Quarto episódio da série “Urban Being” reafirma o lugar das bicicletas na cidade
No episódio da série Urban Being, o ryder Paulo Martins começa por explicar como as superfícies lisas da cidade – como os campos de futebol que à noite se encontram vazios –, podem ser telas onde se inventam figuras arrojadas, ou seja onde se esboçam novos traços de identidade: “aquilo vai ficar para a vida”, diz o veterano que aprendeu a conhecer o mundo sobre duas rodas, o seu primeiro passaporte para fora das aparentemente intransponíveis fronteiras do bairro.
Neste novo filme de uma série que pinta a cidade com novos olhos e novos protagonistas, André Braz e Pedro Patrocínio, que assumem a realização, voltam a descobrir os ângulos que o olhar convencional normalmente ignora: no entender destes autores, porém, o espaço urbano surge como algo diferente a quem o encara de cima de uma tábua com quatro rodas, a quem o perceciona como uma pista de dança ou como um conjunto de obstáculos a ultrapassar. E para quem, pois claro, o vê como um percurso só passível de ser percorrido quando se monta um veículo de duas rodas. “O espaço urbano”, garante Paulo Martins que recebeu a sua primeira BMX em 1983, “deixa de ser aquilo que é, para passar a ser aquilo que tu queres que ele seja”. A cidade é, afinal, uma “grande oportunidade” que se reinventa todos os dias.
Pedro Gil, outro dos protagonistas deste filme, adepto das bicicletas mais clássicas, acredita que este é também um bom veículo para se reencontrar a natureza, perceber a passagem do tempo e das estações, encontrar rotas para lá da cidade. Já Filipa Peres, que usa uma bicicleta elétrica, entende-a como uma “boia de salvação”, uma forma prática e ecológica de navegar na cidade, de levar crianças à escola, de ir trabalhar ou fazer compras. E depois há António Loureiro, amolador, para quem a bicicleta é, simultaneamente, passaporte de liberdade e ferramenta de trabalho, o motor que permite que exerça a sua arte, uma presença que ainda se faz ouvir, através do tradicional aviso na flauta, nos bairros das grandes cidades.
Neste filme, a bicicleta é descrita como uma forma de garantir o pão de cada dia, um instrumento com que se pinta a tela que é a cidade, um veículo para alcançar a felicidade. E num espaço urbano com cada vez mais ciclovias, esta é uma alternativa que se aproxima a cada dia que passa cada vez mais da norma. Forma de superar obstáculos ou de encurtar distâncias, para trabalhar ou para descontrair, é um veículo e uma peça de criatividade, cada vez mais indispensável.
Neste quarto episódio de uma série que foi criada no âmbito da iniciativa Betclic NXT – um movimento de co-criação de conteúdos colocado em marcha pela Betclic Portugal que pretende apoiar as mais abertas e criativas mentes do nosso país –, proporcionando condições para realizarem as suas visões, o espaço urbano volta a ser cenário e personagem-chave de uma história que se desenrola todos os dias diante dos olhos dos que habitam a grande cidade.
A realização de André Braz e Pedro Patrocínio continua a ser capaz de pintar com elegância e rigor todos estes diferentes quadros, adaptando os enquadramentos e o flow das imagens a cada um dos protagonistas, misturando a luz certa com o perfil de cada personagem, mas captando igualmente as nuances pessoais de cada um dos ciclistas aí representados. Com montagem de Pedro Fernandes, tão dinâmica e fluída como as viagens sobre duas rodas, o filme conta ainda com a sempre elegante e expressiva banda sonora de Fred Pinto Ferreira, produtor e, entre tantas outras coisas, baterista de Orelha Negra, que assina aqui mais uma belíssima paisagem sonora feita de carismáticas passagens rítmicas e memoráveis camadas melódicas que se conjugam da melhor forma para servir a narrativa geral.
Urban Being – Bikes estreou este domingo (dia 5), no canal Youtube da Betclic Portugal. O primeiro episódio foi dedicado ao Skate, o segundo focou-se no Break Dance e o terceiro revelou-nos a dinâmica do Parkour.