“Perfil Perdido”, de Marco Martins, em estreia absoluta no Festival de Teatro de Istambul
“Somos todos Miríades. Bruxas, Sátiros, Caçadores
e criancinhas esqueléticas em admiração pela enormidade do Pai”
Siri Hustvedt
O novo espectáculo de Marco Martins, Perfil Perdido, com Beatriz Batarda e Romeu Runa, terá a sua estreia absoluta no próximo dia 28 de Novembro às 20h30, no espaço DasDas, no âmbito da 23.ª edição do Festival de Teatro de Istambul. O espectáculo estreia em Lisboa, no final de 2020, no Teatro São Luiz.
Explorando as barreiras ténues entre ficção e realidade, Marco Martins apresenta, em Perfil Perdido, um trabalho que parte da relação pai-filho no sentido amplo, para abordar questões como o género, a filiação, a domesticidade, a animalidade e a humanidade, a nossa condição de ascendência e descendência, entre muitos outros sentidos possíveis que o espectáculo gera a cada apresentação.
Criado em estreita relação com os artistas em palco e inspirando-se em textos de Sophie Calle, Siri Hustvedt, Franz Kafka, Édouard Louis, Peter Kubelka, George Oppen, Richard Tuttle, Sylvia Plath, Philip Roth, Sófocles e William Shakespeare, entre outros, Perfil Perdido não é um espectáculo fechado, mas antes uma peça em constante mutação, cruzando várias linguagens e referências – a literatura, a performance, a dança, a música ou o ilusionismo, para criar um terreno imprevisível de reacções, perspectivas e emoções, tanto no palco, como na plateia.
O trabalho de estúdio de Perfil Perdido foi iniciado há cerca de um ano, ao longo do qual a equipa do espectáculo realizou várias residências artísticas, nomeadamente na dVIR/CAPa (Faro), no Cine-Teatro Louletano (Loulé), no espaço CENTQUATRE (Paris) e no O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo).
Perfil Perdido é uma criação do Arena Ensemble, plataforma de criação artística criada por Marco Martins e Beatriz Batarda em 2007, um espaço de partilha que se conjuga com os seus trajectos individuais, que traduzem uma preocupação comum pelo risco e a experimentação na procura de novas formas e linguagens teatrais e performativas.
Entre os espectáculos mais marcantes do Arena Ensemble encontram-se: Provisional Figures Great Yarmouth (2018), Actores (2018), Todo o Mundo é um Palco (2017), As Criadas (2016), Quando o Inverno Chegar (2007) ou De Homem para Homem (2008), bem como os trabalhos desenvolvidos com a comunidade cigana de Sanguedo em Baralha (2010) e com os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em Estaleiros-ENVC 2012 (2012), ambos em colaboração com o CCTAR – Centro de Teatro e Artes de Rua. Nesse sentido existe desde o início do Arena Ensemble, a consciência de uma responsabilidade na procura de uma linguagem teatral capaz de transpor as tradicionais fronteiras clássicas do palco e de se colocar no centro da discussão e do espaço público.