Quarentena Académica: a plataforma que responde a dúvidas dos estudantes
A emergência da pandemia que enfrentamos veio afetar todas e todos aqueles que viram a sua vida abalada pela mesma. Trouxe à costa um aglomerado de problemas que o país já enfrentava, mas que agora se acentuam. Os alunos do Ensino Superior sentem-se ameaçados e, nesse sentido, os problemas sociais, resultantes de uma pandemia desconhecida e galopante, não andam pelas ruas e casas sozinhos. Seguem-lhes os problemas económicos das famílias e as fragilidades na saúde mental de cada um de nós.
Muitos portugueses vêem-se obrigados a ficar em casa, a fechar portas, a receber apenas 66% dos seus salários e a observar condições de incerteza face ao futuro do seu emprego e da sua fonte de rendimento. Isso resultou a que grande parte das famílias visse também a sua situação económica a sofrer danos inevitáveis. Por esse mesmo motivo, muitos alunos do ensino superior encontram-se agora incapazes de pagar as propinas. E quem os pode proteger?
Recentemente, muitas universidades decidiram fechar portas às aulas presenciais até ao final deste ano letivo. Isto significa que os alunos destas universidades não terão acesso aos recursos materiais proporcionados pelas mesmas e não usufruirão do espaço físico destas. Os alunos e os pais apelam à suspensão do pagamento das propinas e olham para esse apelo como uma proposta urgente que recebe um silêncio ensurdecedor como resposta.
Neste momento, não só existem grandes fragilidades na situação económica das famílias, como existe também um problema emergente: a saúde mental dos estudantes.
Catarina Ferraz, aluna de licenciatura da Universidade do Minho, alerta que as instituições do ensino superior têm ignorado os gritos de angústia dos estudantes que não sabem como poderão pagar as propinas, como serão avaliados e através de que plataformas e-learning. A incerteza ronda o espectro universitário e as universidades continuam a agir como se a pandemia atual em que nos encontramos não alterasse a nossa produtividade e concentração. Continuam a apelar para que o ensino prossiga de uma forma natural, mas não vivemos numa época normal. Sobrecarregam os alunos com trabalhos como meio de os manter ocupados e motivados, obtendo um resultado completamente oposto.
Esta plataforma pretende informar os estudantes dos apoios disponíveis e, juntando todas as dúvidas e queixas, alertar os responsáveis para os problemas que mais estão a afetar os estudantes. Pretende representar todos os estudantes, começando com os alunos do ensino secundário, que estão neste momento sem respostas sobre como será a sua avaliação e acesso ao ensino superior, até aos alunos de doutoramento.
Ana Isabel Silva, aluna de doutoramento na Universidade do Porto, alerta também para os problemas dos alunos de doutoramento. Estes alunos têm atualmente as suas instituições fechadas encontrando-se sem maneira de trabalhar e muitos têm de continuar a pagar as propinas. Espera-se destes alunos um trabalho profissional, o que devido às atuais circunstâncias nem sempre é possível. Muitos não têm ainda respostas das suas instituições sobre quando e como poderão defender as suas teses.
Mariana Rodrigues, aluna da Universidade de Coimbra, sublinha que a inevitabilidade de uma crise económica seguida ao Covid-19 motiva um plano de prevenção do MCTES que garanta que esta pandemia não resulte em abandono escolar e diminuição do acesso, história repisada num passado recente. Ademais, com a suspensão da atividade letiva presencial na UC, os estudantes que se deslocaram das residências para as suas habitações familiares vêem-se impossibilitados de aceder a material de estudo e tecnológico que lá deixaram. É uma situação inédita, mas importa garantir que todos os estudantes têm acesso ao material necessário e um ambiente seguro para manter a “normalidade” num ensino de e-learning.