“A Herdade”: adaptação em série permite “uma leitura diferente” da história
A Herdade, de Tiago Guedes, estreia em formato de minissérie esta quinta-feira, dia 30 de abril, na RTP. O ator Albano Jerónimo conduziu a apresentação em direto do Instagram oficial do canal estatal, onde conversou com Tiago Guedes, Ana Vilela da Costa, Sandra Faleiro e Rodrigo Tomás.
A produção de Paulo Branco estreou nos cinemas em setembro de 2019 e teve o apoio da RTP. Apresenta a história de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, que é afetada pelas mudanças históricas, políticas, sociais e financeiras de Portugal, como o 25 de abril.
A série divide-se em quatro episódios de 45 minutos cada. Os dois primeiros episódios estreiam na RTP1 no dia 30 de abril, a partir das 21h45, enquanto os últimos seguem no dia 1 de maio, pela mesma hora.
Durante a apresentação, Tiago Guedes relembrou que a versão que estreia na RTP é diferente da que esteve nos cinemas e que já foi exibido várias vezes em canais por cabo, como nos canais TVCine. “São objetos diferentes na maneira como o público os consome”, afirmou o realizador, acrescentando que a divisão por episódios “implica outra reflexão do que de um fôlego só”. Para além disso, a minissérie engloba um conjunto de cenas que não fizeram parte da produção apresentada nos cinemas.
Em resposta ao Espalha-Factos, Tiago Guedes ressalvou ainda a importância da transmissão da produção na televisão, por permitir que a história alcance um número de pessoas que não a viram na sala de cinema. “O importante destas coisas é mesmo chegar a toda a gente”, sublinhou, uma vez que o trabalho “viveu de uma energia muito consciente de todos de que se estava a fazer algo relevante”.
O protagonista, Albano Jerónimo, falou d’A Herdade como “um daqueles momentos especiais que de vez em quando uma pessoa apanha e não sabe quando vai voltar a apanhar”, revelando que o filme deu a todos “imenso prazer fazer”. Criado no Ribatejo, admitiu ainda que adaptar-se à personagem não foi difícil, uma vez que cresceu “a ver pessoas a mandar noutras”.
O tempo do filme foi um fator que impressionou muito o público, por não ser usual nas produções portuguesas, de acordo com Tiago Guedes e Albano Jerónimo. Porém, ambos destacaram que o tempo é também “muito responsável pelo sucesso do filme”, através da “força dos silêncios e do que se vai passando por dentro”.
A atriz Sandra Faleiro, que veste a pele de Leonor, esposa de João Fernandes, vê na sua personagem e no seu crescimento uma metáfora ligada ao 25 de abril. “Não é uma mulher com um discurso político de emancipação, mas sim que teve coragem para romper com algumas coisas da vida dela”, refletiu. Para além disso, a artista revelou acreditar que “há personagens que nos podem salvar”, afirmando que Leonor lhe “caiu no colo numa altura perfeita da vida”.
Para Ana Vilela da Costa, que interpreta Rosa, a governanta da herdade, o mais difícil foi a idade mais avançada da sua personagem. “Manter esta pessoa, que é mãe do Rodrigo, minimamente credível foi a maior dificuldade para mim”, afirmou. Por outro lado, o ator Rodrigo Tomás, que representa António, o filho de Rosa, destacou a necessidade de “tornar as coisas subtis”, como a própria época obriga, como o ponto mais complicado. “Temos a tendência de tentar dar mais, e o filme pedia uma coisa mais subtil e mais contida”, sublinhou.
Após a estreia nos cinemas em 2019, A Herdade marcou presença nos festivais de Veneza e Toronto. Depois de estrear na plataforma de streaming Filmin, está programada para estrear também na HBO Portugal, a 26 de maio. Agora, chega à RTP1 e convida o público a mergulhar profundamente nos segredos da família.
Artigo escrito por Diana Carvalho e originalmente publicado em Espalha Factos.