filme. O novo filme da realizadora francesa sugere um tom satírico, procurando subverter o estereotipado romance dramático francês. Sessão dia 23, às 16:30, no Espaço Nimas (seguida de conversa com as atrizes Virginie Efira e Niels Schneider).

Martin Eden, de Pietro Marcello

Baseado no livro de Jack London com o mesmo nome, o filme do realizador italiano retrata a vida de um jovem autodidata proletário que luta para se tornar escritor. Estreado no Festival de Veneza – onde venceu o prémio de melhor ator para Luca Marinelli – o filme já mereceu comparações com as obras de Bonello e Petzold (também presentes nesta lista). Um romance histórico que problematiza a fronteira entre arte e política. Sessão dia 20, às 21h00, no Centro Cultural Olga Cadaval.

Phoenix, de Christian Petzold

Inserido na secção Homenagem a Christian Petzold, da qual aconselhamos todos os 11 filmes em exibição, será possível (re)ver, em sala, a obra-prima do realizador alemão, sem dúvida 1 dos grandes filmes da presente década. Phoenix narra a história de uma judia alemã que sobreviveu a um campo de concentração, mas ficou desfigurada por um grave ferimento na cara. Petzold utiliza o dispositivo cinematográfico para suscitar reflexões sobre identidade e o negacionismo histórico, de forma simultaneamente emocionante e perturbadora.  Sessão dia 17, às 14h00, no Espaço Nimas, e dia 23, às 21h30, no Centro Cultural Olga Cadaval.

A Vingança de Uma Mulher, de Rita Azevedo Gomes

Outra Homenagem que destacamos é a Rita Azevedo Gomes. Depois do êxito de A Portuguesa, exibido nos cinemas nacionais no início de 2019, surge a oportunidade de olhar, retrospectivamente, para a obra da talentosa cineasta portuguesa. Dos 6 filmes em exibição  sublinhamos A Vingança de Uma Mulher, que se trata de um drama de época, tal como a sua obra mais recente. Fazendo uso das potencialidades da atriz Rita Durão, o filme explora as dinâmicas de poder nas relações entre mulher e homem, através de uma abordagem quase teatral, que encontra paralelo com o cinema de Manoel de Oliveira. Sessão dia 21, às 21h30, no Centro Cultural Olga Cadaval.

To Live and Die in L.A., de William Friedkin

Nem só de realizadores vive o autorismo, e William Dafoe sempre se revelou um grande exemplo de como um ator pode deixar a sua vincada marca nos filmes em que participa. Com 1 filme Em Competição, 1 filme Fora de Competição, e uma Homenagem de 9 filmes que contam com a sua presença, Dafoe constitui-se como a grande estrela do festival. Da secção retrospectiva realce para To Live and Die in L.A. (do realizador de The Exorcist e The French Connection), filme policial que mostra um autêntico retrato caótico do crime. Sessão dia 17, às 15h, na Universidade Lusófona.

No Home Movie, de Chantal Akerman

No âmbito do ciclo temático Looking for Homeland, será exibido o último filme da conceituada realizadora belga Chantal Akerman, lançado em 2015, o mesmo ano da sua morte por suicídio. Filme extremamente pessoal que retrata os últimos momentos de vida da sua mãe, num registo de documentário que acompanha a vivência doméstica no seu apartamento em Bruxelas. Sessão dia 19, às 15h00, na Universidade Lusófona.

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