Sugestões para todos os sentidos
Em jeito de uma rubrica semanal muito informal, os nossos editores darão recomendações semanais aos nossos apoiantes/patronos sobre filmes, álbuns, livros ou qualquer outra coisa que tenham andado a ver e que gostariam de recomendar. Hoje é a minha vez, João Estróia Vieira, um faz-tudo na CCA, mas sou sobretudo editor na área de Cinema e Séries (não me cingirei unicamente a isso aqui neste artigo). Deixo aqui as minhas sugestões:
– Estive de férias em dois locais maravilhosos no início de Outubro. Fui primeiro a Monsaraz, onde fiquei hospedado na Estalagem, que além de um pequeno almoço óptimo e simpatia do seu staff tinha duas coisas que muito prezo quando escolho um local para repousar: a gastronomia e a beleza do local. Sei que há muitas vistas bonitas em Portugal, mas convido-vos a ir ver a beleza de quem olha a planície alentejana da estalagem, e aquela piscina maravilhosa onde apetece relaxar a ler. Se tiverem fome, por favor, façam o favor de ir ao restaurante Sem Fim, que além de ter uma uma comida fabulosa tem também uma sala de exposições que podem visitar antes, durante ou depois da refeição.
– Depois de Monsaraz segui caminho para Santiago do Cacém onde fiquei no hotel Tons da Terra, isolado do mundo, sem net, sem rede (a não ser quando saía para almoçar, praticamente) e onde deu para ler alguns livros como o “Teoria King Kong”, de Virginie Despentes e o “Todos Devemos Ser Feministas”, da Chimamanda Ngozi Adichie, ambos livros feministas que, não me tendo aberto os olhos para o Mundo, infelizmente, me tornaram ainda mais sensível a alguns temas. Acho sinceramente que são livros obrigatórios para quem tenha alguma familiaridade com o tema ou queira ter. Li também “Um Segredo Ardente”, que só veio sustentar ainda mais o Stefan Zweig como um dos meus novelistas favoritos. O livro foi uma pechincha durante a Feira do Livro. Estou neste momento a acabar o “Outrora e Outros Tempos”, da Olga Tokarczuk, e está a ser uma obra fantástica.
– Tenho andado um pouco afastado do cinema agora, mas entretanto tenho visto vários filmes na Netflix mas vi também “Listen”, da Ana Rocha de Sousa, um filme activista que recomendo, e vi um filme de terror daqueles que faz passar bem o tempo: “Escape Room“. Pelo título já farão ideia do que se trata pelo que não me alongo aqui. Agora, a minha verdadeira recomendação. Sei que já venho um pouco tarde e que para muitos não será uma novidade, mas para mim é “Ramy”, série criada pelo humorista Ramy Youssef. Vencedora de vários prémios, a série está disponível na HBO em Portugal e é um must.
– Tenho um (grande) artigo que vos quero muito recomendar. É o The Problem of Free Speech in an Age of Disinformation do NY Times, que se debate com um dos grandes problemas de hoje em dia, um pouco por toda a nossa sociedade e as suas várias vertentes, que é o significado e a discussão dos limites (ou não) da Liberdade de Expressão numa época de fake news de desinformação, de pós-verdade e tantos outros conceitos que nos parecem tão recentes, e que com a disseminação de redes sociais/espaços de partilha de conteúdo, etc, etc, se tornaram em algo muito perigoso para a nossa vida em comunidade, resultando, em muitos casos, em teorias de conspiração perigosíssimas.
– Na música ando a saltitar entre vontades, como sempre, mas posso dizer-vos que tenho andado viciado no último álbum dos Deftones, Ohms, que eu já considero um dos melhores, senão mesmo o melhor, álbum da banda. Convido-vos.
– Quero começar a recomendar-vos algumas das páginas de instagram que mais gosto de seguir. Desta vez vou recomendar-vos a página ugurgallen, página pessoal do artista turco Uğur Gallenkuş, que usou a sua conta de instagram para criar montagens reflexivas onde cria um acentuado e notório contraste entre os dois Mundos onde vivemos e alertar-nos, sensibilizar-nos, para os impactos da guerra, entre outros locais, na Síria. Vejam. É impressionante.
