26 anos de Sonic e ainda não nos cansámos dele
Apesar de Donkey Kong (1981) ser considerado por muitos como o verdadeiro primeiro jogo de plataformas, só em 1983, com Mario Bros é que o género ficou mundialmente famoso, tendo Sonic The Hedgehog, em 1991, popularizado o género de tal forma que até aos dias de hoje ainda existem tentativas de cópia destes últimos dois jogos.
Se Mario Bros criou uma nova realidade para os utilizadores das consolas da Nintendo, Sonic The Hedgehog expandiu o género para todas as áreas, desde a banda desenhada à televisão, elevando uma consola até ao topo. Embora a Sega tivesse inúmeros exclusivos de grande qualidade, Sonic foi sem dúvida o grande rei de todos eles durante algum tempo. A Nintendo sempre se focou mais em criar novas identidades e personagens de forma a ter uma exclusividade de possibilidades dentro de portas (Kirby, Metroid Prime, Donkey Kong, etc).
Esta opção identitária e estratégica trouxe benefícios e prejuízos a ambas as marcas. Se para a Nintendo a limitou grandemente fora do Japão, principalmente no que toca à luta entre Playstation Vs Sega Saturn, do qual a Nintendo nunca participou (A Nintendo 64 correu a diferente velocidade e numa altura também algo diferente), para a Sega limitou-a ao nível da identidade. A exclusividade de vários títulos deixou de existir, títulos esses que transitavam para o PC ou máquinas de arcada. Contudo, o verdadeiro problema da Sega chamou-se Dreamcast: uma máquina super potente e claramente à frente do seu tempo, com internet e jogos que até hoje permanecem míticos, como Shenmue, Crazy Taxi ou Phantasy Star Online. Os problemas de loading e o facto de ser demasiado complicado programar para a consola acabaram por derrota-la e a antecipação face à Playstation 2 provou-se um desastre, já que como se tem visto ao longo dos anos, lançar consolas isoladamente, sem a concorrência, nem sempre é uma boa ideia.
Após vários anos conturbados, que começaram com a queda da Dreamcast aos pés dela própria, a Sega nunca conseguiu recuperar o lugar que tinha nos anos 90. Esses problemas levaram a que os seus exclusivos transitassem quase todos para a Playstation, algo que a curto/médio prazo se revelou fatal. Essa transição e pouca capacidade de ver além de um estilo de jogo que estava a transformar-se (plataformas) fizeram com que a Sega enterrasse completamente a sua marca.
A partir daí começou a existir apenas enquanto produtora, fabricando ocasionalmente alguns jogos e falhando redondamente em todos os jogos da saga Sonic que foram lançados.
Com o anúncio de um novo Sonic para 2017, desta vez com um regresso 100% às origens, muito se especulou sobre a qualidade do mesmo. Seria a Sega capaz de voltar a fabricar um jogo de grande qualidade, com capacidade de ombrear com os jogos actuais? Faria sentido desenvolver um jogo de plataformas clássico numa altura em que os jogos desse estilo que existem são tão mais complexos? A resposta foi um grande sim.
Sonic Mania é referido por alguns dos maiores sites de videojogos como o melhor jogo de Sonic de sempre e não é para menos. O design cuidado, jogabilidade deliciosa e carisma dos personagens e cenários trouxe tudo o que Sonic teve de bom de volta. O seu preço reduzido (20€), assim como a possibilidade de comprá-lo para qualquer plataforma fez com que toda a curiosidade à sua volta pudesse ser experimentada por todas as pessoas. Cada nível foi criado ao detalhe, com uma banda sonora a fazer lembrar os velhos tempos da antiga Sega Mega Drive e sem integrar demasiados personagens que ninguém quer saber.
Sonic Mania é um jogo puro, catapultado directamente dos anos 90 para 2017, com o mesmo estilo, jogabilidade viciante e detalhes que fizeram do seu personagem principal uma das mascotes mais adoradas da história dos videojogos.
A questão que fica no ar é: e agora Sega, o que vem a seguir?