Três Tristes Tigres estão de volta aos originais com “Mínima Luz”
Com um legado ímpar na cena artística portuguesa, Ana Deus e Alexandre Soares têm uma linguagem e estética muito próprias que os distingue quando se fala de Arte. Da música à dança, passando pelo teatro e a literatura, não têm fronteiras e os vários projectos que têm desenvolvido são disso um bom exemplo. Da palavra cantada à dita, a solo ou como Osso Vaidoso – projecto que têm em comum desde 2010 e com o qual já editaram dois discos –, Ana Deus e Alexandre Soares continuam a ter o que dizer e “Mínima Luz” é a prova. Desafiados pelo Porto Best Of – Rivoli a vestirem a pele de Três Tristes Tigres em 2017, para comemoração do 20.º aniversário do álbum de estreia, “Guia Espiritual”, ficou claro que ainda havia vontade de ouvir e espaço para a dupla.
“Mínima Luz”, o disco que marca o regresso dos Três Tristes Tigres aos originais, é editado sexta-feira, 1 de Maio, em CD e em formato digital. No final de Maio estará também disponível em vinil.
O desejado sucessor de “Comum” (1998) – o terceiro álbum da dupla que se estreou em 1993 com “Partes Sensíveis”, ao qual se seguiu “Guia Espiritual” (1996) – foi composto e produzido por Alexandre Soares e Ana Deus e conta com a participação do baterista Fred Ferreira, do baixista Rui Martelo, do percussionista Gustavo Costa e da harpista Angélica Salvi, e com cinco poemas originais de Regina Guimarães, um de Luca Argel, um de Ana Deus e traduções adaptadas de poemas de William Blake e Langston Hughes.
“Para este disco comecei por sugerir que a temática se aproximasse de profecias ou rezas, desejos. Sair, na medida do possível, da realidade diária já tão multiplicada em notícias, partilhas e comentários. Mas esquecer o tema também foi importante e inevitável, as circunstâncias de cada um também se manifestaram. O resto resultou de uma rotina quase diária de ensaios e gravações ao longo de dois anos”, explica Ana Deus.
Alexandre Soares enquadra o processo de composição: “A sonoridade foi construída nos últimos dois anos e reflecte esse caminho. A composição e a estrutura do som foram desenvolvidas entre o encontro de guitarras eléctricas de vertente mais rock ou processadas, e acústicas mais espacializadas em contraponto a sintetizadores modulares, e sampler granular. É um retorno à electrónica com percussão acústica a complementar, e também a associar convidados com empatia musical forte. Mas não é a soma das partes que define o som dos Três Tristes Tigres, é a vontade de estar presente no hoje, e ser parte dele também.”
“Língua Franca”, “À Tona” e “Galanteio” foram os primeiros singles de “Mínima Luz”, uma edição de autor, que é composta por nove temas. Gravado no Estúdio Sonoscopia, foi misturado no Estúdio Meifumado por Zé Nando Pimenta (excepto “Estado de Espírito” e “Jasmim”, misturados no Estúdio Sonoscopia por Alexandre Soares), e masterizado por Miguel Marques Arda Recording Co.
Devido ao Estado de Emergência, e enquanto não abrem as lojas de discos, “Mínima Luz” está disponível por encomenda através do mail (correiodostigres@gmail.com). Os interessados podem encomendar o CD e receber um exemplar em casa, por 10€ + portes de envio.