Primeiro consórcio português de jornalismo de investigação é lançado esta semana
A primeira investigação do consórcio é sobre discurso de ódio por polícias da PSP e militares da GNR.
O primeiro consórcio português de jornalismo de investigação será lançado no próximo dia 16 de novembro, quarta-feira. O Consórcio – Rede de Jornalistas de Investigação será tornado público no auditório B1 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), em Lisboa, a partir das 18h30.
O lançamento contará com um debate sobre jornalismo de investigação colaborativo. A conversa estará a cargo de Pedro Coelho (jornalista da Grande Reportagem da SIC, docente na NOVA FCSH), Antonio Rubio (jornalista e presidente da Associação de Jornalistas de Investigação Espanhóis – API), Cláudia Marques Santos (jornalista freelancer) e Marisa Torres da Silva (professora na NOVA FCSH). Seguir-se-á a exibição do primeiro episódio de duas grandes reportagens que serão emitidas na SIC.
O Consórcio – Rede de Jornalistas de Investigação é uma associação sem fins lucrativos que promove o jornalismo colaborativo criando pontes com a academia e associações jornalísticas internacionais. “Este projeto propõe-se a fortalecer o jornalismo de investigação rompendo com lógicas de competição, agigantando as histórias ao dar-lhes uma escala que lhes permite resistir às inevitáveis pressões”, pode ler-se num comunicado a que a Comunidade Cultura e Arte teve acesso.
“O Consórcio acredita que o jornalismo é a forma de garantir à comunidade a informação de que precisa para tomar decisões em liberdade. No tempo da informação global, onde todas as peças se cruzam, o jornalismo exige competências vastas que ninguém, sozinho no seu mundo estanque, consegue abarcar. A colaboração entre jornalistas e órgãos de comunicação social prolonga a vida do jornalismo de investigação”, lê-se ainda no mesmo comunicado.
Deste novo projeto fazem parte Pedro Coelho, Paulo Pena (jornalista do Investigate Europe), os jornalistas do Setenta e Quatro Filipe Teles e Ricardo Cabral Fernandes, os jornalistas freelancers Cláudia Marques Santos e Tiago Carrasco, Pedro Miguel Santos e Ricardo Esteves Ribeiro (jornalistas do Fumaça), o advogado Ricardo Correia Afonso e os professores universitários Carla Baptista (NOVA FCSH), Dora Santos Silva (NOVA FCSH), Marisa Torres da Silva (NOVA FCSH), João Figueira (Universidade de Coimbra) e José Ricardo Carvalheiro (Universidade da Beira Interior).
Na primeira investigação do consórcio, os seus jornalistas debruçaram-se sobre mensagens racistas, xenófobas, misóginas e apelos diretos à violência em grupos de Facebook de polícias da PSP e militares da GNR. Um exemplo: numa verdadeira orgia verbal, quatro agentes das forças de segurança apelaram à violação coletiva de uma jornalista. Foram identificados quase 600 polícias, dos quais 22 têm ou tiveram cargos na estrutura de sindicatos e que estão, ou estiveram, envolvidos em processos judiciais. Sabemos quem são estes 600 polícias e militares, que posto ocupam e a que esquadra ou quartel pertencem.
Incorporando o espírito do consórcio, esta investigação, assinada pelos jornalistas Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena, será publicada na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público entre 16 e 20 de novembro.