Whales e Fugly partem à conquista da Europa

por Joana de Sousa,    6 Março, 2018
Whales e Fugly partem à conquista da Europa

Está prestes a arrancar a primeira tour europeia das bandas portuguesas Whales e Fugly, resultado de uma parceria entre a Omnichord Records, a Pointlist Bullet Seed. Antes de partirem à conquista do velho continente, estivemos à conversa com os membros de ambos os projectos – antecipando esta série de concertos, e para abordarmos o percurso que trilharam até agora, a nível criativo.

Os Whales, de Leiria, exploram uma sonoridade mais electrónica, a chamar-nos às pistas de dança, sem descurar as melodias suaves em alguns dos takes. Nesta tour europeia, vão apresentar o seu álbum de estreia, homónimo, a ser lançado no próximo dia 16 de Março. Este trabalho esteve a ser preparado com os CASOTA Collective. “Podemos revelar que o disco possui claramente duas vertentes, resultantes da sonoridade que fomos procurando não só ao longo do processo de composição, como também na produção, juntamente com a Casota Collective, que teve um papel importantíssimo.”, revela a banda. “Essas duas vertentes dividem-se, basicamente, em músicas de formato canção de melodias cheias e sensuais, e em malhas eletrónicas energéticas, que nos obriguem a mexer.” 

Enquanto não sai o novo álbum, estão disponíveis online temas como “Ghost” e “How Long“. Quisemos saber o quão se aproximam ou não do novo material prestes a ser editado. “A música «How Long», pode-se de certa maneira dizer, foi a transição entre a sonoridade antiga de Whales com a presente neste disco. A «Ghost» foi o resultado dessa transição. Ambos os temas têm tido uma boa resposta. Há quem goste mais da «How Long», há quem goste mais da «Ghost», como é normal, mas sim, foram bem recebidos. São ambientes e vibrações diferentes”.

Whales / Fotografia de Hugo Domingues

Como se deu então o processo criativo deste novo álbum? “Basicamente aprendemos que não vale a pena forçar uma sonoridade”, partilham os Whales. “Quando o tentámos fazer, vimo-nos presos a algo que não parecia natural. A partir daí, quando compusemos e montámos a primeira estrutura da música, fomos acrescentando e dando corpo sem pensar em regras. De certa maneira foi natural, essa divisão de sonoridades”.

Antes de surgirem os Whales, os membros da banda estiveram num outro projecto musical com Débora Umbelino. Esse projecto viria a desintegrar-se, e daí surgiriam Surma e os Whales: “Na altura em que a Débora decidiu seguir o caminho dela, nós sentimos a necessidade de continuar a fazer música. Por outro lado, não fazia qualquer sentido continuarmos como Backwater & The Screaming Fantasy. Como tal, mudámos o nome e, naturalmente, também o processo de composição e sonoridade acabaram por mudar”.

A propósito da sua primeira tour europeia, partilham que ainda não sabem bem o que esperar. “A ideia que temos vem muito por experiência de amigos que já passaram por isso. Agora é a nossa vez, temos toda a confiança que vá correr bem, e que será uma aventura única e enriquecedora, com a Europa e as suas cidades como pano de fundo. As expectativas estão altas, e vamos fazer de tudo para sermos surpreendidos pela positiva. É sempre interessante juntar dois estilos diferentes, em que a base é a mesma – o rock. Nós levamos o rock para um ambiente electrónico, e os Fugly levam-no para as garagens do punk. Prometemos dar tudo de nós em palco. E, para quem gosta de música, valerá sempre a pena; portanto é ir!“:

Fugly / Fotografia de André Coelho

Do Porto arrancam os Fugly, um trio que conjuga o garage rock, o noise e o punk, e que recentemente editou o seu primeiro álbum de originais – Millennial Shit. Lançado em Janeiro, tem andado pela estrada com uma recepção bastante positiva. “Até agora tivemos boas reviews dos nossos concertos de apresentação. No Porto até havia pessoal a cantar as músicas connosco, o que foi um bocado surpreeendente, sendo que o álbum tinha saído apenas uma semana antes“, salientou a banda. “Estivemos a viver num estúdio durante um total de duas semanas. A dormir e a comer lá. Na primeira semana fizemos a pré produção do álbum, juntando apenas as ideias que o Jimmy tinha, e dando estrutura às mesmas. Na segunda semana gravámos a sério, em live take, já com a estrutura e o conceito definidos“.

O novo álbum parece trazer em si um amadurecimento e coesão na sonoridade da banda, e uma identidade mais própria. Mas of Fugly não estão de acordo quanto a parte desta adjectivação. “Amadurecimento? Nem por isso. Acho que somos ainda mais palhaços do que anteriormente.”, desabafam. “Quanto a coesão, aí sim, sentimos que não temos de nos preocupar com nada, estamos todos bem. Confiamos e temos noção das capacidades uns dos outros, e o barco está bem seguro. Principalmente a secção rítmica. Quanto à identidade, é sempre um objectivo comum a todas as bandas, ter algo que as diferencia dos outros. Mas não é fácil. Nos dias de hoje é difícil ser original, e por isso vão haver sempre influências de outros projectos anteriores ao nosso. Mas se conseguirmos ser parte de uma geração que mudou alguma coisa no mundo musical, tudo bem!”

Depois de darem a conhecer este Millennial Shit por Portugal, embarcam agora neste desafio europeu. “As expectativas são muito altas. Há muito tempo que ambicionamos isto, sentimos que temos potencial para levar a nossa música pelo mundo fora, e estamos numa boa altura para o fazer. Existem muitas bandas portuguesas a ganhar terreno no resto da Europa nos últimos tempos, e há que aproveitar para tentar também furar o mercado. Não é nada que não se tenha feito antes, é só um bocado estranho, se calhar, para o público que não conhece a banda e vai ver por curiosidade. Acho que vamos fazer muita festa, vai haver muito espírito de equipa e de sacrifício, e vamos tentar dar o nosso melhor como colectivo. O objectivo é mostrar boas valências nos diversos ramos da música, e provar que somos um país pequeno mas com muito talento“.

A Euro Sprint Tour arranca já no próximo dia 13 de Março, em Madrid, sendo que as duas bandas terminam esta tour conjunta no festival MIL, em Lisboa, num regresso a casa que esperemos que encerre em si muito sucesso.

 

Datas completas da Euro Sprint Tour 2018:

13/3 – Wurlitzer Ballroom | Madrid (Es)

14/3 – Bar cap Kraken | Aquitaine (Fr)

15/3 – Le Circus | Capbreton (Fr)

16/3 – Axis Musique | Toulouse (Fr)

17/3 – Espace El Doggo | Limoges (Fr)

18/3 – secret show | Paris (Fr)

20/3 – Stroomhuis Neerijnen | Eindhoven (Nl)

21/3 – Cfou | Antuérpia (Be)

23/3 – aaltra |Chemnitz (De)

24/3 – Schraub-Bar | Hannover (De)

25/3 – Marie-Antoinette | Berlim (De)

27/3 – Klub pod Minogą | Poznan (Pl)

28/3 – Klub Studencki Żaczek | Cracóvia (Pl)

29/3 – TBA (It)

30/3 – GOB – Ganz of Bicchio – Circolo ARCII | Viareggio (It)

31/3 – Fanfulla 5/a – Circolo Arcii | Roma (It)

1/4 – Allez Viens | Perpignan (Fr)

3/4 – Sinestesia Bar Musicall | Barcelona (Es)

4/4 – La Salvaje | Oviedo (Es)

5/4 – Ho Gruf | Lugo (Es)

6/4 – MIL – Lisbon International Music Network| Lisbon (Pt)

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