#32 Essenciais do Cinema – ‘Rashômon’ de Akira Kurosawa

por João Braga,    28 Dezembro, 2017
#32 Essenciais do Cinema – ‘Rashômon’ de Akira Kurosawa
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Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.

Rashômon (1950)
Realizador: Akira Kurosawa
Protagonizado por: Toshirô Mifune, Machiko Kyô e Masayuki Mori

Qual é o melhor filme japonês? “Rashômon” ou “Sete Samurais”? É uma das maiores dúvidas do cinema, na indústria japonesa. Pessoalmente, Sete Samurais é o melhor filme japonês, aliás o filme já foi mencionado, aqui, no Essenciais do Cinema. No entanto, a diferença não é nada significativa, diria até que é ínfima. “Rashômon” (pt: “Às Portas do Inferno”) estabelece-se como um dos filmes pioneiros de mistério, conseguindo inspirar muitos outros filmes que, no futuro, iriam ser exibidos. É um dos poucos filmes a mostrar diferentes versões e conclusões do mesmo crime, neste caso, um homicídio.

Novamente, Mifune – o melhor actor japonês – participa noutro dos grandes filmes da sua carreira. A parelha Kurosawa/Mifune maravilha qualquer estudante de cinema, fã, conhecedor e admirador da indústria cinematográfica. São inúmeros os desempenhos de alta qualidade do actor – que com a mestria de Kurosawa – consegue deliciar os espectadores permitindo-nos viver, através dele, o papel que desempenha. Aliás, os desempenhos são fantásticos, perfeitos até, atingindo um nível pouco comum no cinema, onde todos os actores se excedem e obtêm representações magistrais.

Apesar de conter uma perspectiva alegórica do Japão do pós-guerra, “Rashômon” também mostra uma perspectiva muito realista, pelo menos em termos da verdade. Um dos personagens está a perder a esperança da humanidade, mas ganha-a de volta, após uma demonstração de afecto por parte de um dos outros personagens. É um ‘ pedido de socorro’ quase, enquanto o filme demonstra uma diferente e original descrição de um assassínio. As várias versões do mesmo crime, não só dão uma perspectiva nova e fresca de um crime por resolver, mas também fornece uma visão das emoções do povo japonês e do seu país, após a derrota na Segunda Guerra Mundial. O bebé abandonado é a realidade e o símbolo do futuro e da luta necessária para aqueles que mais precisam. É um absoluto Essencial do Cinema, obrigatório para qualquer fã de cinema e um dos melhores filmes de todos os tempos.

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