Extinguiram-se mais 31 espécies em 2020
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) anunciou a semana passada que se extinguiram 31 espécies por todo o mundo no ano de 2020. 27.7% das espécies avaliadas estão ameaçadas. Em contra-ponto, há boas notícias para o bisonte-europeu e outras 25 espécies.
A União Internacional para a Conservação da Natureza, anunciou no fim da semana passada que foi realizada a revisão da Lista Vermelha de espécies. Esta revisão traz boas notícias para o bisonte-europeu (Bison bonasus), que é o maior mamífero terrestre da Europa atualmente e que deixou de estar ameaçado de extinção, passando agora à categoria de Quase Ameaçada.
Tal deve-se aos “esforços de conservação continuados” refere o mesmo documento, já que neste momento existem mais de 6.200 animais desta espécie em liberdade (números de 2019), cinco vezes mais do que em 2003, altura em que se registavam 1.800 exemplares apenas. Neste momento aponta-se então para a existência de 47 manadas em liberdade.
Os números são positivos, mas o trabalho tem de continuar para que sejam sustentáveis, já que segundo a IUCN, “estão muito isolados uns dos outros e confinados a habitats florestais não ideais“, onde foram reintroduzidos, mas onde não encontram comida suficiente para a época mais fria, movendo-se para áreas agrícolas, onde se intensificam os conflitos com as comunidades locais.
Mas nem todas as notícias são boas… Para além do bisonte-europeu e de outras 25 espécies que tiveram melhorias de situação, foram anunciadas no último ano mais 31 extinções de espécies, nomeadamente 15 espécies de peixes do Lago Lanao, nas Filipinas. As causas apontadas são a introdução de espécies invasoras e predadoras, a sobrepesca e a utilização de métodos de pesca destrutivos. Outras das espécies que desapareceram foram três espécies de rãs da América Central, vítimas de um fungo mortal chamado quitridiomicose que tem afetado várias espécies diferentes de anfíbios.
Além disso, existem outras espécies que pioraram a sua situação, dando-se o exemplo dos golfinhos de água doce e dos carvalhos também, a nível da flora. Quanto aos golfinhos, todos deste grupo estão agora ameaçados de extinção, sendo urgente tomar medidas para inverter o rumo da situação, sugerindo a IUCN retirar “cortinas de redes de pesca que ficam penduradas na água”, “reduzir o número de barragens nos habitats” e “proibir a morte deliberada” destes animais. Quanto aos carvalhos, das 430 espécies registadas, quase um terço destas (113) está ameaçado de extinção, muito devido à limpeza de terras para utilização agrícola e madeireira, assim como devido a espécies invasoras, alterações climáticas e também doenças. 9 delas estão mesmo criticamente em perigo, última categoria antes de ser declarada a sua extinção.
Esta revisão avalia no total atualmente 128.918 espécies do mundo inteiro, sendo que 35.765 estão ameaçadas com diferentes graus de preocupação, ou seja 27.7% das mesmas. Neste processo já foi declarada a extinção de 902 espécies até agora.
Artigo de Fernando Gil Teixeira, jornalista fundanense que se apaixonou pelo mundo selvagem e se perdeu de amores pela conservação da natureza, sendo o responsável de comunicação da associação Rewilding Portugal. Aspirante a “eco-freak”.