Papa Francisco diz que migrantes “não são ameaça ao cristianismo” e acusa China de perseguir Uigures, minoria étnica muçulmana
O papa Francisco vai lançar um novo livro em Dezembro. “Deixem-nos Sonhar” (nome do livro) traz várias temas importantes: a pandemia, a migração e as perseguições religiosas.
O sumo pontífice da igreja católica revelou, numa nota enviada à imprensa, e à cerca do seu novo livro, que “rejeitar um migrante em dificuldade, qualquer que seja a sua crença religiosa, por medo de diluir a cultura “cristã” é distorcer o que é o cristianismo e a cultura. A migração não é uma ameaça ao cristianismo, excepto nas mentes daqueles que beneficiam com isso quando dizem o seu contrário.“, reitera Francisco, que disse ainda que “Uma fantasia do nacional-populismo, em países cristãos, é defender a “civilização cristã” de supostos inimigos, sejam muçulmanos ou judeus (…)“, afirma.
Para Jorge Bergoglio, que é neto de migrantes italianos radicados na Argentina, “a dignidade dos nossos povos exige corredores seguros para migrantes e refugiados, de forma a que se possam mudar sem medo de zonas de morte para outras mais seguras. É inaceitável deixar que centenas de migrantes morram em perigosas travessias marítimas ou em travessias pelo deserto“, disse o Papa Francisco, que acrescentou ainda que “os migrantes mal pagos costumam constituir a mão-de-obra das sociedades mais desenvolvidas e continuam a ser desprezados.”
O Papa criticou ainda a China, o Egipto e o Paquistão por perseguirem povos pela sua fé: “penso frequentemente em povos perseguidos: os Rohingya, os pobres Uigures, os Yazidi ou os Cristãos no Egipto e no Paquistão, mortos por bombas que explodiram enquanto oravam na Igreja“, disse Francisco.
Após estas declarações do Papa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, disse que os comentários de Francisco não têm “qualquer base factual e que pessoas de todos os grupos étnicos desfrutam de plenos direitos de sobrevivência, desenvolvimento e liberdade de crença religiosa”, disse Zhao em conferência de imprensa.
A China e o Partido Comunista Chinês têm sido acusados, ao longo dos últimos anos, de serem responsáveis por actos desumanos de desrespeito dos direitos fundamentais. Os Uigures são um grupo étnico muçulmano da região da Ásia Central que vive maioritariamente no Noroeste da China, na região de Xinjiang. A China, que negava a existência de prisões onde mantinha Uigures, diz agora que estas instalações são centros destinados a fornecer treino vocacional e a prevenir o terrorismo e o extremismo religioso de forma voluntária.