Realizadores iranianos Mohammad Rasoulof e Mostafa Al-Ahmad são presos após críticas contra o abuso da força e a violência policial
Mohammad Rasoulof, realizador de There Is no Evil / O Mal não Existe, Urso de Ouro no festival de Berlim em 2020, distribuído em Portugal pela Leopardo Filmes, e de a A Man of Integrity, que integrou a Selecção Oficial em Competição do LEFFEST 2017, foi preso na última sexta-feira pelas autoridades iranianas, segundo a Variety e os seus produtores Kaveh Farnam e Farzad Pak. O pretexto para a prisão de Rasoulof, juntamente com o realizador Mostafa Al-Ahmad, foi um protesto nas redes sociais contra o abuso da força e a violência policial [#lay_down_your_weapon] e ainda o ano de prisão a que foi condenado por ter feito o filme A Man of Integrity. Recorde-se que Rasoulof foi impedido pelas autoridades iranianas, que lhe haviam confiscado o passaporte, de se deslocar ao festival de Berlim, e foi a sua filha que recebeu em seu nome o Urso de Ouro em 2020.
Rasoulof, um dos mais proeminentes realizadores iranianos, cujos filmes têm vindo a ser proibidos no Irão e que em 2010 foi condenado a seis anos de prisão pelo crime de “associação, conluio e propaganda contra o regime”, sentença mais tarde reduzida a uma pena condicional, tendo o cineasta pago uma fiança, e à proibição de fazer filmes, como aconteceu com Jafar Panahi, está em solitária na prisão de Evin, em Teerão, uma prisão para os presos políticos, onde tem estado a ser interrogado. Outra das acusações prende-se com o documentário que tem em mãos, Intentional Crime, no qual investiga a morte do poeta iraniano Baktash Abtin, também ele um preso político, desde a sua detenção e hospitalização até à sua morte em circunstâncias obscuras.
Os protestos internacionais contra a prisão arbitrária de Mohammad Rasoulof e Mostafa Al-Ahmad têm-se alastrado, desde os directores do festival de Berlim, Mariette Riesenbeck e Carlo Chatrian, ao presidente da European Film Academy, Mike Downey. Os produtores de Rasoulof apelam à comunidade internacional, aos realizadores, produtores, distribuidores e todos os que trabalham no cinema, para uma “condenação firme das autoridades iranianas, que desrespeitam os direitos humanos e as liberdades civis dos realizadores iranianos independentes, que reprimem e pressionam de forma constante”, e exigem a sua “libertação imediata e incondicional”.
A distribuidora Leopardo Filmes e o Lisbon & Sintra Film Festival associam-se a este protesto, pode ler-se num comunicado a que a Comunidade Cultura e Arte teve acesso.