Samuel Úria gritou os hinos do pós-guerra no Porto
Samuel Úria apresentou o seu mais recente disco, Canções do Pós-Guerra, no dia 7 de outubro, na Casa da Música. A estreia do artista a título pessoal na Sala Suggia foi dedicada sobretudo ao novo trabalho, mas não esqueceu os clássicos que os fãs tanto adoram.
O palco foi ordenado de uma forma curiosa: a banda ficou elevada em plataformas digitais, Úria à frente no centro e nas suas costas um coro de 12 vozes. Um exército talentoso que se moveu como um só ao entoar os hinos do músico português.
“Fica Aquém”, o primeiro single do novo álbum, abriu as hostilidades. O crescendo da canção foi uma forma ótima de introduzir os vários elementos da banda ao palco e antecipar a chegada do homem da noite. Samuel Úria veio por trás do coro até ao microfone e deu início, em definitivo, ao espetáculo.
A primeira parte deu foco, sobretudo, ao trabalho mais recente do músico. Faixas como “Tempo Aprazado” ou “O Muro” foram escutadas na primeira meia-hora de concerto. Pelo meio, intrometeram-se algumas já conhecidas dos fãs. “Mãos” foi dedicada a Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves, membros da banda Clã que estavam no público. Já a doce balada atmosférica “Carga de Ombro” proporcionou o primeiro grande momento da noite, com o público da Casa da Música a acompanhar o coro no pedido de amor do refrão hipnótico.
A maioria destas “canções do pós-guerra” foram gravadas em Vila Nova de Gaia, incluindo alguns dos destaques como “Guerra e Paz” e “A Contenção”. Outras raramente saíram do estúdio, pois necessitavam de ajuda de um coro. Nesta noite, na Sala Suggia, isso não foi problema e tivemos então a oportunidade de ouvir “Espalha Brasas”.
Samuel Úria não foi a única estrela da noite. O guitarrista de serviço, Jónatas Pires, que impressionou com solos fantásticos ao longo da noite, teve direito a um momento de protagonismo. O artista pôs em pausa a discografia de Úria para atuar o seu novo single “Eu Só Preciso”. Pouco tempo depois disso, o palco voltou a ser dividido, desta vez com o dueto da canção “Cedo” entre Samuel Úria e Monday.
O concerto terminou com uma bonita rendição da quadra única “Segreguei-te ao Ouvido” que transitou suavemente para “Teimoso”. Uma forma energética de encerrar, mas que não enganou ninguém. Já sabemos como estas coisas são. O manager de Samuel Úria ainda lhe perguntou se ele regressaria para um encore e as palmas da Sala Suggia não deram dúvidas ao músico.
Sozinho no palco, Úria tocou “Menina”, a última de Canções do Pós-Guerra. Uma balada íntima sobre a mãe do artista e das memórias visuais e sonoras do tempo de infância. Do passado pessoa para o passado profissional, chegou a vez da inevitável “Lenço Enxuto”. Gisela João fez uma aparição surpresa para emprestar a sua voz característica ao poema emocional e o resto da banda regressou ao palco para a sua conclusão catártica.
“Império” parecia assinalar o derradeiro fim do concerto. Contudo, havia mais. Enquanto o público aplaudia de pé os artistas, Samuel Úria começou a brincar com a guitarra e de lá saíram os acordes de “Barbarella e Barba-Rala”. A última que faltava para tornar o espetáculo numa noite perfeita para os fãs.