Praça do Luxemburgo faz um ano e cria parceria com a Comunidade Cultura e Arte
Certamente já ouviu falar na Praça do Luxemburgo ou Place Lux, a famosa praça no bairro europeu de Bruxelas, na Bélgica. É o local das conversas informais, dos bares e cafés e dos momentos partilhados, que juntam centenas de pessoas e personalidades e que tornam esta praça num lugar único. É normalmente o ponto de encontro ao fim de um dia de trabalho, onde se discute, quase sempre, as temáticas europeias.
Foi com esta ideia em mente que, três amigos entusiastas do projeto europeu, se juntaram há exatamente um ano atrás para criar uma tertúlia digital gratuita sobre políticas europeias. De nome? Praça do Luxemburgo.
Milton Nunes, David Ferreira da Silva e David Gil Gonçalves, são os nomes por detrás desta ideia, que discute temas como educação, direitos humanos, economia europeia, ecologia e políticas ambientais, cultura, ideologias, entre outros. O projeto nasceu, pelas palavras de Milton Nunes, “na amizade e na paixão enorme pela Europa”.
É ainda no contexto de pandemia que começam os primeiros debates online, que contaram com a participação de algumas figuras conhecidas, como Ana Gomes e Rui Tavares. “Queríamos ter pessoas diferentes, a falar sobre sítios diferentes, criar uma abordagem informal e simplificar os principais temas”, diz David Gonçalves. Uma das grandes curiosidades dos debates desta Praça do Luxemburgo, é o não saber com quem se vai debater, tratando-se quase de um “blind date”, como refere David Gonçalves. As moderações das sessões estão, por norma, a cargo de Susana Frexes, correspondente da SIC e Expresso em Bruxelas e Daniela Ferreira Pinto, jornalista na RTP.
A aderência aos debates foi uma surpresa para todos, exceto para David Silva, que já confiava que o projeto seria um sucesso. “Começámos por convidar amigos, que acabavam a convidar outros amigos. Ao início, tivemos pouco mais do que 30, 40 pessoas inscritas, hoje já contamos com mais de 200 inscrições”, revela.
Quer seja um expert na área da política europeia ou apenas interessado nas temáticas, qualquer pessoa pode inscrever-se para participar neste projeto, que agora mantém uma parceria com a Comunidade Cultura e Arte.
O modelo é simples: basta preencher um pequeno formulário disponível na página de Facebook, com algumas informações pessoais, e ainda uma seleção de temas que gostaria de falar. É sempre feita uma seleção dos participantes, para garantir um máximo de 12 pessoas por sessão. A decisão, que inclui todos os links de acesso à respetiva tertúlia, é comunicada via email com todas as normas e procedimentos a seguir. Todos os debates são pop-up, não tendo quaisquer datas fixas, sendo apenas planeados quando possível.
Num debate acessível a qualquer pessoa, fica a promessa de que “todos podem ser estrelas”.
Conheça os fundadores da Praça
Milton Nunes
Tem 38 anos e vem de Odivelas. Trabalha atualmente como Conselheiro Económico no Parlamento Europeu e como Coordenador das Conferências 86. Diz ser uma pessoa apaixonada e acredita não ser o “amigo mais presente, mas que está lá quando é preciso”. Foi logo desde cedo que se começou a interessar por temáticas europeias, tendo participado no Clube Europeu, quando ainda andava na escola secundária. Fez alguns intercâmbios, onde também acabou por cultivar o “bichinho da Europa”.
“Os temas europeus sempre estiveram muito presentes na minha vida, até mesmo quando não estava consciente disso”, diz.
Estudou Relações Internacionais e revela que, a sua maior inspiração para a escolha deste curso, foi Aristides de Sousa Mendes. Se houvesse a oportunidade de mudar alguma coisa na União Europeia, seria certamente o “excesso de burocracia”.
E se pudesse viver em qualquer sítio do mundo? Milton não hesita em escolher Lisboa. Partilhava ainda um almoço com Olof Palme, Ex-Primeiro-ministro Sueco.
Um livro que recomenda é “The Course of Love” de Alain de Botton.
David Ferreira da Silva
Tem 36 anos e vem de Coimbra. Trabalha atualmente como assessor e consultor de Ciência Política e Relações Internacionais. Descreve-se como uma pessoa resiliente e empática. Estudou Relações Internacionais, mas o interesse pela União Europeia surgiu em 2008, na Semana Europeia da Juventude. Quando questionado sobre algum projeto que o tenha marcado mais, a resposta foi simples: Praça do Luxemburgo. “Mudou tudo na minha vida, foi o maior furacão de todos”, revela.
A pessoa que mais o inspira atualmente é Jacinda Ardern, Primeira-ministra da Nova Zelândia, e a pessoa onde encontrou inspiração ao longo dos anos foi o filósofo Kenneth Waltz. Se pudesse mudar alguma coisa na UE, seria “acabar com as violações aos princípios do Estado de direito”.
E, se tivesse a oportunidade de viver em qualquer sítio, onde é que escolhia viver? David Silva tem três opções distintas. Trabalhava em Bruxelas, estudava em Siena e morava em Washington DC.
Um filme que recomenda é “Big Fish” de Tim Burton.
David Gil Gonçalves
Tem 26 anos e vem de Corroios, Seixal. Trabalha atualmente como Assistente Parlamentar no Parlamento Europeu. Se pudesse mudar algum aspeto da sua personalidade, seria “ser menos tímido”, no entanto diz querer manter a capacidade de “só falar quando é preciso”.
O interesse pelas temáticas europeias não foi algo que tenha surgido desde cedo, pois sentia que tinha outros interesses, nomeadamente nas áreas da paleontologia ou psicologia. Acabou por se licenciar em Estudos Europeus e a fazer um mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais, o que o levou a um estágio no Parlamento Europeu em meados de 2018, onde conheceu e trabalhou ao lado de Milton Nunes.
Se pudesse mudar alguma coisa na União Europeia, seria certamente “acabar com a unanimidade na fiscalidade”. E se ficasse preso numa ilha deserta, quem gostaria que estivesse consigo? Se fosse do círculo de família e amigos, David não tem dúvidas que seria a namorada. Fora desse círculo, gostaria que fosse o escritor Michael Sandel a acompanhá-lo.
Um livro que recomenda é “What Money Can’t Buy: The Moral Limits of Markets” de Michael J. Sandel.
Pode acompanhar todas as novidades e debates da Praça do Luxemburgo através do Twitter, Facebook e Instagram. Algumas tertúlias estarão também disponíveis no canal do YouTube.
Artigo escrito por Daniela F. Costa