Um furacão chamado Ho99o9
Moveram-se de Nova Jérsia para Los Angeles, dizem eles, porque lá os tacos são melhores. Este verão arruinaram muitos dos palcos nos festivais por essa Europa fora, um deles foi o do Milhões de Festa. São um autêntico furacão, um furacão chamado Ho99o9 (lê-se Horror).
O concerto deste verão aconteceu no Milhões de Festa, claro, excepção feita à estreia dos lendários Neurosis, no Amplifest. A banda de Eaddy e theOGM deixou saudades depois de terem arrebatado todas as expectativas no festival de Barcelos. Já todos sabemos que o hardcore, o punk e o rap podem andar de mãos dadas, embrulhados ou abraçados. Desde logo surgem-nos à memória nomes como os Beastie Boys, Bad Brains ou Death Grips. É inevitável falar sobre esta fusão de géneros sem pensar automaticamente nestas bandas.
Os dois rappers cresceram e andaram pelo meio do movimento de hip hop nova-iorquino. Rapidamente entraram na cena hardcore punk dos subúrbios da cidade e foi lá que beberam as primeiras influências para um projecto que mais tarde viria a ter nome. A influência de bandas como Suicidal Tendencies, Municipal Waste, Black Flag ou Agnostic Front está muito presente na música dos Ho99o9, no entanto, a veia do rap oriundo de nomes como Wu Tang Clan e N.W.A. também lá mora. A mistura é explosiva e, garantidamente, mais extrema que Death Grips.
A dupla actua ao vivo munida de um bom baterista, que persegue o ritmo galopante das samples de hardcore punk chutadas para o ar. Estes rapazes de Nova Jérsia, agora de Los Angeles, demonstram que não existe raça, nem etnia para os géneros musicais. São mais um exemplo da célebre expressão proferida uma vez por Kendrick Llamar: “Não faço música de negros, nem música de brancos, faço música do quotidiano.”